Sobreviver - A Guerre Começa PARTE 3

-O que foi tudo isso? Perguntou-me assustado Pierre.

-Tem alguma coisa atrás de nós, e ele não quer nos dar boas vindas...

-Não é hora para brincadeiras Scott, estamos correndo muito perigo aqui.

-Eu sei Pierre. Vamos procurar abrigo em algum lugar, porque aqui estamos muito vulneráveis a ataques.

-Está bem, mas para onde vamos? Não consigo enxergar um metro nessa escuridão.

-Vamos com calma Pierre, se a gente não enxerga, nossos inimigos também não enxergarão. Vamos seguir reto e ver o que encontramos.

-Certo.

Seguimos passo a passo pela escuridão total, eu ia à frente com a tocha em mãos iluminando tudo o que eu podia, mas mesmo assim mal dava para enxergar o que tinha em nossa volta. Pierre ia atrás de mim, quieto, em estado de alerta, como uma gazela que espera pelo ataque de um leão, qualquer barulho que escutesse logo me alertaria e sairiamos em disparada floresta a dentro.

O tempo parecia se arrastar e nosso caminho se alongar, pois haviamos caminhado por volta de uns cinco quilomêtros e parecia que não haviamos saído do lugar. A escuridão permanecia firme, sem dar trégua, e a única luz que tinhamos estava por se acabar. Após mais meia hora de caminhada nossa luz se apagou, tudo ficou novamente escuro, resolvi parar ali mesmo a tateando achar um lugar para ficar. Chamei Pierre para me ajudar:

-Pierre, me escute bem, estamos sem luz e eu quero parar aqui mesmo e esperar pelo sol.

-Isso se o sol resolver aparecer...

-Sim, ele vai aparecer e nós vamos procurar um abrigo com mais calma. Mas agora eu quero que você segure bem forte minha mão, pois quero ir tateando as coisas em nossa volta para constatar se existe algo em que possamos nos esconder.

-Tudo bem.

Calmamente fui colocando minha mão na escuridão, avancei passo a passo até que encontrei algo. Fui apalpando em volta e notei que se tratava de um muro, pois eu conseguia sentir a consistencia do cimento em minha mão. Logo falei com Pierre:

-Pierre, acho que estamos defronte a um muro.

-Um muro? Que estranho. Achei que estavámos em uma floresta.

-Não consigo ver nada, que droga. Teremos que esperar aqui o nascer do sol.

-Certo, não aguento mais caminhar. Minhas pernas estão me matando, to com muita vontade de deitar em minha cama lá em casa.

-Ah como eu queria minha caminha.

Ambos rimos, mas no fundo queriamos muito estar em casa com nossas familias. Entramos em um inferno de onde não conseguimos achar saída, e o pior de tudo é que estamos enfrentando coisas que nem sabemos se são do nosso mundo.

Não demorou muito para o sol voltar a nascer e iluminar toda a escuridão que nos rodeava. Dei graças a Deus pela luz do sol, pois não aguentava mais ter que viver naquela escuridão. Imediatamente olhei para o muro em que eu havia tocado e me deparei com algo assustador. O muro em questão pertencia a um enorme castelo, parecido com os que viamos na idade média, mas pela sua aparência desgastada e suas ruinas, cheguei a conclusão de que não era usado a muito tempo.

Quando me dei por conta ví que estava sozinho, Pierre havia desaparecido. Começei a ficar preocupado com isso, pois não me imaginava sozinho neste mundo desconhecido. Pensei em gritar para ver se ouvia alguma resposta mas logo descartei essa idéia pois se eu gritasse poderia entregar minha posição para o inimigo. Resolvi então procurá-lo.

Cuidadosamente fui contornando os muros do castelo até chegar na entrada principal, um enorme portão de madeira nobre com detalhes em ouro, mas assim como o castelo, estavam em condições precárias. Decidi entrar e vasculhar o castelo porque possivelmente era o único lugar em que Pierre poderia estar, pelo menos era o que eu queria. Olhei todas as dimensões do portão até que encontrei uma pequena fresta por onde daria para passar pelo portão, me aproximei para ver melhor o tamanho do buraco e encontrei um pedaço de roupa rasgada caído em frente ao portão, o peguei e vi que era da roupa de Pierre.

Não pensei duas vezes, me espremi pela fresta e consegui chegar ao outro lado. Quando levantei-me fiquei de boca aberta, pois mesmo o castelo estando em ruínas suas construções eram maravilhosas, haviam várias estátuas de ouro ao longo do corredor principal e cada detalhe era milimetricamente perfeito, mesmo o tempo e a ação da natureza não conseguiram acabar com o toque refinado do castelo.

Fiquei espantado com tudo o que eu estava vendo. Nunca na minha vida imaginei conhecer um lugar assim, na verdade, acho que não existe algo tão lindo assim no mundo. Mas logo meus pensamentos se voltaram para Pierre, eu tinha que encontrá-lo. Entrei pelo corredor principal do castelo, e a medida que eu avançava para seu interior tudo ficava mais sinistro e assustador. As estátuas de ouro pareciam estar cuidando de cada passo meu, o ar que antes era limpo, agora está pesado e com cheiro de morte. Havia alguma coisa nesse castelo que me dava arrepios.

Depois de andar cerca de trezentos metros me deparrei com a primeira sala que estava a minha esquerda. Entrei lentamente para ver o que continha nela, mas não encontrei nada demais, apenas mais estátuas de ouro e uma mesa central. Dizem que a curiosidade matou o gato, mas naquela hora minha curiosidade era maior e entrei sala adentro para averiguar o lugar. Por um momento me senti um explorador, um Indiana Jones da vida, pois aquele cenário me lembrava muito seus filmes que eu nunca cansava de olhar.

Fui em direção à mesa central e chegando mais perto ví que em cima da mesa havia um pedestal de ouro, mas algo estava errado, parecia faltar alguma coisa. Ao lado do pedestal havia um velho livro aberto, e nele havia uma figura do mesmo pedestal, mas a única diferença era que no livro em cima do pedestal havia uma linda espada brilhante juntamente com um escudo, ambos feitos de ouro. Era isso então que faltava em cima do pedestal.

Folhei o livro para a próxima página, mas para minha surpresa estava em branco, parecia que a história estava sem fim. De repente um vento gélido entrou na sala e me arrepiei todo, eu não estava sozinho:

-Essa é a espada e o escudo de Zeus! Falou a voz estridente.

Fiquei sem ação e totalmente apavorado. Virei-me devagar e quase chorei de felicidade, era Pierre. Mas ele não era o mesmo Pierre que eu conhecia, estava diferente, seu olhar era sem emoção e ao mesmo tempo amedrontador. Ele vestia uma espécie de armadura dourada, brilhava como o sol e em sua mão esquerda segurava o mesmo escudo que aparecia no livro. Fiquei sem entender mais nada, uma hora ele estava comigo e agora havia se tornado um cavaleiro, resolvi perguntar o que estava acontecendo:

-Pierre...

-Silêncio mero mortal, meu nome é Acelo, filho de Hércules.

-Acelo, meu amigo, o que está acontecendo?

-Silêncio! Como ousa dirigir a palavra a um deus como eu? Você vai pagar com sua vida!

-Pare! Por favor! Pierre!

Acelo partiu para cima de mim com toda sua força, mas uma voz linda, que reçoava como música, gritou:

-Acelo! Para imediatamente!

Acelo no mesmo instante parou seu ataque, aquela voz maravilhosa tinha algum poder sobre ele. Mas se estavámos sozinhos, de onde poderia vir tal voz?

Lucas Moisés Machado
Enviado por Lucas Moisés Machado em 08/04/2011
Reeditado em 08/04/2011
Código do texto: T2896364
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