Projeto UFO
Dia 12 de Abril de 1979 - Tuscumbia – Missouri - EUA.
Rachel e Leo estão no carro se divertindo depois de uma noite juntos, trocando carícias e beijos, quando Rachel resolve que ainda não está na hora de passar os limites da intimidade.
- Leo, por favor, ainda não estou preparada. – fala Rachel desviando o rosto dos beijos de Leo Biderman.
- Ora, o que foi agora? Não havíamos combinado que seria esta noite?
- Eu sei, mas acho melhor deixar para outro dia, não estou me sentindo bem, estou com dor de cabeça.
Leo solta um grande suspiro e olha nos olhos verdes de Rachel pela última vez.
- Tudo bem. – completa Leo olhando para a grande colina verdejante através do pára-brisa, para todo o campo deserto àquela hora da noite, e liga do rádio de seu chevrolet impala, para esfriar a cabeça escutando os BGs. Repentinamente, o rádio emudece e começa a tocar apenas estática.
- Droga de estação. – retruca Leo, imediatamente trocando de estação, apenas para verificar que seu rádio não consegue sintonizar nenhuma estação.
- Leo, estou com um mau pressentimento, vamos embora daqui. – fala Rachel assustada.
- Não se preocupe, é apenas alguma interferência local, alguém deve estar com o rádio amador ligado a esta hora. Você vai ver, daqui a pouco estaremos recebendo mensagens de alguém solitário no sótão de casa.
Repentinamente, o rádio se desliga, e um ruído baixo invade o ambiente, crescendo a cada instante e aumentado de intensidade, deixando Rachel ainda mais assustada.
- O que é isso, Leo?
- Eu não sei, talvez seja... – ele não completa a frase, pois no céu acima de seu carro, eles vislumbram pelas janelas um objeto gigante pairando por cima deles, prateado, com forma cilíndrica e com luzes vermelhas piscando intermitentemente.
- Meu deus! Vamos sair daqui, Leo. Rápido.
O Garoto de dezessete anos tenta dar a partida no carro, mas o motor parece recusar-se a pegar, deixando Rachel ainda mais amedrontada. Em seguida uma luz verde cobre o carro e Rachel Rosen e Leo Biderman desmaiam.
***
Base aérea de Wright Patterson – 15 de Abril de 1979
O Capitão Ryan supervisiona o protótipo de um avião experimental, o GX-1, no campo de pouso depois de uma volta de reconhecimento. Quando sai da cabine do caça da USAF, é recepcionado pelo sargento Harry Fitz.
- Alguma novidade Fitz? – pergunta o capitão Ben Ryan segurando seu capacete na mão e abrindo o zíper de seu traje.
- Um avistamento de OVNI na cidade de Tuscumbia, no Missouri. Ao que parece, um caso clássico de avistamento, mas as vitimas, dois adolescentes, deixe ver... Leo Biderman e a namorada Rachel Rosen, alegam terem dormido depois do avistamento.
- Missouri, hein. Se pegarmos uma carona num DC3, poderemos estar lá ha tempo para o almoço.
- Sim senhor, capitão, esse parece ser mais um caso para o Livro Azul. O general Curtiss já autorizou nossa carona.
***
Na fazenda dos Bidermans, Franklin Biderman recolhe o feno no grande celeiro com seu tridente, quando surgem à sua porta dois homens com fardas azuis da aeronáutica.
- Boa tarde, senhor Biderman. Eu sou o capitão Ryan e este é o sargento Fitz. Somos da base aérea de Wright Patterson e estamos investigando uma estranha ocorrência de avistamento relatada pelo seu filho, Leo Biderman ao jornal local.
- Ah, isso... Venham comigo. – e Franklin, com seus quarenta anos, acompanha os nossos amigos até a casa da fazenda, onde se encontram com Leo biderman na varanda, que lhes relata tudo o que aconteceu na noite de 12 de abril.
- E isso foi tudo senhores.
- E você não se lembra de mais nada depois disso? Quero dizer, quanto tempo passou desacordado com sua namorada e quando voltou para casa?
- Interessante ter tocado nesse assunto capitão. Logo depois de acordar, percebi que já estava amanhecendo... Rachel e eu viemos embora no meu carro, depois de verificarmos que estávamos bem, e daí...
De repente, enquanto Leo fala, o capitão Ryan e o sargento Fitz percebem um filete de sangue escorrendo do nariz do rapaz, e chamam a atenção dele.
- Oh, isto está acontecendo com certa frequência desde aquela noite. Não sei do que se trata.
- Rachel também está com este problema? – pergunta o sargento.
- Bem, pode parecer estranho, mas não nos vimos mais desde que voltamos para casa, nem falamos sobre o ocorrido, exceto com Kyle, o repórter do jornal local.
O capitão Ryan e o sargento Fitz trocam um olhar e concordam que devem procurar Rachel para saber mais detalhes.
- Fitz, – fala o capitão logo após se retirarem da fazenda. – eu vou falar com a garota. Enquanto isso você investiga o local à procura de estranhas marcas no solo e todo o restante do protocolo de investigação.
***
Depois de interrogar Rachel Rosen e obter as mesmas informações que obteve com Leo Biderman, o oficial da força aérea encontra-se com o sargento.
- E então, o que conseguiu da pesquisa “in loco”, Fitz?
- Bem, capitão, vai ficar espantado, mas com o contador geiger descobri um veio de urânio perto do local do avistamento.
- Isto explica o sangramento do nariz de Leo. Ainda resta sabermos sobre o objeto voador de formato cilíndrico.
- Outra coisa importante senhor, perto do local do avistamento tem uma linha de trem, o que poderia explicar o ruído intermitente ouvido pelos garotos, e até a interferência no rádio do carro. Quanto ao objeto, bem, não seria demais supor que tenha sido uma alucinação coletiva.
- Melhor coletar dados sobre o tempo naquela noite na estação metereológica mais próxima.
***
Reunidos com o casal de namorados, os dois homens a serviço da força aérea americana explicam suas conclusões, acompanhados do repórter do jornal local.
- Dados obtidos com a estação metereológica indicam que choveu antes daquela noite do avistamento. – fala o capitão Ryan.
- Sim, e daí? – pergunta o jovem Biderman.
- Acontece que, com a chuva, criou-se uma grande extensão de poças d´agua ao longo da estrada de ferro, que refletiu no ar úmido da noite a imagem do trem quando ele estava passando. Daí o objeto voador e suas luzes piscantes. E ainda naquela noite, um balão metereológico do centro de pesquisas atmosféricas da região, de cor prateada passou pelo local.
- Espere um instante capitão, eu sei muito bem o que vi, e não parecia nenhum balão metereológico ou alucinação. – interrompe Leo.
- Com as tonturas e dores de cabeça causados pela exposição limitada ao urânio do solo, vocês tiveram a estranha visão, ou melhor, vivenciaram uma experiência de miragem coletiva. È normal pensarem ter visto outra coisa.
- Obrigado por esclarecerem toda a situação – exclama Kyle, o repórter do jornal matutino. E Leo e Rachel, sem opções de argumentação, também concordam.
- Bem... Tudo está bem, quando acaba bem – fala o capitão batendo com a palma da mão sobre o ombro do sargento. – Bom trabalho Fitz.
***
Algumas semanas depois da visita dos dois homens da força aérea, Rachel Rosen, sentindo enjôos, “certamente pela exposição à radiação”, pensa ela, levanta sua blusa na frente do espelho, e começa a apalpar sua barriga, sentindo pulsar dentro de si, a semente de uma nova vida.
Fim
Este conto se passa dentro do universo do seriado Projeto UFO, exibido nos anos de 1978 e 1979 nos EUA, e no inicio dos anos oitenta no Brasil. Esse seriado foi criado por Jack Webb, o mesmo criador da série Dragnet, após examinar documentos da força aérea americana liberados para o público. Os atores Edward Winter e Caskey Swain interpretaram respectivamente, o capitão Ben Ryan e o sargento Harry Fitz.
UFO – é a sigla em inglês para OVNI, Objeto Voador Não Identificado.
O projeto Livro Azul – foi um projeto de pesquisa de avistamentos de OVNIS no território dos Estados Unidos entre os anos sessenta e setenta, levado a cabo pela força aérea americana. De todos os relatos de avistamentos investigados, a maioria se mostrou ser falsa, mas cerca de quinze por cento dos casos foram classificados como, “inexplicáveis”.
BGs – Ou Bee Gees, banda formada pelos irmãos Gibb, que fez grande sucesso nas rádios nos anos setenta, com vários sucessos, inclusive, na trilha sonora do filme com John Travolta, Embalos de Sábado a Noite.