DOMINANTES – PARTE 2 – Proibido perguntar – mensagens
Cont...
Para onde estão me levando? Quem são vocês? Por quê?
Estes humanos perguntam de mais. A Era em que todos serão silenciados está próxima.
Do que vocês estão falando?
Pare de fazer perguntas, dominado, se não quiser sua língua cortada. Viu como eles são desprogramados.
Por favor, pelo menos me digam para onde estão me levando. Pra onde estão me levando?
Silêncio!!!!
Nossa como eles falam, e este ai só sabe fazer perguntas, realmente são muito inferiores.
Sim, disso não tenho dúvidas, são realmente despreparados, quando este planetinha estiver completamente dominado, e não restar nenhum resquício de resistência, poderemos viver então plenamente o nosso sistema.
Pronto, capitã, chegamos, a via para a sala de interrogatório está livre, chegaremos em uma fração de 2 tempos de segundos terrenos, preparar para o desembarque.
OK! Prepare-o, que estarei lá em pouco tempo, tenho que entregar o relatório.
Vamos dominado!
***
<<Dispositivo digital encontrado em algum lugar próximo a Mega-Colônia Central do planeta/satélite Terra-5, Ano 2.110>>
A quem venha encontrar este registro, peço que não o trate como uma ameaça a sua segurança, não precisa de imediato procurar autoridades para que não corra risco de ser perseguido ou detido como fui. E sobre como me trataram, contarei tudo, ou até onde eu puder. Mas antes, ouça o que tenho a dizer, e assim espero ganhar sua atenção.
Minha história si inicia no dia em que fui raptado, ou como eles chamam, detido para repreensão, o que são coisas completamente distintas...
Pelo menos da forma como aconteceu comigo.
Ando cansado...
Há dias não como nada sólido, e o liquido que me dão não tem como eu descrever, não parece com nada que conhecemos em nosso planeta...
Também não sei que horas são; não tenho como definir o que é noite e o que é dia...
Muitas vezes durmo e acordo, e parece que o tempo não tem passado...
No entanto uma vez ou outra escuto alguns deles conversar, e assim me baseio...
Pelo que já calculei, estou aqui há mais de dois anos, e nem sei por quanto tempo mais...
Nem sei o porquê de ainda estar vivo...
Tenho que desligar.
***
Sim, continuando, no dia que fui levado, passei por uma espécie de interrogatório, se é que uma tortura desumana pode ser chamado assim...
Enquanto eu estava lá sofrendo terríveis choques, e perfurações nos meus dedos por baixo das unhas, por um metal semelhante a um alfinete, o que me provocava terríveis dores e mal-estar, vocês poderiam estar em suas rotinas pré-programadas. No entanto eles queriam saber onde se encontravam nossa resistência, mas eu não poderia contar. Mesmo sabendo que meu corpo poderia não resistir aos choques terríveis, aos ferimentos dilacerantes em meus membros, como poderia revelar nossa única forma de salvação? Hum, e eu nem sabia onde ficava mesmo, mas nem isso os deixei saber, tinha que mostrar que eu era mais forte, tinha que resistir e mostrar para eles que a resistência estava em mim também. Depois de tantas perguntas sem respostas, eu percebi uma coisa fundamental, uma coisa que não tinha entendido antes. Eles não são onipresentes. Sim vocês não precisam temer...
Retomando ao dia que fui raptado, tinha conversado com um colega, a respeito que eles poderiam saber de tudo e ver onde estávamos. Mas isto tem limites, apenas os jovens matriculados é que tem chips. Não quero simplesmente alarmar, quero implorar que não esqueça que toda criança e jovem estudando numa escola, seja ela na zona rural ou urbana, estão todos identificados e marcados, fico triste com tudo isso e principalmente por não ter conseguido a informação mais importante, onde estão implantados tais chips...
***
Mais uma vez tive que parar a gravação, eles ficam sempre por perto, e a cada período, o qual já, eu percebi serem de tempo preestabelecido, não sei qual a duração exata. Mas eles me fazem sempre as mesmas perguntas...
As torturas agora não são mais físicas, são psicológicas...
Não sei se terei forças para suportar, numa dessas seções eles deixaram escapar, que poderiam fazer coisas terríveis com minha família...
Há dois anos estou fora de casa, é o que me parece, já devem imaginar que estou morto...
Se ao menos eu pudesse dizer meu nome e onde você procurar eles para dizer que ainda estou vivo, e que penso muito neles...
Mas nem isso, se eles descobrem esta gravação...
Ainda não sei onde estou, acredito ser uma nove, digo isso pela estrutura vedada e sem janelas, e de que a ultima coisa que vi pelo transporte deles, foram nuvens, muitas nuvens por um ângulo de cima...
Sei que provavelmente poderei estar morto quando você estiver escutando...
Sim, mais uma coisa, eles nunca se mostram como são realmente, sempre estão com nossa aparência, fico até imaginando se eles são realmente como nós...
O que me deixa realmente apavorado, como pessoas teriam tamanha crueldade em manter um sistema tão opressor e desumano? Não, não são humanos, isto eu tenho certeza.
Tentarei de alguma forma fazer com que esta gravação caia na Terra, resta saber como, mas guardarei até o momento certo. A você que já escutou até aqui, digo que todo o sofrimento pelo qual venho passando seja por um motivo recompensador, e que você saiba se agrupar e tenha uma visão menos usurpada, e que a partir daqui saiba a verdade por trás deste sistema desumano. Não me vejo mais andando em nossa Terra, sei que meu fim está ...
Eles estão chegando...
Continua...
Por Evandro Saldanha
Postado originalmente no Recanto das Letras.
Revisado em 04/12/2010