Tomas terá de morrer.

Mateus 16:25 Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.

-----------------------------------------------------------------------------------------

-Você terá de morrer Tomas.

As palavras de sua antiga amiga não deixavam a sua mente.

Hora parecia uma fumaça a nublar seus outros pensamentos, hora parecia gotejar ritmicamente a infiltrar sua alma. Morrer, era tudo o que ele não queria.

Não que fosse jovem, já não o era a bastante tempo.

Todos já haviam ido antes dele.

É bem verdade que poderia ainda haver alguém, em alguma parte, mas era bem provavel que não.

Ele também continuava a ser o mais novo, pelo que sabia. Sentia-se como se tudo já tivesse passado, como se o mundo é que fosse velho e não ele.

O universo parecia-lhe a areia que acabava de escorrer pela ampunheta da eternidade. Ele mesmo não escorria junto dessa areia, não era árido por assim dizer. Era a própria areia.

A mensagem gravada no antigo aparelho que guardara mais por recordação do que qualquer outra coisa, recebera a mensagem. "Você vai ter de morrer Tomas". Simples assim.

Depois de que muitas coisas são ditas, não restam segredos nem se precisa de mais explicações.

Uma frase dita assim, traz antigas conversas, ensinamentos, tentativas de ensinamentos e desculpas envoltas em forma de espirais consigo.

Por isso é como a fumaça. E como água fria penetrando na pedra dura e porosa como o granito bruto.

Perdeu algum tempo remoendo como é que viera chegar naquela situação tanto tempo depois.

Os outros encararam seus caminhos, fosse aceitando, fosse lutando eles chegaram cada um a seu destino. Só ele restara.

Bah...como ele poderia saber de todos eles? Não estivera lá com cada um deles!

Algumas centenas não são todos eles! Estes sim, ele fora lá conferir.

Sobrevivendo em civilizações rústicas ou batalhando para expandir no vácuo do espaço profundo, qual a diferença? Aqueles sim estiveram vivos, estes sim ele se arrependera de não acompanhar.

Mas na época ele queria o sossego. Ele mesmo era um dos mais inteligentes e de filosofia superior.

Mas sozinho o que conseguira? Passar o tempo em “paz”, ou remoendo algumas vezes, mas passara tanto tempo, e mais um tempo e outro mais, até que tornaram-se eternidades.

Vieram atraz dele, ah, sim vieram, amigos e ex-inimigos, se é que ele chegara a se envolver tanto assim com alguém para achama-los desta forma.

E ela também veio; a voz da mensagem gravada no antigo computador empoeirado...

mas na ocasião ele não estava interessado. Era fácil ser apenas ele, não precisava deles. Sozinho ele podia ser “O todo”. E ele foi “o todo” até se tornar "nada".

Ter de morrer. Como? Ele tinha pelo o menos umas quinhentas maneiras de fazer isso sem problemas, ah se tinha! Mas tinha mesmo de ser assim?

A pouco tempo ele vira criaturas de um planeta jovem, lutando com todas as suas forças para sobreviver. Não que ele se identificasse com alguém que fosse jovem de qualquer forma, nem lhe importava que aquele mundo estivesse extinto em alguns míseros bilhoes de anos ou por mais fossem prósperas aquelas criaturas, já não lhe interessava. Era apenas mais uma “eternidade” além da sua, de que nada iria lhe acrescentar senão lembranças, tédio ou no máximo divertidos estados de djávu. Mas nenhuma "mudança" haveria.

Pensando assim, a morte não lhe parecia tão ruim.

Talvez ele tivesse elevado o estado de vagabundagem ao extremo. Ficaria longos periodos pensando em alguma coisa qualquer ou simplesmente pensando em nada. Mas agora havia algo o incomodando. Havia sim algo novo...

Você vai ter de morrer Tomas.

Ele já soubera antes. Poderia te-lo feito antes.

Vivera e revivera muito mais do que o necessário. Aprendera tudo o que não precisava depois de ter aprendido o que precisava.

Só agora algumas coisas pareciam ter o sentido que não tivera quando ele as “aprendera”.

-Quam ainda não morreu não viveu tudo ainda Tomas! - Rebumbava agora as palavras de um e outro amigo.

Estava agora a aprender que era loucura convivendo aquelas vozes em sua cabeça.

Mas eram lembranças reais e... novas...

Depois de tanto tempo...o tempo não importa mais. É como se não existisse isso.

Foi recolocando o antigo trage de exploração exoplanetaria a medida que se despia de todos os outros “trajes” que colecionara dorantes as eras. E ele não era jovem!

Sentia-se como se estivesse descendo os degrais de uma escada depois de já ter contemplado a vista de um ponto turistico que poucos tem a oportunidade de ver.

Ele ficava cada vez menor, mas não iferior. Ficava manos “consciente” sem suas habilidade, mas não menos sábio.

Ele iniciara antes de dos jovens planetas que agora são hisóricos as civilizações e as humanidades.

Nascera pouco depois do Apocalipse que se habatera ao antigo mundo chamado de “Terra”, fora educado pelas primeiras criaturas que herdaram o Novo-Mundo, foi-lhe dado a escolha e o livre arbítrio logo após a vitoria dos primeiros vencedores, e agora isso apenas lhe bastava.

O trage estava vestido e funcional. O tempo...o tempo agora era o de eras passadas. O planeta era outro, o "planetas dos Pais" estava logo em sua frente.

“-Você vai ter de correr mais Tomas!”-dizia ela agora.

“-Eu já vou! Já estou indo!”- disse ele devolta.

Ela corria lindamente, voltando a cabeça para traz sorrindo, feliz por ele estar ali com ela.

Ele não podia ver para onde estavam indo, pois aluz era muito forte.

Mas ele sabia que estava pronto agora. Só agora, desistindo de sua eternidade, ele seria realmente eterno.

Naquele sistema, uma jovem humanidade que ali estava surgindo, viu um clarão inesperado no céu.

Durante muitas eras contou-se sobre o cometa que fora direto rumo ao sol e desapareceu dentro dele, mudando muitas coisas por ali...

FIM.