Pânico na Cidade das Nuvens

Meu nome é Jetro, e sou um cavaleiro jedi. Parti a alguns dias do templo Jedi em Coruscant em companhia de minha padawan para resolver o estranho caso de um jedi assassinado em Bespin. Nossa nave pousa em segurança na cidade das nuvens e um dróide vem nos recepcionar.

- Sejam bem-vindos, eu sou Lobot, assistente do administrador da cidade das nuvens, e fico feliz em recepcioná-los.

A jovem padawan Arana cumprimenta o dróide, eu apenas faço um aceno de cabeça e cubro meu rosto com o capuz do manto, seguindo nosso anfitrião, que nos leva até o escritório central da administração da cidade das nuvens. Como me informei antes da missão, a cidade das nuvens é uma complexa cidadela que se mantém flutuando no céu do planeta Bespin com a incrível engenharia dos conversores de gás tibana. A principal função da cidade das nuvens é inspecionar e dirigir a extração desse gás na superfície do planeta. A cidade das nuvens também é ponto de encontro de muitos contrabandistas e contraventores neste sistema estelar.

No escritório geral de administração da cidade, um humanóide gordo e com quatro braços, mas baixinho, estende uma de suas mãos, ao que cumprimento apenas com um aceno de cabeça deixando-o visivelmente acanhado. Com seu ar arrogante, Takuna Ruka nos coloca a par dos últimos eventos relativos ao assassinato do jedi.

- Deve saber que não sabemos como ele apareceu morto, apenas o encontramos sem vida em seu quarto de hotel. Quem o encontrou foi um dróide camareiro.

- E sabe a causa da morte. – pergunta Arana.

- Não quisemos mexer no corpo. Sabe como é... vocês jedis são cheios de sigilo, e achei melhor informar primeiro ao conselho jedi e esperar que vocês mesmos resolvam o assunto. Temos um ótimo médico à disposição para examinar o corpo, caso vocês julguem necessário.

- Sim, obrigado pela atenção senhor Takuna. Agora mesmo examinaremos o corpo com o auxilio de seu médico e depois iniciaremos as investigações. A propósito, esse jedi, relatou ao senhor o propósito de sua estadia em Bespin? – pergunto, já antevendo a resposta.

- Não, só soubemos que ele era um jedi quando encontramos um sabre de luz em sua cintura.

- Obrigado por tudo, os jedis agradecem sua cooperação e, por favor, mantenha o assunto dentro de nosso circulo de investigação.

- Sim, claro. Agora por favor, deixem que meu assistente lhes mostre suas acomodações e os leve até o corpo, vou chamar o médico para encontrá-los já.

Em meus aposentos, baixo o capuz de meu manto revelando minha vasta cabeleira prateada, reviso o meu nariz e passo um pouco de água no rosto. Em seguida, seguido por Arana e o médico Tarkin Opesucme dirijo-me até a ala hospitalar da cidadela, onde, dentro de uma gaveta, encontramos o jedi falecido. Tarkin faz um exame completo da estrutura corpórea da vitima com a ajuda de seus dróides, e descobre que o jedi morreu envenenado, pois ainda restam fragmentos da substância farmacológica de origem vegetal em um de seus três estômagos.

- Essa substância é o principio ativo de uma planta encontrada somente no planeta Hégus, distante 500 anos luz daqui. – confirma o médico. - E é extremamente mortal para qualquer tipo de vida humanóide.

- Pode precisar como ele ingeriu esta substância? – pergunto.

- Provavelmente misturada com sua bebida. A substância é incolor.

Dou uma boa olhada de perto na pele azulada e nas antenas do jedi, e em seguida peço para o doutor guardar novamente o corpo.

- Estranho, Jetro. – espanta-se minha padawan. – Como ele não pressentiu o perigo antes de ingerir o veneno? Quer dizer, como jedi ele deveria pressentir o perigo.

Olhando para os profundos olhos azuis inquisidores de Arana eu simplesmente dou de ombros. Em seguida pego meu transmissor tridimensional portátil e abro um canal com o conselho Jedi. A pequenina figura de Mestre Yoda aparece na minha frente.

- Mestre Yoda. – começo eu – Parece que se trata de Rufor Lenvri, um cavaleiro jedi, e estranho o fato dele se encontrar sozinho.

- Sim, uma missão ele cumpria disfarçado. E completá-la é sua missão. Mas, importante é descobrir quem isto fez. Levar ao assassino sua nova missão fará. Continue.

- Certo mestre, mas qual era a missão de Rufor?

- Siths em atividade nesse setor da galáxia suspeitamos. Agora vá.

- Certo mestre Yoda, Jetro desligando.

Desligo o transmissor e em companhia de Arana parto para o bar onde Rufor foi visto pela última vez. A jovem Arana, com seu cabelo cor de trigo maduro, segue adiante e logo se dirige ao barman, um batraquiano com cara de bagre, que não lhe dá atenção.

- Saudações meu bom amigo, gostaria de saber se algum jedi esteve por aqui nos últimos dias. – Arana tenta iniciar a conversa.

- Talvez. – responde o barman enxugando um copo, sem demonstrar interesse.

Usando de meu poder jedi de persuasão, eu começo uma conversa com ele.

- Como minha amiga dizia... O que você sabe sobre um jedi neste bar?

O batraquiano, com seus olhos de bagre arregalados, larga o que estava fazendo e, me olhando de perto, responde:

- Um jedi, talvez. Esteve um sujeito por aqui que fazia muitas perguntas, especialmente sobre visitantes novos nesta cidadela. Mas eu não soube responder. Talvez o coreliano sentado ali adiante lhe responda melhor, eles conversaram por muito tempo.

Olho para trás e, através da multidão do bar, avisto o coreliano sentado bebendo uma estranha bebida de cor rosada.

- E o que você sabe sobre bebidas envenenadas? – pergunto novamente ao barman.

- Não sei nada a este respeito, o seu amigo deve ter feito inimigos por aqui. Qualquer um poderia colocar veneno em sua bebida.

- Não mencionei que haviam colocado veneno na bebida de Rufor. – estranho eu, e, me olhando com seus olhos saltados, o barman continua:

- Por aqui até as paredes têm ouvido, é melhor você tomar cuidado para não acabar como seu amigo.

Percebo que o batraquiano sente medo de alguma coisa ou de alguém, e decido conversar com o corealiano numa mesa do canto.

- Como vai amigo? Eu estou numa investigação e gostaria de saber se você sabe alguma coisa a respeito de um jedi.

A caixa de metal e plástico na cintura do corealiano, na verdade um tradutor universal, começa a zumbir e fazer barulho de estática, enquanto o imenso humanóide com chifres e três olhos, fala em sua estranha língua, soltando grunhidos.

- Eu não sei nada de jedis por aqui, mas lembro de um sujeito fazendo perguntas antes de você.

Ao falar, é emitida uma voz metálica do tradutor.

- E o que ele lhe perguntou?

- Isso não é da sua conta.

Então eu uso novamente de meu poder de persuasão e retomo a pergunta, ao que o coreliano, com seu imenso olho no alto da testa piscando, responde:

- Ele queria saber da procedência da carga de uma nave coreliana, aparentemente carregada com gás tibana, e, junto com mais duas pessoas, jogamos cartas. Eu não sabia que ele era um jedi, provavelmente estava usando de seus poderes para ganhar a partida e enquanto isso fazia perguntas disfarçadamente. Ele me limpou. Acredite, eu odeio jedis.

- E sobre a nave coreliana. Qual era a rota?

- Sistema binário de Tarpan, distante quase 500 anos luz daqui. Pelo menos, pelo que eu sei, esta rota de ida e vinda para Tarpan, transporte de gás tibana e talvez mais alguma coisa é a atividade principal do capitão Jackal.

- Quem é esse capitão Jackal?

- Um humano contrabandista, cuja tripulação é constituída de dróides, que não se importa com o que transporta, só se importa com o lucro. Ele também estava jogando cartas conosco.

- E quem é o outro homem que estava neste jogo de cartas?

- Marvan, piloto de outra nave de transporte. Não tem muito que eu possa dizer sobre ele, a não ser que joga mal. E é um exímio piloto, se me permite a observação.

Arana, atenta à conversa, me chama a atenção para o fato de que há rumores das autoridades por transporte ilegal de substâncias de mundos exóticos.

Decidimos fazer uma visita à Marvan, e enquanto caminhamos em direção ao porto espacial da cidade onde o coreliano disse que poderíamos encontrá-lo efetuando reparos em sua nave, um vulto aparece a nossa frente com o rosto coberto e dispara com sua pistola de raios laser. Felizmente Arana e eu, com nossos sabres, conseguimos desviar os disparos. Em seguida, antes que pudéssemos alcançar o atacante, ele se joga da borda do parapeito em direção ao céu cheio de nuvens, para logo depois ativar retrofoguetes em sua mochila e desaparecer em meio à imensidão de nuvens. Sem podermos fazer nada mais a respeito do atacante, nos dirigimos até o porto celestial onde encontramos um homem morto, que precisamente descobrimos tratar-se de Marvan, atingido por um disparo.

- Parece que estamos chegando perto de alguma coisa. – comento com Arana.

- Talvez os próximos alvos sejam o capitão Jackal ou o coreliano do bar.

Corremos de volta ao bar apenas para encontrar o coreliano estirado sobre a mesa, mas não conseguimos detectar o paradeiro do capitão Jackal. Um exame mais meticuloso mostra um dardo envenenado no pescoço da vitima.

- Poderia ter sido qualquer um a atirar este dardo, já que o bar está cheio. – emenda Arana. – Nosso principal suspeito agora é o capitão Jackal. – e olhando de soslaio para o barman, completa. – Ou mais alguém.

Solicito para o administrador que faça uma busca pela cidade em busca de Jackal, que se mostra inútil. Enquanto isso, em meus aposentos, ouço o palavrório de Arana que já tem o caso por resolvido, esperando apenas encontrar Jackal que, em sua opinião, fugiu disfarçado para outro planeta.

- Esta teoria não se sustenta, - acrescento - pois quem quer que tenha matado as vitimas, fez isso muito recentemente e não poderia ter deixado o planeta ainda. – Completo enquanto me distraio com uma planilha eletrônica, fato que chama a atenção de Arana.

- O que é isto? O que você está procurando? – me pergunta ela fazendo expressão de perplexa.

- Não é nada não, só uma teoria minha sobre o caso. Acho que deixamos escapar alguma coisa.

- Como o quê?

- Ainda não sei, mas tive uma idéia. Concentre-se na presença do lado obscuro da força. Tente descobrir se há algum sith por perto.

Depois de algum tempo, a padawan dá de ombros sem conseguir detectar a presença de qualquer inimigo da força. Eu faço a mesma coisa, e, embora não sinta a presença do mal por perto, tenho um certo palpite que leva meus pensamentos até o porto espacial. Poderia não ser nada, num lugar com tantos contraventores juntos, poderia ser qualquer coisa irrelevante. Então, com minha jovem padawan, nos dirigimos novamente para o porto.

- Jetro, o que estamos procurando? Eu não sinto nada. Por acaso está tentando encontrar Jackal?

- Talvez, minha cara padawan. Não sei ao certo o que procuro, mas saberei se achar.

E abrindo o compartimento de nave de carga, dou de cara com uma figura encapuzada, que saca de um sabre de luz e me ataca. Desviando, também aciono meu sabre de luz e respondo ao ataque, enquanto Arana, aturdida, também saca de seu sabre e fica a espreita com seus olhos azuis arregalados.

O atacante parece ter prática no uso do sabre e continua me atacando enquanto Arana, tomando posição de ataque, também entra na luta. Com um salto acrobático eu saio do campo de alcance do intruso e deixo Arana lutar bravamente com ele. Os sabres se cruzam, sem que ninguém leve vantagem, então o atacante, com um gesto, derruba Arana, e se prepara para acertá-la. É então que eu entro novamente na luta e com um golpe certeiro cravo meu sabre de luz no tórax do inimigo.

Com o atacante mascarado caído ao chão e mortalmente ferido, eu ajudo Arana a se recompor e, juntos, ficamos diante do atacante. Arana retira a máscara que cobre seu rosto e, para nossa surpresa, damos de cara com Marvan.

- O quê? Como é possível Jetro? Nós o vimos morto.

- Não minha cara padawan. O que vimos foi um corpo, “aparentemente” sem vida, com marcas de disparo. Ele provavelmente baixou seus batimentos cardíacos e pulsação, até parecer morto.

- Mas então quem era o outro mascarado que pulou da cidade das nuvens após nos atacar?

- Provavelmente um dróide programado para nos atacar e fingir ser um assassino, do mesmo modo que outro dróide pode ter atingido o coreliano com um dardo no bar.

- E quanto a Jackal? Onde ele está?

- Morto certamente. Marvan sabia que procurávamos por um suspeito pela morte do jedi Rufor, e então matou Jackal que não tinha boa reputação e escondeu o corpo para pensarmos que ele havia fugido de Bespin logo após assassinar Marvan e o coreliano.

E olhando atentamente para o moribundo a seus pés que dá um ultimo suspiro, Arana pergunta:

- Quem é esse Marvan afinal de contas, e como você conseguiu localizá-lo. Ele é um sith?

- Bem, eu procurei nos registros dos jedis por um ex jedi que tivesse sido expulso do templo e tivesse conhecimento de como impedir que outros jedis o identificassem, e encontrei um ex jedi que foi expulso antes de fazer os exames para cavaleiro. O nome dele é Tronar, e foi dado por desaparecido há dez anos. Provavelmente ele começou seu próprio negócio de contrabando, até ser aliciado pelos siths e começar a trabalhar para eles por uma comissão e pela vantagem de ser treinado no lado obscuro da força.

- E como conseguiu pressenti-lo, se nem Rufor o percebeu?

- Mais do que usar meus poderes de jedi eu tive a suspeita de que Marvan, se ainda estivesse na cidade das nuvens, estaria escondido num lugar seguro. Após sair sorrateiramente da gaveta da ala hospitalar, para onde certamente levaram seu corpo, escondeu-se onde ninguém suspeitaria de sua presença, ou seja, sua própria nave. Quem revistaria a nave de um cadáver? Tivemos sorte, ele estava se preparando para fugir.

Depois de algum tempo, informo o conselho jedi sobre todo o ocorrido, comunicando-me com mestre Yoda através de meu transmissor tridimensional portátil.

- Ao que parece mestre Yoda, os siths estão interessados em contrabando de substâncias ilegais.

- Por muito tempo, nas sombras eles agem. Mas precisando de recursos eles estão. Quando fortes se sentirem, e bem posicionados com seus agentes, atacar finalmente eles irão. Esperar é o que podemos fazer por enquanto. Bom trabalho, cavaleiro jedi.

Depois de desligar o transmissor eu contemplo o pôr-do-sol na cidade das nuvens pintando o céu de vermelho. Arana também desfruta deste espetáculo, com os raios de sol atingindo e banhando seu belo rosto e, me olhando, ela sorri. Nunca havia notado o quanto ela é linda. Acho que já estou usando este manto jedi há muito tempo.

FIM

Paulo Salgueiro
Enviado por Paulo Salgueiro em 29/10/2011
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