Mirabela- o amargo sabor do destino
...E inocentemente deslumbrada ela continua com sua incessante conversa, o que deixava D.Vaggio cada vez mais irritado:
- ..E quando não dava certo eu pedia para a Fabricia escrever para mim, somente algumas coisas, porque as poesias eu fazia questão de escrever de punho próprio. O senhor sabe o que é punho próprio? o meu pai dizia que punho próprio é quando a gente mesmo escreve. As poesias eu mesma escrevia para o Santiago, eu tirava do livro de poesias da Fabricia. Acabei tres cadernos passando a limpo, mas conseguí. As vezes eu copiava algumas coisas da bíblia, porque a minha avó falou que...
- CHEEEGA!!! como você fala, mas que droga!
E baixando a cabeça ela diz baixinho: - Tem razão! o senhor sabe lá o que diabo é Fabricia, Santiago e o raio que o parta... [ E põe a mão na boca rindo baixinho].
O homem anda sem parar pelo salão e enquanto vai andando segue encarando-a , depois continua com o seu discurso:
- Eu deveria está odiando este seu jeito intrometido, mas não, estou vendo em você não uma garota burra como você se descreve, mas uma garota pura e inocente. Sem nenhuma noção das maldades desta vida, e é justamente do que eu preciso, de alguém assim como você.
Com um aspecto surpreso ela o encara:
- Precisa de mim? para quê?
- Mirabela, você é a melhor pessoa que eu conheço para chefiar minha quadrilha.
- Meu Deus! que coisa maravilhosa...espera aí, chefiar- se eu entendo bem significa mandar. Sim, porque chefiar vem de chefe e se eu vou chefiar alguma coisa é por que eu vou mandar. Eu sabia, alguma coisa me dizia que eu estava enganada. É claro que o senhor não ia sequestrar uma pessoa como eu. Tinha que ser coisa do Santiago meu Deus, mas eu não cheguei a nenhum cargo mais baixo e já vou ser chefe...
Diante de tanta pureza, quem sorrir agora é D.Vaggio, e ele brinca com ela como se estivesse ironizando-a:
- Quer dizer que você aceita chefiar minha quadrilha?
- Ora que pergunta! para uma simples florista como eu