Deepdark - O Inicio
"Sou uma pessoa normal...". É assim que tento viver minha vida, normalmente. Mas há um pequeno problema nisso, eu não sou normal. Meu nome é Oliver, até ai tudo bem, mas a história de minha vida não é muito simples. Faço parte do Esquadrão Deepdark, que nada mais é do que um grupo de soldados com poderes especiais, que lutam contra seres extraordinários, monstros, melhor dizendo. Tudo começou quando sem querer, no meio da aula de história, respondi todas as questões que a professora fazia, sem ao menos ler em algum lugar, pesquisar em um livro. Inicialmente, todos ficaram espantados, inclusive eu. Fui levado para a diretoria, onde lá chamaram meus pais. Lembro-me como se fosse ontem, eu sentado na cadeira, meus pais em outras duas cadeiras do meu lado, e o diretor falando de como eu respondera as questões. Espantado, o diretor me deu um cubo mágico: "Pequeno Oliver, pegue este cubo e tente colocar as cores no lugar...". Peguei o bendito cubo, o olhei por alguns segundos e imediatamente minha mente começou a trabalhar. Números, calculos, formulas passavam em meus pensamentos, e quando me dei por conta, lá estava o cubo montado corretamente. Assutado com minhas próprias habilidades, larguei o cubo rapidamente e olhei para meus pais e o diretor. Literalmente eles se encontravam de boca aberta, como se não estivessem acreditando no que viam. Depois do ocorrido, virei manchete nacional e internacional, era considerado um gênio, o novo Eisntein. Recebi vários convites de universidades, me oferecendo bolsas de estudo, até emprego para meus pais, eu era a sensação do momento. Isso tudo com apenas 10 anos. O tempo foi passando, e a cada dia minha inteligência aumentava. Eu chegava a ler cinco livros por dia, todos com conteúdos complexos, sobre fisica, quimica, historia, etc. Quando recém havia completado 18 anos, minha vida mudou drasticamente, meu destino havia mudado. Eu não seria mais um gênio mundial, mas sim o lider de uma equipe montada pelo governo americano, junto com os governos da Alemanha, Inglaterra, Espanha, China, Japão e Brasil. Uma bela noite de verão, eu passeava pela Times Square, olhava atentamente cada vitrine, em busca de um presente para minha mãe. Quando parei na esquina para atravessar, uma van preta parou em minha frente, quatro homens encapuzados me colocaram dentro do veiculo e me levaram para um lugar que não consegui identificar a primeira vista. Eu estava assustado, mas minha mente produzia varios filmes de como eu poderia escapar dali. Cuidadosamente tentei me mexer para o lado e pegar uma faca que estava presa na lateral da van, mas logo meu movimento foi interceptado. Um homem muito alto e forte, moreno pelo que dava para ver, parou em minha frente, abriu um sorriso e falou:
-Calma rapaz! Não faça nenhuma besteira que possa lhe custar a vida...
Gelei com aquelas palavras, resolvi entao ficar quieto no meu canto, esperando o fim de tudo. A van parou com certa violência, os homens encapuzados ficaram agitados, e de repente, todos sairam do veículo. Os primeiros tiros começaram a ser dados, era uma guerra, só podia ser, e eu bem no meio dela. Me encolhi em um canto da van, e fiquei esperando pelo desfecho da batalha, não precisa ser gênio para saber que sair no meio de um tiroteio as chances de você ser acertado são enormes.
Não demorou muito e os tiros cessaram. Um silêncio aterrador desceu sobre a escuridão, tentei ficar o mais quieto possivel, para que minha presença fosse ignorada. Mas tudo foi inutil, logo os passos foram se aproximando, um frio percorria minha espinha, podia sentir meu sangue congelando. De repente os passos pararam, uma sensação de alivio percorreu meu corpo, mas foi então que ouvi vozes:
-Capitão! O alvo está na camionete...
-Bom trabalho Hawk, vamos pega-lo e sair daqui. Antes que eles deem falta dos seus homens!
-Sim Senhor!
O som dos passos se aproximando me deixaram em pânico, mil pensamentos seguiam pela minha cabeça: "O que seria de mim?", "Seria morto? Seria resgatado?". Mal percebi quando uma luz muito forte cegou meus olhos, tentei ainda ver alguma coisa, mas não consegui. Me levantei na esperança de que ele visse que eu estava desarmado, seu uniforme preto me apavorava, mas então ele desligou a luz, tirou o capacete, largou um sorriso e falou:
-Não tenha medo! Viemos te resgatar...
Nunca na minha vida palavras me deixavam tão calmo, minhas forças rapidamente desapareceram, encostei meus ombros na lata da van e sentei-me no chão. O soldado voltou a falar comigo:
-Vamos lá! Temos que te levar até nosso abrigo, antes que eles venham em maior numero.
-Eles quem? Perguntei curioso.
O soldado me fez sinal para sair da van. Sem pensar duas vezes sai, e quando olho para o chão, logo na minha frente, vejo um monstro morto. Na hora fiquei branco, nunca na minha vida eu havia visto algo assim, era nojento mas ao mesmo tempo fascinante. Começei a pensar em estuda-lo, mas logo meus pensamentos foram cortados pela voz do Capitão:
-Não perca seu tempo com isso! Há coisas mais importantes do que examinar um bicho morto!
-Mas imagine só, seria uma grande descoberta cientifica!
-Hahahaha! O governo paga nós exatamente para evitar que a ciência descubra novas coisas...
Fiquei quieto. Não iria responder para o Capitão, quem sabe o que ele iria fazer comigo se eu inventasse de dizer um ai. Pensei em dizer mil coisas diferentes, mas vi que o melhor agora era meu silêncio e minha obediencia, pois se não fossem eles, não sei onde eu estaria agora. Segui o Capitão e o soldado que havia me encontrado por uma trilha, o silêncio que havia entre nós era assustador. Vendo o medo em meu rosto, o Soldado resolveu puxar conversa comigo:
-Não sou muito de conversa, mas já que seremos companheiros de equipe, devo pelo menos me apresentar. Meu nome é Hawk, mas me apelidaram de Black Hawk, pois na noite sou silencioso e mortal.
-Bem, meu nome é Oliver...
Mal ele me deixou terminar e foi falando:
-Eu sei quem você é! O Capitão e o Governo acompanham sua vida há muito tempo. Você pelo visto tem futuro aqui. Não são muitos que entram para nossa equipe, considere-se um rapaz de sorte!
As palavras de Hawk mais me assustaram do que me fizeram bem. Resolvi não falar nada, pois realmente eu não conseguia entender nada do que estava acontecendo. Uma hora eu era apenas um gênio conhecido mundialmente, em outra hora, sou refém de um grupo desconhecido que trabalha para o governo, e pra variar, nem sei de que governo estão falando. Não demorou muito para chegarmos a um campo aberto, em frente, a uns 300 metros, um helicoptero nos esperava. Da porta, saiu uma mulher, pelo pouco que dava para ver devido a escuridão, era uma loira, com olhos azuis e com aquele uniforme preto, mas em seu corpo, o uniforme contornava suas curvas, o que se tornava um deleite para os olhos de quem olha-se. Ela se aproximou de mim, me olhou dos pés à cabeça e falou:
-O último homem que me olhou assim, acabou sem seu brinquedinho predileto...
Suas palavras entraram como fogo em meus ouvidos, fiquei congelado de medo, imaginando como seria perder meu "brinquedinho". Depois dessa, nunca mais pisquei perto dela. Hawk vendo toda a cena, deu uma gargalhada e berrou para a mulher:
-Ei Sarah, não seja assim com o novato! Pelo menos diga um oi.
A mulher mostrou o "dedo feio" para Hawk, que caiu ainda mais na gargalhada. O Capitão então resolveu botar ordem na situação:
-Calem a boca! Posso sentir o inimigo vindo! Vamos embora!
Imediatamente entramos no helicoptero, que majestosamente levantou vôo. Olhando para baixo, pude ver mais monstros, iguais aquele que estava morto perto da van. Seus corpos lembravam lobos, mas não tinham pelo nenhum, seus enormes dentes caninos, saiam boca afora, amedontrando quem estivesse enfrentando. Eu é que não queria enfrentar um desses pela frente. Com uma cara de bravo, o Capitão foi falar com Hawk:
-Hawk! Pensei que você tivesse matado todos os Wolfskin!
-Mas eu também pensei que havia matado todos! Mas pelo visto eu estava enganado...
-Seus enganos estão começando a me irritar. Imagine se nós ficassemos mais alguns minutos lá em baixo. Poderiamos ter morrido! Pense nisso da proxima vez! Sem mais falhas!
-Sim Senhor!
Olhando toda a cena, fiquei com pena de Hawk, resolvi puxar conversa:
-Hawk, o que são esses Wolfskin?
-Meu amigo, são a pior coisa que você pode imaginar...
-É,eu notei isso. Da até medo de enfrentá-los!
Hawk deu uma risada enorme, e respondeu:
-Meu chapa, isso é o menor dos males...
Meus ouvidos não podiam acreditar no que eu estava ouvindo. Se aqueles monstros eram o menor dos nossos problemas, fiquei imaginando o que seria o maior dos nossos problemas. Vendo meu medo, Hawk tratou de me tranquilizar:
-Calma rapaz! Nossa equipe é bem forte! Espere até conhecer o resto do pessoal...
-Só espero que não sejam como a Sarah!
Nós dois rimos alto. O Capitão e a propria Sarah, que pilotava o helicoptero, ficaram nos olhando sem entender nada, logo Hawk me respondeu:
-Não se preocupe, a Sarah é uma boa pessoa, é só conhecer ela melhor. Quanto ao resto do pessoal, são gente da boa, não precisa se preocupar.
Espero que eu não me preocupasse mesmo, pois bem lá no fundo, eu estava tremendo de medo, porque a cada hora que passa, minha vida esta virando um caos. Foi a vez de Sarah falar:
-Estamos chegando na base!
-Certo Sarah! E olhando para nós, falou:
-Tá na hora de apertarem os cintos, pois a descida vai ser turbulenta!
Sempre rindo, Hawk apertou seu cinto, fiz o mesmo, pois não queria morrer de um jeito estupido como este. A descida foi dificil, com muitos solavancos devido aos ventos fortes que sopravam no topo da montanha, onde ficava a base secreta. Quando o helicoptero posou, dei graças a Deus por estar vivo, e prometi nunca mais entrar em um troço desses.
Desci do helicoptero, assim como Hawk, Sarah e o Capitão. Os segui pelo enorme saguão, lá meus olhos viram coisas que nunca eu tinha visto na vida, maquinas enormes com tecnologia desconhecida e pelo visto extraterrestre. Haviam também muitas armas estranhas, com tamanhos e formatos diferentes. Não consegui ver mais coisas porque passamos rapidamente. Uma enorme porta de metal se abriu diante de meus olhos, fiquei com medo de entrar, pois sabia que ali começava uma nova vida. Respirei bem fundo, tomei minha descisão, entrei.
Dentro da enorme sala, o resto da equipe nos esperava. Todos ficaram me olhando, fiquei sem jeito, pois me senti um estranho no meio das pessoas ali presentes. Cortando meus pensamentos, o Capitão tomou a palavra:
-Oliver, este é o Esquadrão Deepdark! Nossa missão é acabar com o Dr. Malevolus, um cientista maluco, bem maluco para ser sincero,que quer dominar o mundo...
Pensei comigo mesmo: "Que clichê! Parece roteiro de filme de 2ª categoria". Deixei o Capitão continuar a falar:
-Esta historia parece algum tipo de filme ridículo para você soldado?
Levei um enorme susto, até parecia que o Capitão conseguia ler meus pensamentos. Gaguejando respondi:
-N-não acho! Me parece ser bem real...
-Foi como pensei. Mas continuando, estes monstros que você viu hoje, são só os guerreiros do Dr. Malevolus, monstros descartaveis, bem dizendo.
-Como assim, monstros descartáveis...Perguntei meio sem entender nada.
Soltando um largo sorriso, me respondeu:
-São descartáveis, porque onde morre um, dois aparecem. O Dr. Malevolus, possui uma maquina capaz de abrir portais em outros mundos, repletos de criaturas horripilantes, fazendo os Wolfskin, parecerem poodles.
A comparação feita pelo Capitão me gelou todo o corpo. Só de pensar que haviam monstros muito piores que aqueles que ví, já me fazia o coração bater mais forte. Tentei não demonstrar que estava apavorado, mas não consegui. Com a voz trêmula, perguntei ao Capitão:
-M-mas, q-que tipo de monstros e-estamos falando?
-São monstros que vão tornar seus piores pesadelos, em conto de fadas...
Quando ele terminou de falar, levei um baita susto, todos na sala presentes riram da minha atitude. Respirei um ar bem fundo, tentei voltar em uma posição mais de homem, e fiz sinal com meu braço para o Capitão continuar:
-Como eu ia dizendo...Há muitos anos nosso esquadrão combate o Dr. Malevolus, muitas duras batalhas foram travadas, algumas ganhamos com louvor, mas outras perdemos feio. Nosso maior problema, é conseguir penetrar na fortaleza dele. É muito bem escondida, fortemente protegida. Até hoje, não conseguimos passar pelo primeiro portão...
-E quantos portões são ao todo?
O Capitão parou, pensou e falou:
-Eu não sei bem ao certo, mas não são poucos...
A resposta foi bem animadora. Notando meu silêncio, ele continuou a contar a história:
-Mas agora a história é outra. Temos você Oliver, o último membro do esquadrão que precisavamos, alguém com a inteligencia muito elevada, que com o treinamento certo, se tornará mais esperto e inteligente que o Dr. Malevolus.
Fiquei totalmente sem palavras. Eu, um nerd, sendo um herói para a humanidade. Nem em sonho eu imaginava isso, o máximo que eu sonhava, era ganhar um prêmio nobel. Olhei para cada um presente ali na sala, todos me devolviam olhares de esperança, eu sabia, lá no fundo, que meu destino estava celado com eles. O Capitão vendo que eu não tinha uma resposta certa, me deu tempo para pensar:
-Meu filho, pense até amanha, se é realmente isso que você quer. Pois você não será um herói conhecido, mas sim, um herói das sombras, que não revela sua identidade para o mundo, pense nisso filho. Boa Noite!
E agora, me perguntei, o que eu deveria fazer? Aceitar uma proposta no minimo bizarra, lutando ao lado de pessoas que eu nem conheço, por um ideal que nem sei se é verdadeiro. Milhares de perguntas ecoavam pela minha mente, tentei deitar mas não consegui, olhei pela janela de meu quarto, só enxergava neve e mais neve, uma imensidão branca.
Finalmente, depois de muito pensar, levando em conta os prós e os contras, resolvi aceitar a proposta. Com certeza eu fazeria mais pelo mundo lutando contra o mal, do que tentando fazer valer a paz mundial, afinal, eu tava muito afim de matar uns bichinos por ai.
Na manha seguinte, todos se reuniram na sala novamente. Lá estava eu, no centro da roda, cheio de mutantes ou monstros, ou sei lá o que, em minha volta. O Capitão se colocou em minha frente e logo fez a pergunta crucial:
-O que me diz? Está no time?
Fiz um silêncio, que chegou a ser assustador, mas respondi com firmeza:
-Sim! To dentro!
O Capitão soltou um suspiro de alivio e felicidade. Hawk foi o que mais comemorou, todos dirigiram a atenção para ele:
-Hawk, qual é o motivo de tanta alegria? Vai dizer que você e o novato estão de caso...
Todo mundo riu da cara de Hawk, e consequentemente com a minha, mas logo foi se explicando:
-Nada a ver pessoal, eu apostei com a Sarah ontem a noite, dizendo que o garoto iria aceitar, e ela apostou que ele iria sair correndo com o rabo entre as pernas. Alias, Sarah, você me deve cem mangos.
Sarah fez uma cara de quem não gostou. Acabando com a festa, o Capitão tomou a palavra, como sempre fazia:
-Certo Oliver, de agora em diante, sua vida normal acaba aqui...
-Como assim? Acaba aqui? Vou ser morto?
-Calma, não é isso. Oliver Phillips, deixará de existir. Você andara no anonimato para o resto do mundo, mas para nós, seu nome de agora em diante, será...Blackjack!
-Que nome mais ridiculo...não tem um melhor?
-Você pode optar por se chamar Rabbit...
Todos caíram na gargalhada. Piadinhas sem graça ecoaram pela imensidão da sala: "Que gracinha...", "Uuuuiiii que meigo". Fiquei com Blackjack mesmo.
-Capitão, e meus pais? Meus familiares?
-Não te preocupe. Eles serão informados que de você faleceu em um acidente de carro.
-Meu Deus, como vocês são dramaticos! Não tem nada melhor para contar?
-Não temos no momento. Mas aceitamos sugestões...
-Ok! Já entendi. Mas eu poderei ve-los?
-Infelizmente não, Blackjack!
Minha vontade era de chorar, pois nunca mais eu iria ver meus pais de novo. Tentei segurar o mais que pude, mas uma lagrima escorreu pelo meu rosto. Vendo a cena, Hawk colocou a mão no meu ombro, tentando me consolar:
-Aguente firme amigão! Na hora a tristeza é uma dureza, mas com o tempo, e algumas batalhas, alguns tiros e adrenalina, você vai esquece-los.
Por mais que Hawk tentasse me ajudar, meu coração era só tristeza. Fui para meu quarto pensar um pouco. Não demorou muito para que lembranças viessem a minha cabeça. Deitei na cama, fiquei a olhar o teto, as horas foram passando, e o sono não vinha. As palavras do Capitão ficaram martelando na minha cabeça, cheguei até em desitir disso tudo, voltar atrás, mas meu orgulho não deixava. Eu tinha aceitado, e era ali onde eu iria ficar.
Consegui finalmente pegar no sono. O próximo dia ia ser de matar...
CONTINUA!