3001, uma odisseia no hiperespaço - humor científico - Capítulo II

Apesar dos kilo-inebriantes, mega-estonteantes, giga-mirabolantes progressos tecnológicos que a humanidade atingiu até o ano de 3001, para uma nave hiperespacial poder decolar rumo às inimagináveis distâncias intergaláticas utilizando as dobras espaço-temporais, ainda era necessário afastar-se do campo gravitacional do planeta, de modo que o hiperespaçoporto encontrava-se em Luna, satélite natural da Terra, cuja força gravitacional correspondia a 1/6 da terrestre.

Fofuxa e Maluco chegaram lá tomando o teletransporte que, infelizmente, só podia transferir instantaneamente e apenas através de pequenas distâncias, como da Terra a Luna, matérias de volume e peso semelhantes ao do corpo de um adulto mediano.

Logo na chegada, ao se dirigirem pro setor de embarque do hiperespaçoporto, foram abordados por pivetes provenientes dos asteróides da periferia de Favelum Tosca, planetinha desclassificado que ficava nos cafundós da Via Láctea, onde se fazia antiéticas experiências genéticas misturando genes humanos com os de bestas-de-carga nativas de diversos planetas, de modo a se obter mão-de-obra mais barata que a de robôs ou andróides, pra trabalhar na terraformação de planetas inóspitos.

As grandes incorporadoras do primitivo Setor Capitalista Selvagem do Sistema Solar, cuja sede encontrava-se em Marte, tomavam posse clandestinamente dos tais planetas inóspitos na periferia das galáxias mais fuleiras, com vistas à especulação imobiliária-planetária. Seus clientes preferenciais eram as espécies alienígenas culturalmente primitivas provenientes de planetinhas desclassificados, que se encontram nos setores mais barra-pesada do Universo, mas ricos em algum tipo de valiosa matéria prima que, vendida a preços exorbitantes pros planetas mais adiantados tecnológica e culturalmente, faziam a fortuna de ditadores e traficantes e outros tipos de gente fina e bacana como eles.

Os pivetes que abordaram o casal de amigos faziam parte do refugo de tais experiências, que por algum motivo não apresentavam funcionalidade satisfatória e eram então clandestinamente descartados em qualquer lugar. Os sobreviventes costumavam habitar lugares como Luna, onde havia um grande movimento de passageiros constantemente embarcando e desembarcando dos voos hiperespaciais. E que, portanto, como todo viajante ou turista que se preze, estão sempre dispostos a comprar bugigangas como livros e revistas virtuais em 3D de publicação barata, cartões postais holográficos de todos os pontos do Universo, barbeadores a energia phaser, lembrancinhas de Luna e da Terra esculpidas toscamente em pedras lunares, garrafinhas de água mineral proveniente do degelo das montanhas de Titã (uma das luas de Saturno), e salgadinhos Algol Chips sabor gordura hidrogenada, mas em cuja embalagem diz-se ter sabor de camarões dos mares gelados de Netuno. Eram coisas desse tipo que os pivetes vendiam.

Fofuxa comprou um cartão postal holográfico que mostrava uma espetacular paisagem dos cheios de crateras e escaldantes desertos de Mercúrio ao pôr do sol. E Maluco comprou uma revista virtual em 3D cujo exemplar prometia lindas fotos de garotas venusianas boazudas fazendo a manutenção de robôs anões do Sistema de Sirius, que eram trabalhadores das minas de tungstênio nos distantes rincões das luas de Júpiter.

Em seguida, embarcaram no Expresso Hiperespacial das Onze, mais conhecido como Adoniran, embora ninguém soubesse explicar porquê.

Eles jamais poderiam imaginar que estavam a caminho de uma aventura muito mais eletrizante do que supunham experimentar com o passeio programado.

(continua no próximo capítulo)

Maria Iaci
Enviado por Maria Iaci em 18/05/2010
Reeditado em 19/05/2010
Código do texto: T2263939
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