25 de dezembro
A neve caia devagar fazendo as ruas e árvores ficarem com um tom branco leitoso, as pequenas luzes coloridas davam um toque de vida ao lugar.
— Confesse, é lindo! – Um senhor de barba avantajada, casaco vermelho e botas pretas dava um tapa nas costas do outro enquanto sorria satisfeito.
— Sim, é lindo, mas não será a beleza que terá força no conselho e você sabe disto. – Outro senhor, de tez séria usando um casaco verde, calças amarelas e botas vermelhas olhava o outro com olhos duros.
— Você é tão realista que às vezes me pergunto se faz parte da mesma raça que eu. – Respira desanimado o velhote de barba.
— Hahaha! Isto é realmente esplêndido, se tem alguém que eu duvide que faça parte da raça é você. Nunca vi um galvaniano tão fantasioso. – Ele gargalha divertido enquanto esfrega as mãos uma na outra.
O velhote nada responde, suspira e olha para as casas da rua e respira fundo, separa dos outros cheiros o aroma que procura e chama o outro sorridente.
— Venha, sinta bem este aroma.
O outro repete o mesmo ato e seus olhos brilham de satisfação ele os fecha e deixa o aroma inundar seu corpo. A sensação é maravilhosa e o calor faz com que sua mente viaje longe, veja coisas das quais nunca fez parte. Visualiza uma enorme mesa com várias pessoas em volta. Gargalhadas e vozes infantis enchem o lugar, as luzes da árvore no canto da sala encantam seus olhos e ele sem perceber abraça o nada. Seu amigo o observa e volta a se sentar aguardando. O delicioso aroma do compartilhamento, da amizade e do respeito. É um cheiro suave e envolvente. Sente pequenas mãos lhe tocar por todo corpo, respira fundo de novo e uma nova sensação preenche seu ser, raios de luz lhe inundam e ele se torna um ponto luminoso em meio ao branco reinante.
— Não lhe disse? É possível coisas assim em Galvan? – O velhote de barba branca pergunta sorrindo enquanto o outro se materializa novamente na forma humana.
— Não, sinceramente não. Precisamos trabalhar muito para alcançar está magnitude em tão poucos minutos. – O outro responde enquanto senta novamente no banco.
— Anotou tudo? Descreveu todas as sensações? Teve a bondade de dar ênfase ao mais importante? – O velhote perguntava ansioso.
— Fiz o que eu julgo ser o correto, mas sabe bem você que não está em minhas mãos à decisão.
— Sei disto Bastian, mas sei também que o seu peso é grande na decisão deles. Suas visões e sensações nunca são questionadas.
— Bertrand não fique tão ansioso, o universo é imenso e temos outros lugares para “plantar” nossa criação.
— Você sabe que são sensíveis e que não se adaptam em qualquer lugar. – O velhote responde com a cara amarrada.
— Nada que mais alguns anos de pesquisa não ajudem e têm mais, eles destroem tudo que tocam e na maioria das vezes não respeitam nem ao seu igual.
— Não vamos começar com esta discussão sem fundamento, eles têm seus defeitos, mas nos dão o que queremos com muita facilidade. – O velhote alisa sua longa barba e cruza as pernas.
— Veremos Bertrand, veremos. E agora, se não se importa, quero voltar para Galvan. Ficar aqui por muito tempo pode ser nocivo para o meu equilíbrio.
— Sim, vamos agora antes que transformemos a noite de Natal em um pesadelo.
Ambos tornam-se luz e se projetam para o alto, da janela da casa uma criança sorri e segue o ponto até o mesmo sumir na imensidão negra. Viajando na velocidade da luz os dois pontos se preparam para a reunião do conselho supremo. O conselho decidirá o rumo da plantação Terra e de sua cultura. Galvanianos são seres de equilíbrio duvidoso, alimentam-se de sensações e são gênios da criação. Entediam-se com facilidade e estão sempre criando novas espécies. A raça humana é a “menina dos olhos” destes ágeis criadores, porém as coisas andam fugindo do controle e resta a eles decidirem se eliminam ou não está criação. São seres supremos que se aprenseta para os humanos em varias formas, como Deuses, Deusas e guardiões de elementais. Alguns insistem em se manter mais tempo do que o devido na Terra e isto, na maioria das vezes, causa desequilíbrios sérios, como as guerras. A Terra viverá 2012? Não sabemos a resposta, estamos nas mãos dos galvanianos.
FIM.