Unihomem 2

03:15 da madrugada.

Um homem caminha, tranquilamente, absorto em seus pensamentos.

Um veículo se aproxima e para. Desce dois assaltantes.

- Parado aí, meu chapa! Passa a grana!! - gritou um deles empunhando um revólver.

O andarilho olhou para os meliantes, esboçou um sorriso e continuou na sua caminhanda.

- Tu tá ficando maluco, ô meu! A gente vai te queimar!! - ameaçou o outro assaltante.

Para irritação dos assaltantes, o homem continuou andando.

- Atira nesse cara, Betão! Ou é surdo ou é doido. Depois a gente pega a carteira deste infeliz.

Foram realizados quatro disparos na suposta vítima. Um acertou na coxa. Dois acertaram nas costas. E um acertou no pescoço.

Para surpresa dos bandidos, não conseguiram fazer nenhum dano no homem, a não ser pelas perfurações em sua roupa. Nem sequer conseguiram assustá-lo porque ele...continuou andando!

Os facínoras se entreolharam e ficaram seriamente assustados.

- Vamos dar o fora daqui, Mané!! É assombração!!

Pularam no carro e sairam em disparada.

Não, meus caros leitores, não é coisa de outro mundo.

É um ser vivo que se autodenominou Unihomem... incansável, indestrutível, eterno e autosuficiente ( não necessita ingerir sólidos, líquidos e respirar lhe é facultativo ). Um efeito colateral de sua indestrutibilidade é que ele é imune a sujeira.

Após a experiência que lhe concedeu estes fantásticos poderes, decidiu ser viajante para ninguém questionar a sua permanente jovialidade ( 20 anos ).

Sua vida agora é pesquisar os mistérios da humanidade, salvar vidas e combater o mal.

Uma vez ele ficou sentado numa cratera do fundo do mar por 5 dias, em uma de suas frequentes meditações. Da outra vez foi numa selva pendurado em uma árvore com apenas uma das mãos, por 12 dias. Com isto, ele tirou uma conclusão:

- Istou perdendo a noção de tempo.

Isto mesmo, tempo para o Unihomem é uma eterna riqueza tendo em vista que tudo cresce e morre, tudo se cria e se desgasta, tudo muda, mas ele permanece imutável!

Outra coisa que foi percebida é a ausência de medo e de reflexo. Ele sabia que, para parecer normal, ele teria que dar um geito nisso. Mas como se:

Não precisa gastar dinheiro com hotel, porque não precisava dormir e nem tomar banho.

Não precisa gastar com comida porque nunca sentia fome.

Não precisava de planos de saúde, era imune a doenças.

Nem de seguro porque era invulnerável.

Mas...as roupas se desgastam e se sujam! Tinha que comprar roupas...

Isto era o único elo comum de normalidade com o restante da população terrestre.

Decidiu arrumar um emprego.

Continua?

Teixeira de Fortal
Enviado por Teixeira de Fortal em 29/04/2011
Reeditado em 29/04/2011
Código do texto: T2939127