Mirabela- o amargo sabor do destino continuação
e segurando-a pelos ombros ele acrescenta:
- A mim só importa você Mirabela. O seu amor, a sua opinião é só o que importa. Eu amo você Mirabela. Quantas vezes vou ter que repetir isso meu Deus do céu?
- Mas Santiago, a minha avó falou que...
Ele a interrompe aplicando-lhe um suave beijo nos lábios.Ela sente-se muito feliz e é dominada por uma imensa sensação de segurança. era como se Santiago pudesse protegê-la de tudo. Ela até agora só havia sentido o calor do corpo da avó que de vez em quando a abraçava fervorosamente. Abraço de um homem só conhecera mesmo o de seu pai e quando ainda era uma criança. Por um momento Mirabela lembra-se do pai e os soluços de seu pranto aceleram-se ainda mais.
Há pelo menos alguns metros dalí a mãe de Santiago, dona Flora observava de longe os dois abraçando-se e muito aborrecida comenta consigo: - Isso não pode ficar assim, esta golpista não vai enganar o meu filho.
No dia seguinte Mirabela como sempre acorda muito cedo, após preparar o café senta-se à mesa para tomá-lo, quando a mãe a senhora Albertina aproxima-se:
- Bom dia filha! chegou tarde ontem, sua avó e eu já dormíamos quando você chegou. Estavamos loucas para sabermos detalhes da festa.
Ela permanece triste e pensativa- E levantando suavemente os olhos encara a mãe de maneira fria de forma que forçava uma suposta animação: - Mãe, eu nunca ví coisa mais chique! aquela festa estava tal e qual um sonho. Mais tarde eu conto para vocês, a vovó também precisa ouvir.
Numa revolta incontrolável a mulher fita-lhe os olhos cheios de ira:
- Vovó, Vovó! parece que para você a vida só gira em torno da sua avó.
- Claro mãe! se eu conto para a senhora agora, depois vou ter que contar para a vovó outra vez. Melhor assim: mais tarde a Fabricia vem aqui e a gente conta tudo de uma vez só.
Era apenas aquilo que a senhora Albertina queria para provocar a filha:
- Eu posso até adivinhar. Não nem precisa dizer, aposto que te humilharam lá não foi? Eu te conheço! este teu jeito murcho não me engana.
- Não mãe, ninguém me humilhou!
- Porque não tiveram chance. Você não é para aquele rapaz. Você é semi-analfabeta, burra, idiota...
- Mãe, por quê está dizendo isso?
- Porque eu não aguento mais olhar para a tua cara.
- O que foi que eu fiz?
- Nada! aí é que está você não fez nada, aliás você nunca faz nada.
Mirabela levanta-se assustada olhando para a mãe com espanto:
- Mãe o que houve? você vive me ofendendo...
- Você é como o seu pai, vai acabar igualzinha a ele, perdida por este mundo afora.
- Como assim perdida? o meu pai não está morto?
Neste instante a senhora Lázara aproxima-se empurrando sua cadeira e interrompe a conversa: - É claro que está querida! a sua mãe está nervosa não é Albertina?
Mirabela afasta-se despedindo-se das duas.
- Bom, deixem-me ir, preciso montar minha barraca. Vó mais tarde eu conto tudo sobre a festa está bem?
Mirabela beija-as despedindo-se, enquanto que a senhora Lázara balança a cabeça olhando para a filha num gesto de reprovação.
E não muito longe dalí Carlão reune a quadrilha passando-lhes ordens: - Pessoal! de hoje não passa, Ou pegamos a florista, ou o chefão pega a gente.
Um dos integrantes da quadrilha cognominado Palito era o mais audaz, estava sempre interferindo na conversa dos outros:
- Escuta Carlão! por acaso você tem alguma idéia de para que o chefe quer aquela mosca morta? ela não tem dinheiro e muito menos algum parente rico que pague algum resgate por ela. Eu, sinceramente não estou entendendo qual é a do chefe.
- E é melhor nem tentar entender, afinal a cabeça de D.Vaggio tem razões que a própria razão desconhece.