ADONAI - Um Deus e tanto!
Maria do Rosário, empregada doméstica, trabalha em uma mansão na Barra da Tijuca. 21 anos uma bela carioca, da gema. Mantém o emprego, porque divide o patrão com a esposa dele. Ela, a esposa, um verdadeiro trubufú, mas muito rica. È uma noite de verão tipicamente carioca e ela aproveita a ausência dos patrões que graças a deus estão sempre viajando. Vestida apenas com uma leve saída de banho de seda javanesa, presente do patrão é claro, sorve uns goles de uma verdadeira bomba, construída a base de coca cola, vodka, cachaça, leite condensado, uísque, Pimenta e outras. Espreguiçada sobre a sofisticada cadeira de praia, percebe repentinamente a presença de alguém. Vira-se e vê um homem forte e bonito. Parece ter saído diretamente da página de uma revista Italiana de moda.
– Hei! Quem é você? Como entrou aqui?
– Eu sou Adonai. Muito prazer! Vim lá de cima.
– Adonai? Credo! Parece nome da África do sul, como, jabulane, vuvuzela, bafana, bafana, etc.
– Eu sou Deus. Está na bíblia. Vim das estrelas.
– Pera aí! O pastor lá da igreja me faz ler a bíblia todo dia e lá não tem nenhum Adonai. Acho que tu é muito louco.
– Está no Torah, na versão original da bíblia.
Eloin e Adonai. Os deuses eram dois.
– Corta essa! Quero saber como tu entrou aqui.
– Desci lá de cima, já disse. Desviei de um avião da Tam e vim cair aqui. Prova que tenho sorte. Você é muito bonita.
– Tá! Cadê o para quedas ou aquela coisa que chamam para pente?
– Não preciso. Já disse que sou Deus.
– Há é? Então prova. Faz um milagre.
– Milagre custa mais caro, mas posso me transformar em qualquer coisa.
– Ta! Então te transforma num burro. Legal! Você até que é um burro bonito. Mas acontece que burro não tem guampa e nem cavanhaque.
– Desculpe! Acho que misturei com um bode.
– Ok! Você deve ter muita grana, estes sapatos aí custam uma fortuna.
– Bem! Me inspirei num jogador de futebol de folga. Quanto a dinheiro, não tenho nenhum.
– Tá legal! Um Deus pobre. Mas espera! Tu disse que veio das estrelas então tu é um E.T.
– Mais ou menos. Não um E.T. como aquele do filme que a globo passa todo final de ano.
– Há quanto tempo tu ta aqui?
– Na Terra? Desde a época do primeiro faraó.
– Xí! Tu é muito pirado. Aqui no Brasil. Há quanto tempo?
– Há 200 anos.
– Putska! Que idade tu tem?
– Não tenho! O tempo não existe. É invenção humana.
– Tá! Como tu veio naquele tempo? Só agora nós temos ônibus espacial.
– Meu pai me chutou. Me deu um ponta pé na bunda e eu caí no Egito no meio dos faraós. Nefertiti! Ela era muito linda. Cleópatra também. Depois Messalina, tive que pedir dinheiro emprestado. Ela não dava de graça nem pra Deus. De onde eu vim não tinha mulher, só minha mãe.
– E ela não era uma mulher?
– Era, mas nem queira imaginar.
– Agora essa! Um deus mulherengo?
– Claro! Se deus fez coisa melhor que mulher, guardou pra ele.
– Hei! Tu não disse que era deus? Agora ta falando de outro deus?
– Meu pai! Ele é deus.
– Agora tu deu um nó nos meus dois neurônios. Explica!
– Bem nós viemos. Eu e meu primo Eloin. Deveríamos cuidar dos habitantes da terra, para que não fizessem bobagens.
– Há! Então foi tu que falaste com Moisés?
– Sim!
– Como é aquela história da voz que vinha do céu?
– Era a voz do Eloin, eu operava o megafone de 35000 wats com a bunda imantada à partir de um amplificador de cilício enriquecido a 35 000 wats RMS. A gente tentou meter medo nos homens para que parassem de fazer bobagem. Mas não adiantou. Os homens são muito burros. A primeira coisa que fizeram foi inventar o dinheiro. Veja! Você trabalha de doméstica por uma merreca. Enquanto seu patrão gasta dinheiro mundo afora. Vocês vão à igreja no domingo pedir perdão para os pecados, mas na segunda feira começam a pecar tudo de novo. Você foi à escola?
– Bem eu estou estudando. Vou fazer faculdade de sociologia.
– Porque sociologia?
– Porque era a única vaga que tinha. Nem sei o que é isso. Mas preciso do canudo.
– Você quer dizer o diploma?
– Sim! Sem isso eles não acreditam na gente. Tá! Então você comeu todas, quero dizer, Cleópatra, Messalina, Nefertiti etc. Mas dizem que naquela época era complicado. Era difícil.
– Sim! Mas não esqueça que sou deus. Poso ficar invisível. Ai eu dizia que era um anjo do senhor e que ela fora escolhida pra ser a mãe de meus filhos.
– E depois?
– Aí eu me mandava! Pagar pensão? Nem pensar.
– Poxa! Pra um deus, você é bem sacana.
– Nem tanto. Eloin é bem pior. Ele anestesiava.
– Sim! Se você é tão velho então você conheceu Jesus Cristo?
– Sim! Éramos amigos. Eu o ajudei numa porção de truques, mas veja o que fizeram com ele. Vimos que era perda de tempo tentar mostrar o caminho para os humanos e aí, chutamos o balde.
– Há! Então é por isso que quando a gente chama por deus, não acontece nada.
– Claro! Acha que a gente vai ficar todo o tempo a disposição de uma raça que só arranja confusão depois fica pedindo socorro ou querendo que a gente faça cair dinheiro do céu. Então me dediquei às mulheres. Cuidando para aperfeiçoar sua beleza. A terra tem as mulheres mais bonitas de todos os universos.
– Sim! E os homens?
– Concorrência não! Estes nós deixamos que a evolução natural cuidasse. Meu negócio é mulher.
– Tá! Mas você disse que é um E.T. que se transforma em qualquer coisa. Como você é? Isto é o original.
– Não sei! Me transformei em tanta coisa que nem lembro mais como eu era. Mas você não ia gostar.
– É importante que eu goste?
– Claro! Já disse que você é muito bonita e quero copular com você.
– Nossa que linguagem mais démodé. Você quer dizer, fazer um reboleixo?
– Vocês são incríveis! Usam a mesma palavra para uma porção de coisas, aí os estrangeiros se confundem. A pouco você usou o termo comer. A imagem que eu faço é da mulher em um prato sobre a mesa e a gente espetando um garfo nela. E ainda inventam um monte de nomes diferentes para a mesma coisa.
Na época do império, era vossa senhoria. Agora é Coroa. Velho é coroa. Mas coroa não é aquela coisa que vai na cabeça dos reis?
– Maneira de falar! Encurtar as palavras, sabe? Mas vamos deixar tudo pra lá? Que tal a gente partir pro reboleixo?
– Por isso que eu gosto das cariocas. Quando querem um homem, partem logo pra cima. Você não tem namorado?
– Não! Se não eu perco a mordomia daqui. O problema é que o pixulim dele é pequeno. O seu é grande?
– Você quer dizer o Pênis? Sim. Quer ver?
– Não! Fica sem graça. Mais tarde no quarto posso curtir a vontade.
Neste momento ouviu-se uma voz estrondosa vinda do alto.
– Adonai! Seu filho de uma égua! Te mando pra cá pra cuidar da humanidade e tu só fica dando em cima de mulher. Carioca não! Prepara a bunda que desta vez o ponta pé vai te mandar pra tão longe que tu nunca mais volta.
– Xí! É meu pai. A coisa ficou preta. Tchau! Fui!
FIM