A Cidade Transversal - Parte IV - A Travessia

(Delta Flyer, Cap. Summers, 2410.3005.0322)

Depois de um pouco mais de algumas horas de viagem, a Delta Flyer finalmente havia chegado a Jagd Terselôna. A viagem havia sido bem curta porque ele estava viajando em dobra relativamente alta. E lá estava a Jagd luzindo entre as cores azuis, cinza e verde. Era um verdadeiro espetáculo que cingia a sua frente e que ele poderia passar horas só observando aquilo.

Foi para o console dos sensores táticos para analisar a eletrostática do local para ver qual o nível que ali se encontrava.

As modificações que ele havia feito no casco da Delta Flyer foram feitas para as Jagds analisadas pela Frota durante um longo tempo e esperava que as modificações sejam o suficiente.

Depois das analises concluídas, vira que, teoricamente, estava tudo certo. Inseriu os dados no controle navegacional para que a Delta Flyer seguisse o seu caminho dentro daquela maravilhosa tempestade.

A nave adentrou vagarosamente na tempestade e estremeceu por alguns momentos. A pressão eletromagnética daquele lugar fizera que o casco da nave rangesse de tal forma impressionante que até mesmo Summers ficara assustado. Toda ela rangia como se algum ser gigantesco, do lado de fora, pegasse a nave com uma mão e a apertasse de forma igual por toda ela.

A Delta Flyer gritava, reclama, contorcia e se retorcia. Parecia que iria ceder naquele momento em que Summers menos esperada, mas nada acontecia. Depois continuava com os seus gritos e urros. Sensores piscavam incessantemente tentando mostrar a Daniel os perigos que estavam ali fora e que a nave não iria agüentar mais um tempo.

Então as luzes se apagaram, deixando o interior da nave iluminada pelos enormes choques de energia que continuavam a acontecer pouco se importando com aquele pequeno pedaço de metal passando por suas entranhas. A gravidade artificial, por alguns momentos, desligou"se, assim como o suporte de vida.

Summers: "O que diabos vim fazer aqui?" - Perguntou para si mesmo. "Para morrer no meio de uma tempestade, sem achar as

respostas aquilo que eu quero? Que provação é essa?"

Sabia que ninguém poderia responder a isto, pois estava sozinho naquele lugar no espaço e ninguém poderia ouvi"lo gritar em

qualquer direção, mas a nave continuava a descer naquele espaço convulsionado pelo caos e a desordem.

Summers: "Pelos deuses... então é este o fim?"

De repente a gravidade artificial voltou, assim como o sistema de energia. Parece que as suas modificações ainda estavam se adaptando a condição espacial que permeava aquele lugar.

Foi então para o console principal e lá indicava que tudo na nave estava normal. Integridade do casco em 70%, escudos em 69%, armas desativadas, teletransporte ainda inoperante, sensores com alcances de apenas 300.000 quilômetros e havia uma pequena rachadura na área de carga da Delta Flyer e deveria consertar o mais rápido possível.

Levantou-se e foi rapidamente para a área de carga. Lá a nave rangia com ainda mais força e parecia que iria explodir de uma hora para a outra. Pegou o tricorder e analisou onde as forças estressantes estavam exercendo ainda mais força. E, depois de alguns minutos, conseguiu achar o local.

Dali mesmo pegou um reintegrador de reforço eletrônico e colocou"o próximo a parte do casco que estava relativamente fraco. Ao acioná-lo, as forças eletromagnéticas fracas dos elétrons do casco de duranium"tritanium foram reforçadas, fazendo que aquele setor do casco ficasse tão forte quanto o resto da nave. Um reforço de alguns dias apenas, depois o composto decairia ao seu estado atual.

Voltou para a "Ponte de Comando" da nave e analisou a navegações da nave e vira que a mesma continuara a se movimentar de acordo com os dados que havia repassado. Estava a alguns poucos milhares de quilômetros e, então, passou por uma espécie de

barreira, fazendo a nave estremecer novamente.

A violência foi tanta que jogou Summers para longe da cadeira, fazendo-o bater a cabeça na parede da nave.

(...)

Voz: "Hey..." - E sentiu algo batendo na sua face de leve. "Ei, acorde cara..." - Disse a voz. "Está na hora de acordar."

Ao abrir os olhos levou um susto. A nave continuava na tempestade, não havia chegado a lugar algum e ali, diante dele, havia uma pessoa que, por um breve momento, achou que conhecia.

Voz: "Finalmente... estou a duas horas tentando te acordar e nada. Lugarzinho bacana este o seu. Se no Complexo todos os lugares fossem tão interessantes como este." - E aquele homem levantou-se e continuou olhando para aquele lugar ao seu redor. "Sensores de longo alcance, capacidade de Dobra, seja lá isto o que for, escudos bem avançados, interessante esta sua nave."

Summers: "Quem é você?" - Perguntou ele com misto de interesse e, diga-se, pavor. "Como você entrou aqui?"

Voz: "Uma coisa de cada vez." - E pigarreou fazendo um ar resoluto para si. "Sou Rodrigo Maulson, Presidente das Indústrias

Maulson e estou aqui para ajudá-lo nesta sua jornada até chegar a Travessia. E eu estou aqui a pedido dos yanovans para ajudar alguém que nos ajudou a algum tempo atrás e pediu para esquecer tudo."

Summers: "Travessia?"

Rodrigo: "Sim. Algo parecido como o ponto focal de toda a nossa existência. O Complexo. A Travessia, no entanto, é uma forma onde os conceitos humanóides do bem e do mal coexistem, ou, pelo menos, é assim que os yanovans aprenderam das outras grandes raças dos múltiplos universos." - E ficou pensativo por alguns segundos. "Se eu não me engano, este multiverso em particular, vocês lidam com uma raça chamada Antiga e que lhes ajudou o bastante, não é?"

Summers: "Provavelmente e de onde você veio?"

Rodrigo: "Ah, realmente você não se lembra..." - E suspirou. "ah uma pena. Você não sabe o que perdeu com as nossas aventuras

em meu universo. Ainda fico arrepiado como você acabou com Zack, modo tão simples, grotesco e interessante. Se bem que ele merecia, como o seu pai Zonos, o Ser Supremo do Mal."

Daniel se levantou aos poucos. A sua cabeça coçava com uma dor interessante e foi em direção a um sintetizador e pediu chá de

camomila forte. Já não bastava a visita dos antigos a algumas horas atrás, agora tinha ali, na sua nave, um ser que dizia conhecê"lo, mas ele pouco se lembrava.

Summers: "Vai querer algo?"

Rodrigo: "Que tal um Plomak de Quibarii?"

Summers: "Bom, algo que seja comum em nossas realidades. Mesmo que eu explicasse para o computador, dificilmente ele sintetizaria algo próximo ao que você pede. Algo em especial no cardápio humano, você é humano não é?"

Rodrigo: "Em parte..." - Respondeu Maulson no qual no fundo tinha uma alma lemântica. "Bom, pode ser uma dose dupla de whiskey seco, se isto existe no seu universo."

Summers: "Isto existe." - E pediu para o sintetizador fazer o pedido daquele estranho. "Tome." - Entregando o copo para

Maulson e sentando-se numa das quatro cadeiras que ficavam na "ponte de comando" da Delta Flyer. "Certo, tudo bem, ser

supremo do mal, Zonos, Complexo, mas, ainda assim, você não me explicou o que diabos está acontecendo!!"

Rodrigo: "Espere um pouco." - Bebericou um pouco a bebida, depois deixando-a em cima de um console, começou a procurar algo em seus bolsos. "Só mais um pouco." - Levantando o dedo indicador pedindo um pouco mais de tempo.

Enquanto isto a Delta Flyer continuava a singrar naquele espaço inteiramente novo. Ali a Jagd começava a se mostrar algo

completamente diferente daquilo que ele imaginava que fosse. As Jagds deveriam ser apenas um espaço dentro de um espaço. Onde algumas leis da física conhecida não funcionam da mesma forma como deveria.

Rodrigo: "Aqui está." - Tirando um papel do seu bolso. "Bom, de acordo com os yanovans aqui, este lugar no tempo e no espaço, tudo muda e tudo converge num único ponto." - Disse. "Aqui começam as suas provações e de muitos outros. Assim como os Antigos não sabem o porque de Solaris, os yanovans pouco conhecem este lugar. E não, caso esteja pensando, não foram eles que

construíram este lugar. Eles apenas existem de experiências anteriores dos yanovans, dos antigos e de outras raças." - E tomou o resto da bebida de uma só vez. "Muitas raças existiram antes do yanovans, antes dos antigos, mas uma somente conseguiu atingir o ápice da manipulação tecnológica. Que conseguia entender mentes tão alieniginas que mais ninguém consegue entender. Criar espaços dentro de espaços improváveis de existir. E cá está a prova. Você, Summers, terá um guia até chegar a Travessia e de lá seguirá com outras almas a ajudá-lo." - Fechou o papel, colocou-o no bolso, sorriu e pediu mais um copo, onde Summers, prontamente atendeu.

Daniel estava tentando absorver tudo aquilo que Rodrigo Maulson lhe dissera até aquele exato momento. Era muito a se entender e pouco tempo para se compreender.

Summers: "Então, você veio aqui para me ajudar, de fato, a passar ou chegar a uma tal Travessia, correto?"

Rodrigo balançou a cabeça positivamente.

Summers: "E que você veio de um universo no qual eu fiz parte dele, por algum motivo que eu não consigo explicar porque pedi para esquecer e neste lugar eu matei um ser que era filho deste tal de Zonos, o todo poderoso do mal, estou seguindo corretamente?"

Rodrigo: "Mais perfeito que isto, somente desenhando um quadro." - Sorriu enquanto sorvia já o seu segundo copo dado por Summers. Não era como os bons e velhos whiskey de verdade, mas o gosto era bem parecido. Pena que não pode trazer algo da sua adega particular para degustar ainda melhor aquele momento. Antes Summers o tivesse ajudado, agora ele estava ajudando Summers. Que interessante forma que o universo encontra para se pagar certas dívidas.

Summers: "Que, de alguma forma, tem a ver com estes tais de yanovans e eles tem alguma certa ligação com os antigos, os seres

que nós conhecemos. E, no presente momento, estamos na Jagd, mas não exatamente mais nela, é isso?"

Rodrigo: "E o Oscar vai para... então você está agora compreendendo o roteiro completo. Nós vamos seguir, eu e você, nesta sua navezinha até a Travessia e, de lá, você seguira sozinho por outros caminhos. Nesta Travessia, neste lugar, você deverá

enfrentar alguns desafios que somente você deve fazê-los ou nenhum deles, se for o caso."

Summers: "Eu irei escolher?" - Perguntou ele curioso.

Rodrigo: "Quase... é aquilo que isto daqui escolher." - Disse apontando para si mesmo.

Summers: "Meu corpo?"

Rodrigo: "Você é péssimo para ler sinais não é? É o que diabos o seu coração escolher. Todas as dúvidas que lhe permeiam,

serão provas tanto na Travessia quanto na Encruzilhada e só você poderá lidar com isto. Você e aqueles que ama."

Summers: "Neste quesito... bem..."

Rodrigo: "E lá vamos nós."

E um flash tomou conta de toda a Delta Flyer. O brilho era tão forte que os olhos de Summers ficaram completamente ofuscados.

(...)

Várias imagens estavam vindas diante de si naquele momento e sons que não conseguia distinguir juntamente com isto. Gostaria de tampar os ouvidos com as mãos, mas não conseguia deslocá-las, não sabia onde elas estavam, não sabia se, na verdade, realmente existia.

Parecia que todo o seu corpo estava sendo cortado em diversos pedaços e, um a um, analisados por uma força estranha e, ao mesmo tempo, comum.

Paul: "Vamos todos morrer."

Aline: "Você foi um pai prá mim... porque? Por que você continua fazendo isso?" - Parecia chorar, segurava um rifle

phaser e estava com o dedo no gatilho. "Não faça isso, por favor... eu, eu te amo..."

Neo: "O mal sempre existiu e sempre existirá... quanto mais próximo da luz você estiver, maior será a sua sombra... qual é a

sua escolha? Luz? Escuridão? Ou o meio do caminho?"

Lauren: "A USS Bishop é apenas um caminho para que façamos o bem, não se perca, Daniel, não se perca..."

Kirer: "Agora não é a sua hora... não ouça eles que virão, apenas aqueles que lhe importam, não se deixe cair."

Tompsom: "Que a morte com você dure pelo tempo que for necessário, pois agora você jaz por tudo que fez e merece pagar por

aquilo que deixou de fazer..."

Ravij: "O seu final chegou... finalmente..."

E algo lhe pegou pela mão.

Alana: "Não... você não vai..." - E ela apertou a sua mão com força. "Não chegou até aqui para cair no esquecimento, não

agora, não vou deixar que isto aconteça." - E o seu rosto começou a aparecer perante toda aquela luz. "Você não irá

salvar o universo, nem os outros, nem ninguém mais, você precisa salvar a si mesmo. E não vou deixá-lo ir. Você não vai me

abandonar... você me prometeu..."

Illyana: "E a mim também... e você sabe disso... volte... volte..."

E várias vozes vieram a seguir e todas elas diziam as mesmas palavras. Volte. Volte.

De repente Summers estava de volta a Delta Flyer e a frente dela um globo azulado.

Rodrigo: "Você conseguiu, não são poucos que conseguissem, mas são poucos que decidem continuar." - Sorriu. "Lá atrás era a

Travessia e, aqui, começa a sua Longa Jornada."

Summers: "E como diabos você me ajudou, você não fez nada... A não ser que... Kirer?"

Rodrigo: "No seu universo, um fragmento do Império Lemantico reside lá... Adeus Capitão, boa sorte até o seu destino final."

- E Maulson sumiu, tal qual haviam feito os Antigos anteriormente.

Summers suspirou. Tentou imaginar, compreender, entender, o que havia acontecido, mas nada vinha a sua mente. E mesmo que entendesse, o que iria achar sobre isto? Resolveu, então, tentar esquecer o que lhe havia acontecido e, então compreendeu as nuances dos eventos até então. E uma força emergiu de sua alma, forçando-o seguir em frente.

Então a Delta Flyer entrou naquela esfera.

(Continua...)

Para as outras partes acessem o meu perfil. Atualmente estamos na sexta parte.

Daniel Chrono
Enviado por Daniel Chrono em 09/09/2010
Reeditado em 11/09/2010
Código do texto: T2487266
Classificação de conteúdo: seguro
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