OS INIMIGOS - PARTE 2
Andaram na direção do barulho e logo descortinou-se uma paisagem exuberante. Uma queda d água, jorrava de uns 3 metros de altura. Uma água cristalina e abundante os tranqüilizou.
– Veja Hauck! Pássaros! Estão voltando para os ninhos porque em breve irá anoitecer.
– Com certeza. Pelo menos encontramos um planeta habitado. Será mais fácil sobreviver. Deve haver peixes e outros animais silvestres. Por hoje nos contentemos com as rações que temos. Amanhã providenciaremos um meio para obter alimentos.
– Veja! Aqueles frutos estão comidos pelos pássaros, significa que podemos comê-los também.
– Certo! Vamos procurar um lugar para passar a noite, deve chover por aqui.
– Hauk! Atrás da queda d água, não é uma caverna?
– Ok! Já temos onde passar a noite.
Deram a volta por trás da cachoeira e de fato encontraram uma pequena caverna. O suficiente para passar a noite. Resolveram banhar-se no pequeno lago formado pela correnteza. A água morna convidava para um mergulho. Despiram-se e mergulharam quase ao mesmo tempo. Hauk olhava a companheira com os cabelos ondulando e admirava o seu belo corpo de formas perfeitas. Começou a sentir algo diferente por aquela bela mulher que até bem pouco tempo quase o matara.
Quando saiam da água ele estendeu a mão para ajudá-la a subir. Aí não houve como resistir, ele a abraçou e um longo e apaixonado beijo uniu os dois. Hauk fez uma pequena fogueira, estava anoitecendo rápido e começava a esfriar. Ajeitaram-se como podiam com o que tinham nas mochilas e agora estavam embevecidos e uma noite de amor se anunciava promissora.
Depois de uma noite de amor capaz de fazer inveja a qualquer mortal terreno foram acordados pela algazarra dos pássaros. Hauk consultou seu relógio.
– Veja! Já está amanhecendo, pelo meu relógio o ciclo horário aqui é de 6 horas a menos.
– Droga! Significa que eu vou ficar com sono.
– Você pode dormir um pouco mais se quiser.
– Não! Precisamos explorar este território. Lembre-se que precisamos sobreviver.
– Espere! Está ouvindo?
– Sim! Parecem motores.
Hauk foi até a entrada da caverna e olhou pelo binóculo. – São militares, estão a procura dos destroços das nossas naves.
– Então já são avançados. Devem ter sensores que detectaram nossa queda e estão a nossa procura.
– Por enquanto estão se dirigindo para a área onde estão os destroços.
– Sim, mas logo virão a nossa procura. O que vamos fazer?
– Aguardar, acho que não são hostis. Somos apenas dois e eles em número bem maior. Vão querer saber como viemos parar aqui. Estão se dispersando. Um grupo está se deslocando em várias direções. Alguns estão vindo para cá.
Resolveram então pegar as mochilas e partir em direção aos militares. Eles aproximaram-se, mas com as armas abaixadas o que deu tranqüilidade a Hauk e Tehra. Hauk tomou a iniciativa de erguer os braços em sinal de amizade, no que foi imitado por Tehra. Os soldados responderam da mesma maneira. Um deles que deveria comandar o grupo, adiantou-se e estendeu a mão. Instintivamente Hauk o imitou e ambos apertaram-se as mãos. O soldado então fez sinal para que os acompanhassem. Foram acomodados em um carro militar e pelo vidro traseiro Hauk observava duas carretas que transportavam os restos das duas naves. Uma escolta repontava o comboio parando os carros nas estradas o que deixava Hauk e Tehra curiosos.
– Veja! Os transportes deles ainda usam rodas.
– Sim e o barulho é dos antigos motores a explosão. Cochicharam entre si. Chegaram finalmente ao que deveria ser o quartel general. Havia militares por todos os lados que observavam curiosos o comboio. Chegaram diante de um prédio majestoso e foram convidados a descer e acompanhar dois militares. Andaram até uma sala enorme com uma mesa imensa ao redor da qual diversas pessoas estavam sentadas . Um dos militares gentilmente puxou uma cadeira e fez sinal para que Hauk sentasse. Com Tehra aconteceu o mesmo. Uma mulher ainda jovem e muito bonita levantou-se e falou em inglês.
– Sejam bem vindos. Repetiu a frase em uma dezena de línguas e por fim arriscou em português. Quem são vocês e de onde vieram. Hauk e Tehra se entreolharam sem entender nada. Então Hauk Falou.
– Somos de outros planetas e viemos parar aqui por acidente.
– Espere! Isso é Esperanto! Você fala esperanto? Retrucou a mulher com ar de espanto.
– Não sei como você conhece nossa língua ou o que chama de esperanto. Mas, isso resolve nosso problema de comunicação. Meu nome é Hauk e esta é minha parceira Tehra.
– Temos um imenso prazer em conhecê-los e podermos recebê-los em nosso planeta. Meu nome é Jessica.
Então Jessica virou-se para o ministro de relações exteriores sentado a seu lado e que também não havia entendido nada do diálogo.
– Senhor ministro, isto é incrível, mas eles falam uma versão com leves diferenças do idioma esperanto já extinto em nosso planeta. O ministro virou-se para o general Saulo sentado a sua direita e fez um gesto. O general virou-se para Jessica e falou. Mostre o mapa estelar na tela e pergunte-lhes em que posição acham que vivem, se é que o planeta deles está neste mapa. Jessica obedeceu. Localizou a Terra no mapa e falou.
– Este é nosso planeta nós o chamamos de Terra.
– Terra? Perguntou Hauk. Você falou Terra?
– Sim. Retrucou Jessica. Você parece conhecer o nome.
– Sim! Retrucou Hauk. Está em nossos arquivos. Então Hauk andou até o mapa eletrônico no telão de plasma e com o dedo, mostrando conhecimento de computadores, moveu o mapa, procurando algo fora da galáxia. Finalmente localizou algo muito distante, quase um ponto.
– Duran! Este é meu planeta. Aqui fica Vazul, o planeta de Tehra.
– Como assim? Retrucou Jessica. – Vocês não são do mesmo planeta?
Hauk então narrou com todos os detalhes o ocorrido e como vieram parar na Terra. Esperou pacientemente que Jessica traduzisse aos presentes. Um dos cientistas. Um dos poucos que também falava o esperanto. Comentou.
– Doutora! Isso é impossível. Estes planetas estão a milhões de anos luz. Como eles vieram parar aqui tão rápido e em duas naves de combate? Isto parece mais uma lenda. Ou uma história da carochinha.
CONTINUA