Mirabela- O amargo sabor do destino
A vida realmente havia perdido o sentido para áquelas pessoas: a senhora Lázara, a senhora Albertina, Fabricia e Santiago. O súbito desaparecimento de Mirabela causara imenso sofrimento a todos. Afinal ela tinha uma parcela de sí em cada um deles.
Para a avó, Mirabela era como um prêmio, um verdadeiro presente de Deus.
Para a mãe, ela representava um pouco do marido que havia perdido e que apesar de tudo ainda o amava muito.
Na verdade, a senhora Albertina amava os dois, o marido e a filha. Todas as hostilidades que fizera a Mirabela era uma espécie de pedido de socorro e ao mesmo tempo um puro sentimento de revolta por ela e o pai não haverem superado todas as expectativas que ela um dia esperou dos dois.
Já para Fabricia, Mirabela era a única amiga que tinha. Uma ótima confidente e muito paciente. Capaz de suportar com um sorriso tudo o que os outros não conseguiam ouvir de Fabricia. Ou seja: toda a sua arrogância e mania de grandeza.
E para Santiago, Mirabela era mais do que uma simples menina; ela era a mulher, a única e insubstituível mulher de sua vida. Justamente do jeitinho que ele sempre desejara encontrar. Alguém puro e sincero. E Mirabela era a própria pureza em forma de ser. Santiago a amava, e isso não era um mero acaso e sim um grande acontecimento em sua vida, antes tão monótona.
CAPITULO V
Seis meses foram passados. Todos os dias Mirabela insistia com os homens da quadrilha para que a deixassem ligar para sua familia e nada.
D.Vaggio havia contratado os melhores professores para ensiná-la. Devido a todo o seu esforço ela já havia aprendido a ler e a escrever corretamente. Mirabela era uma aluna aplicada. As aulas aconteciam na grandiosissima mansão de D.Vaggio. O clima lá era bem descontraido.
Frequentavam pessoas dos mais altos níveis sociais; eram pessoas educadas e de muito requinte. D.Vaggio estava fazendo de Mirabela uma moça sociável.
Ela também tinha aulas de etiqueta, aprendera até a como sentar-se com classe, como portar-se à uma mesa e em reuniões importantes, e principalmente a falar baixo e não ser tão tagarela.
Também no que diz respeito ao seu modo de vestir, ela estava bem diferente. Só se vestia no mais alto nível, suas roupas eram de marcas caríssimas, seus vestidos eram sensuais e elegantes.
Seu belo cabelo fôra modificado de forma extravagante, tingido com um vermelho bem forte em nada se comparando ao seu tão angelical cabelo loiro de nascimento.
No inicio, ela não conseguia sequer apoiar-se em cima dos saltos, agora, como uma verdadeira dama, dava um verdadeiro show de desfile, como se estivesse sempre desfilando em uma passarela de modas. Porém, apesar de tudo aquilo, ela ainda não sabia o que fazia alí, e do que tudo alí se tratava. Estava alí há seis meses e ainda não sabia o porquê.
Olhava para todas aquelas pessoas com um certo espanto. Por inúmeras vezes perguntara o que fazia alí, inventavam-lhe as mais diversas desculpas e a verdade nunca vinha.
Mirabela vivia triste e cabisbaixa, sabia que chefiaría uma quadrilha, mas, que raios de quadrilha seria esta que nunca lhe explicavam o que realmente era.
Agora que concluira o ensino médio, passava a entender alguns coletivos, aprendera que o coletivo de quadrilha é ladrões.
Por acaso iria ela chefiar uma quadrilha de ladrões?. Não! isso ela considerava praticamente impossivel.
Afinal, todos alí eram cidadãos finos e acima de qualquer suspeita, principalmente D.Vaggio, um homem que ela passou a admirá-lo. Um homem que era um poço de cultura e requinte. Afinal, os ladrões de que sempre tivera conhecimento eram simples e esfarrapados como os que por raras vezes surgiam lá pela cidadezinha de Anistia.