Projeto Cidade Tranversal: O Café
Eles estavam sentado observando a multidão que passava a frente deles. Vez ou outra pareciam que iam dizer algo, mas ficavam calados e, novamente, ficavam apenas observando a multidão. De tempos em tempos, que não se contava o tempo certo ou exato que isso acontecia, um garçom chegava próximo aos dois e enchia os dois copos com um café tão preto, mais negro que qualquer outro café que eles haviam bebido em sua vida.
As pessoas passavam, e seus copos eram cheios sempre, sempre e sempre. Foi então que, depois de um certo período de tempo, e de terem sorvido talvez uma quantidade absurda de café, acabou-se de eles terem algo para falar.
- Eu soube que o mestre falou com alguém de fora, depois de tanto tempo. - Disse um dos homens daquela dupla. Tinha os seus olhos cor verde que não apresentavam nenhum entusiasmo ao falar. - Pena que ninguém gosta de divulgar o que ele falou. Custava alguma coisa?
- Talvez custasse, como custa ficarmos aqui sentados só observando o tempo passar… - Os olhos deste outro homem eram de um rosa bem diferente daquilo que o outro estava acostumado a ver. - Como tudo aqui custa a passar e a mudar.
- De fato… de fato. - Concordou o seu companheiro. - Mas se tudo mudasse muito rápido, como iriamos acompanhar tudo o que acontece?
- Será que queremos realmente acompanhar tudo? Se estressar com a quantidade inconcebível de informações que passam por aqui todos os dias…
- Se é que dias existem…
- Você ainda está querendo dizer que os dias não existem e fica imaginando que é tudo fruto da imaginação de todos?
- Não é isso que dizem deste lugar?
- Pode ser… e pode não ser… um lugar de fantasia, onde todos acham que é dia e acaba sendo dia… eu ainda não acredito nisso.
- Você pode não acreditar, mas eu…
E o garçom veio encher um pouco mais os copos dos dois.