A CRISE 

Chegaram muito excitados à BARCAÇA!

A descoberta daquela construção/artefacto ainda não identificado como sendo Nave Espacial ou habitação local, perturbou-os pelo inusitado da sua localização: numa planície erma de uma Ilha perdida no Oceano de um Planeta menor de um Sistema Estelar triplo de uma Galáxia típica num enxame de galáxias atípico...

Georfre com o precioso Manual encontrado na sala, dirigiu-se à zona reservada aos Arquivos, preparado para iniciar a pesquisa pelo facto de lhe terem parecido vagamente familiares os diagramas nele gravados.
Deg foi colocar nutrientes nos hidropónicos acompanhado por Zuzen que colheria alimentos frescos para a confecção da próxima refeição.
A Zuivar coube a verificação e limpeza dos Flutuadores usados na ida à Ilha.
Garr, mestre em alimentação diferenciada, dirigiu-se ao Laboratório Alimentar onde irá confeccionar a última refeição desse Período de Actividade tão fértil em novidades e aventuras antes do próximo Período de Sono.
Terjeboe verificou a âncora magnética, o transmissor de ondas curtas e infravermelhos, os atordoadores neurais, os pistões electromagnéticos, o sintonizador e triangulador de satélites.

O Período de Descanso teve início como sempre mas estando já todos adormecidos, Terjeboe, Garr e Zuivar despertam cheios de dores e inchadíssimos! Foi dado o alarme e Rostiam, o médico, imediatamente se dirigiu para a enfermaria para onde os companheiros dos enfermos já os tinham levado. Eram precisamente os que imprudentemente tinham tocado nas criaturas azuis sem protecção.
Rostiam partiu do princípio que seria uma reacção alérgica pois logo que chegaram à BARCAÇA sentiram um estranho formigueiro. O robot de análises foi activado e imediatamente foram feitas colheitas para análises. Momentos depois o resultado era apresentado e na verdade era uma alergia e havia que preparar algo que os aliviasse; nem sabiam se essa alergia seria fatal ou não. Rostiam pediu aos companheiros que regressassem à planície o mais depressa possível e trouxessem vários exemplares das criaturas azuis para que pudesse proceder à análise dos seus componentes.
Havendo tamanha urgência preparam-se 2 flutuadores para sobrevoarem o bosque e chegarem o mais depressa possível à planície. Levaram pequenos tanques estanques onde seriam colocadas. Desta vez levavam protectores para o corpo todo, o
elgor...

A planície apresentava-se completamente livre de criaturas azuis...

Sobrevoam-na em grandes círculos que vão alargando para poderem pesquisar mais terreno e nada viam... Um exame com infravermelhos nada revelou! Comunicam com a enfermaria para dar a notícia e saber da evolução dos doentes. Foi-lhes dito que eles estavam a entrar numa fase crítica e que não tinham na sua farmacopeia nada que os aliviasse!

Resolvem avançar mais na direcção oposta ao bosque, afastando-se da planície. Por 13 oicóns viajaram nessa direcção.
A planície que até aí tivera aquela cor branco-sujo tornou-se aos poucos alaranjada para logo depois se apresentar de um rubro vivo. Do solo erguem-se varetas negras de vários tamanhos que se movem como que ao sabor de uma grande ventania. Na verdade não havia vento nenhum.
Não havia rasto das criaturas azuis. Até onde podiam vislumbrar e confirmar pelos instrumentos de detecção, a paisagem era assim. Sobrevoam a zona rubra por mais 8 oicóns e subitamente o solo apresenta uma falha, um pequeno e estreito vale que apresenta cor azul. Imediatamente abrandam e pairam sobre ele com esperança que fosse aí o "ninho" das criaturas que buscavam. Através do zoom dos visualizadores confirmou-se a suspeita.
O problema era chegar até elas! Tanto de um lado do vale como do outro, o solo estava coberto de varetas em movimento. Não iam arriscar tocar-lhes depois da imprudência anterior... Lembraram-se de quanto o tinham sido ao pisarem as plantas roxas e caminharem pelo bosque sem saberem ao certo a composição das criaturas terrestres deste Planeta...

Havia uma escotilha inferior nos flutuadores munida de um cabo, usado em salvamentos arriscados. Será por aí que um deles se irá fazer descer até conseguir agarrar nuns quantos exemplares.
Zuzen imediatamente se faz prender ao cabo depois de ter vestido o elgor estanque e agarrado num dos tanques de transporte com a abertura preparada para poder ser fechada com facilidade depois da captura.
Zuzen é baixado até ficar ao seu alcance e estendeu um tentáculo no intuito de capturar uns quantos seres mas, a cada tentativa eles afastavam-se apenas o suficiente para saírem do seu alcance... Zuzen desesperava-se pois o tempo era apenas o que os amigos doentes tinham e cada vez ele mais escasseava.
Toma a decisão de se desprender do cabo e deixar-se cair sobre as criaturas. E assim fez tendo assustado os companheiros com essa decisão.
Ao cair sobre essas criaturas, elas imediatamente reagem com uma ferocidade não esperada em criaturas aparentemente frágeis. Saltam e prendem-se com ventosas ao elgor de Zuzen e delas começa a brotar algo líquido esverdeado e borbulhante que escorre como baba pelo elgor começando a dissolvê-lo! Nos captadores sonoros de Zuzen soam os gritos aflitos dos companheiros e pedidos de que imediatamente proceda à captura o que ele se apressa a fazer tentando ignorar o receio de não o conseguir fazer a tempo. Agarra punhados de seres arrancando-os do elgor e atirando-os pela abertura do recipiente e com um impulso desesperado agarra-se ao cabo que é imediatamente puxado para cima. Os companheiros já protegeram os tentáculos e rapidamente arrancam as criaturas do elgor e deitam-nas pela abertura do flutuador. Zuzen acaba por despi-lo e deitam-no fora porque não têm onde o guardar e está coberto dessa baba dissolvente... Receiam que as criaturas capturadas acabem por dissolver o tanque mas arriscam fazer a viagem de regresso à BARCAÇA o mais depressa possível.
Lá chegados e ainda sob o efeito do stress correm com o tanque para o laboratório. Rostiam já providenciou uma câmara isolada e resistente para poder analisar tão ferozes criaturinhas...
Com uma precisão extrema, todas as partes das criaturas são analisadas sem desprezar a baba esverdeada.
E é nessa baba viscosa e corrosiva que é encontrada uma molécula que neutraliza a substância alienígena que os corpos dos doentes haviam absorvido no contacto com as criaturas.
O laboratório tem capacidade para sintetizar uma quantidade apreciável de um tipo de composto que será administrado aos pobres pacientes.

Passaram 209 oicóns de grande ansiedade para todos quando se verifica que o inchaço e as dores começam a abandonar os infelizes doentes. As análises que são feitas continuamente confirmam que a alergia está a ser debelada e finalmente adormecem exaustos.

Só depois de saberem os amigos fora de perigo conseguem relaxar o suficiente para se tocarem pelos tentáculos, encostarem as cabeças globulares, fecharem os múltiplos olhos e cantarem o Hino da Academia com sons guturais que lhes saem de fendas que têm no cimo das cabeças...

Foi nesse momento que ouvem pelo sistema de som espalhado pela BARCAÇA e ligado ao transmissor/receptor galáctico sintonizado na frequência do carbono, um estralejar característico de tentativa de comunicação exterior...


Beijinhos,

Teresa Lacerda
Enviado por Teresa Lacerda em 10/08/2010
Reeditado em 16/08/2010
Código do texto: T2430477
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