O Paraninfo

Quem não gostaria de voltar no tempo um dia? quer dizer quando digo "quem não gostaria", quero dizer imagine que todos, não de forma individual, onde cada ser de nossa galaxia anseia rever as escolhas feitas na vida e ter uma nova chance...não, falo de um mundo inteiro, imagine um planeta desejando do fundo do próprio ser, voltar no tempo e querer uma chance apenas pra fazer tudo de forma diferente.

O começo todos sabem bem como foi, aliás a raça dominante soube sempre realmente definir onde e quando foi o começo, a diferença não estava no saber, e sim no "fazer", desde cedo a espécie dominante postergava as coisas mais importantes, até que um dia a consequencia lhes bateu a porta. O Desespero, como foi chamado naquela época, trouxe ao planeta o seu agonizante fim.

Apenas se sabe é que o planeta não dava mais seu fruto, nem a água trazia a vida, os seres que outrora habitavam o mar e os rios foram minguando e desaparecendo, a vida foi minguando.. assim como a parte putrefata de um corpo não recebe mais o sangue, capaz de irrigar com vida a parte afetada, a agua não mais chegava as raízes e as sementes não brotavam como antes, formando arvores fortes e resultando em frutas, flores murcharam. o planeta parecia regurgitar aquela espécime que dominava tudo, devolvia com juros o que por anos postergou, mesmo com toda a conhecida tecnologia dessa raça, aos poucos o planeta foi morrendo.

Grupos de ambientalistas protestaram contra os governos que por anos nada fizeram, religiosos pregavam o fim do mundo e a volta de um deus que julgaria as más ações de uma raça mesquinha e mal agradecida. Pois é... nem foi preciso tanto, o desequilibrio das faculdades antes engrandecidas, trouxe a raça superior o seu verdadeiro "eu", como animais famintos que brigam por um punhado de ração se lançaram um contra o outro. Como uma doença que se espalha e ganha terreno, assim foi que o Desespero tomou conta das mentes desenvolvidas daqueles seres, demissões em massa, doenças antes tratadas facilmente, já não se acuavam ante a um antidoto, mas resistiam fortemente, como parasitas presos ao corpo hospedeiro, só iam embora quando o hospedeiro já não tinha vida a oferecer. Machos e femeas saíam as ruas gritando com uma angustia jamais vista, abandonando suas próprias crias, corriam para lá e para cá, atrás de significado pra toda aquela situação, enfim, correndo atrás de vida. Aqueles seres.. tão admiráveis, tão bonitos com as palavras, diziam que a vida se resumia a aquilo a que se vê e aos prazeres do momento, nada mais, apenas os mais fortes sobrevivem eles diziam... bem, no momento, quem poderia se afirmar forte o bastante pra tudo aquilo?

Nem em guerras mundiais, ou crises financeiras a raça superior tinha passado aquilo, talvez pela primeira vez em suas vidas, viram que tinham fracassado.

Era dito que a esperança era a ultima a morrer, que enquanto a vida existisse e um fogo brilhasse no coração e mentes ali ela estaria, consolando as mentes de uma raça fraca e decadente. Bem, ela tambem falhou e não veio.

Cidades poderosas foram devastadas pela fome, miséria, irromperam por entre as rachaduras que o Desespero trouxe.

Lideres mundiais foram os culpados, e eram arrastados de onde quer que estivessem e despedaçados em praça publica ou queimados.

Lideres religiosos que pregavam que a fé trazia a prosperidade, jaziam sem respostas aos pedidos de apelo do povo, foram considerados tambem culpados pela situação, por anos a fio drenaram finanças de milhões com a desculpa de que o dobro de bençãos cairiam do céu.

Algo realmente veio do céu e foi o calor do sol que trouxe após o desequilibrio do planeta conseguiu infiltrar com suas radiações letais, rasgando a pele azul que protegia o planeta, enfim estava entregando a raça superior á extinção.

Alguns poucos ainda resistiam, mas para onde ir? Para que viver? a pergunta que por seculos afligiu corações aflitos, encontrava apenas o eco de suas proprias interrogaçôes.Uma mãe em alguma parte do planeta se jogou no imenso oceano morto a que se tornara o grande mar, não havia mais razão pra continuar, em seu ventre uma criança se formava, que futuro haveria pra ela?

Noutra parte um ser caminha por uma avenida, outrora movimentada, requintada de egoismo e pompa, olha o que restou das belas construções, a vida acabara.

O ''Porque" se tornou parte dos pesadelos continuos dos poucos que restaram Porque aconteceu? Não foi o bastante? Não tinha o bastante? Não era pra sempre?

Ahhh o poder!, tão delicioso, tão exclusivo, tão doce, abusaram deste dom, e se consumiram em sua ambição.

Hoje estamos nos formando como os primeiros Observadores, e após 300 anos de estudo, enfim concluimos os nossos estudos.

Caros colegas, tomemos como exemplo este planeta, outrora conhecido como Terra, constituido de vida, com mais de 7 bilhões de seres racionais, mas que a tudo e a todos destruiram. Nos formamos hoje somente para um fim, vigiar e se for o caso, ajudar os planetas que querem ser ajudados.

Este pequeno planeta, do Setor fechado que tinha grandes potenciais, porém encontrou sua extinção na Galáxia Deserta, faço aqui um paralelo conosco ,como seres que alcançaram a quase perfeição tecnologica, pergunto: Podemos ter o mesmo fim? - Sim, podemos ter o mesmo fim, lutemos para que nossas reservas do Manto Verde não sejam destruidos e nem nosso Ouro azul, contaminado.Que o Desespero não nos alcance hoje, que a vida continue para sempre.

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Kyarth sentou-se em seu disco planador, enquando seus colegas da classe de história universal, bem como os seus professores o aplaudiam. Como estudantes do curso de Observadores Galáticos e recem formados, tinham a obrigação de, como conclusão de curso, o acompanhamento de pelo menos 300 anos da história de qualquer planeta.

Kyarth havia escolhido um planeta do sistema conhecido como Setor fechado, o terceiro planeta desse sistema, cosntituido de uma raça com grandes potenciais, mas que havia acabado de alcançar a extinção. Esse sistema havia sido excluido da base de inteligencia interplanetária por ser pobre e bastante deserto, contendo apenas um mundo habitado com tecnologia bastante infima, entretanto para kyarth, se tornou mais do que um mundo qualquer, os observava de dia e noite, conhecendo seus costumes e tendo compaixão pelos mesmos, porém não pôde interferir no seu fim.

Perdido em seus pensamentos não notou seu Professor tomar a palavra:

- É com grande satisfação que lhes apresento aos primeiros Observadores Galaticos do Planeta Imperius.

Se levantou com seus colegas e foi aclamado com palmas, se sentia vazio, nunca foi de só Observar.

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Superunknown
Enviado por Superunknown em 18/09/2010
Reeditado em 19/09/2012
Código do texto: T2506573
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