mirabela- o amargo sabor do destino
No capítulo anterior, Mirabela foi sequestrada por um capanga de D.Vaggio.
... O dia amanhecera conturbado. Fazia sol e chovia ao mesmo tempo. Era como se até a natureza estivesse contribuindo para todo aquele tormento. A senhora Albertina e a senhora Lázara não haviam conseguido dormir um instante sequer, estavam exaustas. Tanto quanto no dia do desaparecimento do senhor Ulisses.
Por mais que tentasse entender a senhora Albertina não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Afinal, o que quereria o destino dela com aquilo tudo? - que peça lhe pretendia pregar aquele ignóbil destino? e por quê?
Sentia-se quase como que uma inútil diante daquela situação. Afinal, alguma coisa obscura e inexplicável estava levando a sua familia e ela sentia-se impotente, sem saber o quê e nem como agir. Como tornar-se a heroina? como transformar-se numa super-mulher, super-mãe e evitar aquilo tudo? eram perguntas que aquela pobre e miserável mulher não conseguiria responder nunca, por mais que tentasse.
Mas afinal, por quê responder a perguntas? o que ela queria na realidade era ver outra vez junto a sí aqueles a quem tanto amava e que, por puro egoismo ou até quem sabe por um excessivo amor tão invisivel nunca conseguira demonstrar. E este sentimento agora emergia como que saido das ruínas, as ruínas do seu peito dantes tão amargo agora encontrava-se moído e em frangalhos.
Já a senhora Lázara não se preocupava tanto com o passado. Sua maior dor era bem recente, tão recente que a fazia gemer. Como se a dor do sumiço da neta pudesse rasgar-lhe a carne. A senhora Lázara sempre fora uma mulher forte, sempre enfrentou de cabeça erguida as dores que a vida lhe fizera enfrentar. Nem mesmo a morte trágica do esposo despencando de um andaime de dezoito metros a fizera abater-se. Nem mesmo quando se viu sozinha sem abrigo e alimento, e ainda com uma filha recém-nascida criar se fizera abater.
Ou até mesmo quando no derrame do qual fora acometida e ouvira do médico a amargurante sentença de que estaria condenada a passar o resto de sua vida paralisada em uma cadeira de rodas, ainda assim, esta mulher tão guerreira se deixara abater. Ela sempre achou que por tudo isso, um dia poderia ser recompensada. Algum dia seria o seu dia de gloria. A senhora Lázara sempre considerou heróis aqueles que enfrentam as mais difíceis batalhas em silencio e com paciencia. Ela buscava inspiração nos seus santos de devoção.
Mas agora era praticamente impossivel consolar-se e aceitar aquele cruel destino, afinal, Mirabela para ela era como se fosse uma grande recompensa de Deus por tudo o quanto passara em sua vida . Como poderia aceitar que lhe tirassem o seu prêmio? Mirabela era o seu troféu, como ela mesma costumava dizer. Depois de tantos sofrimentos Deus havia lhe dado aquele doce de menina, e justamente por Mirabela é que a senhora Lázara não sofreria tanto dalí em diante. Ela recorda-se muito bem quando a senhora Albertina deu a luz áquela criança tão pequenina que a coisa mais visível em sí eram apenas os grandes olhos azuis. Acreditara-se até que ela não sobrevivería. Na época passavam por situações difíceis, tão difíceis que por falta de um cueiro, envolveram-na com uma manta especialmente guardada para ela, dando a nítida impressão de que tratava-se de um manto que envolvia o menino Jesus. Na verdade era uma criança tão linda que mais parecia um ser divino.