Sobreviver - A Descoberta PARTE 2

Abri meus olhos lentamente e o que vi me assustou muito, eu já não enxergava mais o lindo céu com suas nuvens mas sim um teto. Levantei assustado e para minha surpresa Pierre estava do meu lado, sentado em uma cadeira rustica de madeira. Naquele momento fiquei mais aliviado, pois tinha um rosto conhecido comigo. Tateei meu corpo como se buscasse algum machucado ou algo assim mas para minha surpresa todos meus machucados estavam cicatrizados. Não demorei muito para ver minha perna esquerda, ela estava imobilizada mas não demostrava mais sinais de dores.

Levantei-me da cama e fui em direção a Pierre que estava sentado na cadeira, ele estava durmindo profundamente. Resolvi acordá-lo para perguntar o que tinha acontecido, comecei a sacudí-lo e totalmente assustado deu um pulo da cadeira, mas logo que me viu soltou um largo sorriso e disse:

-Ainda bem que você está melhor...

Sorri e respondi:

-Ainda bem mesmo, parece que não sofri nenhum arranhão, me sinto muito bem...

-Que bom Scott.

Agora havia chegado a hora de eu perguntar o que tinha acontecido comigo:

-Pierre, o que aconteceu para estarmos aqui?

-Cara, se eu te contar você vai me chamar de louco...

-Prometo que não vou pensar isso, agora me conte tudo!

-Certo. Bem, aquela hora que saí para buscar um pedaço de pau para fazer seu novo torniquete me deparei com nossa amiga que resgatei dos destroços.

-Estranho...

-Pois é, imagina o que senti. Mas continuando, na hora fiquei sem reação. Ela então veio vindo em minha direção, olhos nos meus olhos, fiquei totalmente paralizado, sem reação. Quando ela chegou a um metro de mim senti uma picada na nuca e desmaiei. Acordei agora com você me chamando.

-Muito estranho tudo isso. Mas o que mais me chama a atenção é que sabemos que não estamos sozinho aqui.

-Sim. Mas não enxerguei nada, em nenhum lugar, apenas mato e mais mato.

-Eles devem andar camuflados, é isso.

-Só pode. Mas onde será que poderia estar nossa amiga?

-Estou aqui!

Eu e Pierre tomamos um enorme susto, pois lá estava em nossa frente a misteriosa mulher. Ela estava muito bem, comparando com quando Pierre a tinha resgatado dos destroços do monomotor, seus cabelos encaracolados castanhos e seus olhos verdes eram cativantes. Fiquei perdido olhando para tanta beleza, nem percebi quando ela aproximou-se de nós com um belo sorriso:

-Fiquem calmos meus amigos. Nada de ruim irá acontecer com vocês...

Algo estranho estava acontecendo, uma hora estavámos perdidos em uma floresta, machucados por causa da queda e agora estamos em um quarto, curados e com uma estranha dizendo que nada de ruim irá acontecer, tem muita coisa errada nisso tudo. Olhei para Pierre e ele também estava estranhando tudo, voltei meu olhar para a mulher e resolvi colocar as coisas a limpo:

-Quem é você?

Quando perguntei isso a misteriosa mulher apenas sorriu e respondeu:

-Me chamo Juliet.

-Pois bem Juliet, me chamo Scott e este meu amigo aqui se chama Pierre.

Pierre apenas acenou e sorriu e ela retribuiu a gentileza das mesma forma. Mas resolvi não deixar o tempo passar e fui logo perguntando onde estavámos:

-Desculpe minha pergunta, mas onde é que estamos?

-Em algum lugar...

-Eu sei que estamos em "algum lugar", mas mais exatamente aonde?

-Eu não sei te responder isso...

Fiquei muito frustado com a resposta de Juliet. Seria mesmo que ela não sabia de nada ou estaria mentindo para encobrir algo. Naquela hora eu não tinha como saber, eu precisava conviver com ela mais algum tempo para descobrir as coisas. Resolvi ter uma conversa com Pierre para ver o que poderiamos fazer:

-Pierre, tenho que conversar contigo.

-Está bem.

-Venha comigo.

Saí com Pierre do quarto onde nos encontravámos e me surpreendi com o que vi. Não era um quarto onde estavámos mas sim uma espécie de cabana. Sua construção era muito precária, comparando com a estrutura interna que era muito bem acabada, com pedaços de madeira mal colocados e com cara de já estarem desgastados com o tempo.

No lado de fora ainda era dia e o sol brilhava forte no céu. Puxei Pierre para uma sombra a poucos metros da cabana para conversar:

-Tudo isso tá muito estranho Pierre. Tem algo acontecendo que ainda não consegui descobrir.

-Com certeza, também estou com essa sensação. Mas uma coisa que me chamou muito a atenção é que nós estamos sem nenhum arranhão, nem parece que ontem caímos de um avião.

-Sim. Confesso que estou muito confuso. Não sei o que está acontecendo.

-Garanto que nossa amiga sabe muito bem o que está acontecendo.

-Eu também acho isso, mas não sei como vamos tirar estas informações dela.

-O jeito é ficar com ela por enquanto, pois temos abrigo, não sabemos o que tem lá fora e sinceramente prefiro não descobrir.

-Você tem razão Pierre, não sabemos o que nos espera lá fora se resolvermos sair daqui. Vamos ficar esta noite e ver se conseguimos alguma informação.

-Certo. Mas devemos manter nossos ouvidos e olhos bem atentos, nunca se sabe o que nos espera.

-Sim. Vamos voltar para dentro pois já está escurecendo.

-Claro.

Voltamos para a cabana e quando entramos, nossa "amiga" Juliet havia preparado uma janta para nós. O cheiro estava muito bom e com a fome que eu estava, comia qualquer coisa. Eu e Pierre nos sentamos à mesa e Juliet veio nos servir:

-Quero que vocês comam tudo, não quero meus convidados passando fome.

"Convidados", não gostei muito desta palavra. Para mim, todos nós erámos sobreviventes. Desde que caímos não imaginei que ganharia uma janta suculenta e uma cama para dormir. Após a refeição, eu e Pierre nos sentamos em duas cadeiras mais retiradas e voltamos a conversar:

-Scott, não gostei nada do termo "convidados". Parece filme de terror.

-Também não gostei nadinha. Mas vamos aguentar mais um pouco, estou precentindo que estamos quase descobrindo a verdade.

-Está certo, estou com você nessa.

Pierre e eu estavamos virando grandes amigos. Eu podia confiar nele e com certeza ele sentia a mesma coisa. Eu estava muito cansado para continuar nossa conversa, e resolvi ir deitar:

-Pierre, estou muito cansado, como faremos para poder dormir?

-Pode deitar que eu fico de guarda, qualquer coisa eu te chamo.

-Muito obrigado Pierre.

-De nada.

Me preparei para dormir um sono que a muito não tirava, mas quando me escorei na cadeira Juliet apareceu repentinamente na sala, sua expressão era de pavor. Ela trancou a porta que dava acesso a cabana e veio em nossa direção gritando:

-Saiam daqui depressa, eles estão aqui! Rápido!

Eu não estava entendendo o que se passava. Olhei para a face de Juliet e seus olhos demonstravam um enorme pavor, um medo que gelava até a alma:

-Quem são eles? Perguntei para Juliet.

-Eles são a morte! São o medo! Depressa, saiam daqui!

-Mas Juliet...não entendo...

-Não é hora para entender, apenas saiam. Há uma janela na próxima sala que lhes dará a liberdade!

Foi então que eu e Pierre saímos correndo em direção a tal janela. Atrás de nós podemos ouvir um som alto de algo batendo na porta severamente, até que a porta não suportou e arrebentou em mil pedaços. Quando ouvi o estrondo assustador, me virei para ver como estava Juliet, mas foi ai que vi uma cena horrível, Juliet havia ficado para trás e quando a porta arrebentou um pedaço de madeira pontiagudo perfurou seu abdomên, seu sangue escorria por todo o ferimento, e o chão havia virado um lago de sangue. Em seu último sinal de vida, gritou para nós: "Vão" e caiu morta no chão.

Eu fiquei paralizado, sem conseguir me mover ou falar alguma coisa. Olhei para Pierre e ele apresentava a mesma expressão de horror que Juliet estava antes de morrer. Olhei novamente para a porta destroçada e para nossa surpresa o corpo de Juliet não estava mais lá, olhei mais atentamente e vi que seu corpo havia sido arrastado para fora da cabana, pois uma trilha de sangue percorria a sala em direção a porta.

Tentando retomar o controle da situação, respirei fundo e berrei para Pierre:

-Vamos sair daqui!

Minhas palavras foram como combustível extra, saímos correndo em direção a próxima sala e encontramos a janela que Juliet havia nos falado. Com medo de surpresas, lentamente olhei para fora da janela e praticamente não enxergava nada devido a escuridão total que ali havia:

-Pierre, preciso de algo para iluminar, tá muito escuro.

-Calma, deixa comigo.

Pierre quebrou uma perna da cadeira de madeira e nela enrolou sua camiseta várias vezes, foi em direção a uma das poucas velas que restavam acesas e ateou fogo na camiseta, ele havia criado uma tocha:

-Tome aqui Scott, uma tocha.

-Muito bom trabalho Pierre, agora por favor, vá trancar a porta deste quarto, quero evitar mais surpresas.

-Ok.

Enquanto Pierre foi trancar a porta, eu começei a iluminar janela afora, e até onde a luz alcançava dava para ver que era uma área aberta, um descampado. Era perfeita para nossa fuga:

-Pierre! Pierre!

-Fala Scott.

-Achei nossa saída, eu vou sair pela janela e depois você vem, certo?

-Certo. Mas vá depressa, acho que ouvi passos.

Mal ele havia acabado de falar a frase quando a porta começou a tremer, dava para ouvir passos pesados do outro lado, e como anteriormente, começaram a bater na porta. Assustado Pierre saltou janela afora e eu fui atrás, saímos em disparada pelo descampado até chegar nas proximidades da floresta, foi uma corrida rápida. Quando nos escondemos atrás de uma enorme árvore, escutamos a porta de estraçalhar e a coisa que estava lá soltou um rugido terrivel, naquele momento minha alma congelou, pois agora tinhamos idéia do que estava atrás de nós.

P.S. comentem o texto, gostaria de saber a opiniao de todos

Lucas Moisés Machado
Enviado por Lucas Moisés Machado em 29/03/2011
Reeditado em 08/04/2011
Código do texto: T2877010
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