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     A grande erupção II
 
 
      Desde pequeno S. H. Wayne sonhava com as viagens no tempo; para ele a existência terrena não podia ser confinada apenas à medição implacável do relógio, sempre marcando os instantes à frente. Quantos acontecimentos e situações já haviam se passado antes mesmo do seu nascimento? Como então ele podia estar confinado a seus parcos 33 anos, se o mundo explodia em vida e acontecimentos desde o início de sua criação? Sabia ele próprio que deveria existir uma chave, um portal, que uma vez aberto permitiria os deslocamentos interdimensionais e assim as viagens no tempo.
 
     Para isso ele havia dedicado seus últimos 12 anos de estudos, desde 1909, quando ainda bem jovem ingressara na Academia de Ciências do Imperial College London, em Londres, sua cidade natal. À medida que expunha suas idéias aos colegas da academia, foi gradualmente sendo ridicularizado e taxado como um gênio excêntrico e também lunático. Mesmo sem apoio, mas munido do acervo de compêndios de engenharia e tecnologia, dos recursos financeiros de sua herança e de muita disciplina, transferiu seu laboratório para o porão de sua moradia em Belsize Park, onde podia trabalhar até tarde da noite, incógnito e sem ser perturbado pela sua única companheira e eterna governanta, Ms. Andrews.
 
   Ms. Andrews há mais de três décadas trabalhava com os Wayne, e se dedicou como uma segunda mãe ao jovem órfão adolescente, após a trágica morte de seus antigos patrões. Mas a cada dia ela se preocupava mais com o comportamento obsessivo de seu pupilo, trancafiado naquele porão em misteriosas atividades, as quais se acentuaram após o ingresso na universidade. Seus temores foram dolorosamente confirmados no fatídico dia em que presenciou o estranho ocorrido, que culminou no desaparecimento do jovem Wayne. Desde então vivia reclusa, assombrada pelas lembranças e pela dúvida.
 
   No meio universitário a notícia do sumiço do polêmico cientista foi seguida em poucos meses por uma crescente onda de distúrbios ambientais, estes verificados nas regiões escandinavas e em algumas ilhas próximas ao arquipélago; relatos de tremores de terra e atividade vulcânica, estranhamente coincidiam com o início de intensas explorações mineratórias em Austurland, região gélida e elevada da Islândia. Ambientalistas criticavam duramente tais explorações, todas patrocinadas pelo governo britânico, consideradas predatórias ao meio ambiente e de sucesso duvidoso...
 
   Ainda atônito pelo acontecido, Wayne divisou o dispositivo numérico no painel de sua invenção e quase duvidou do que acabara de ler ... 2017 ... Sim: não havia dúvida; finalmente poderia provar a todos os seus críticos o quão estava certo sobre suas teorias... Lembrou-se então da maleta de emergência, repleta de ferramental, acondicionada sob o assento. Graças ao bom Deus! Teria como reparar os danos e retornar à sua época; precisava alertar às autoridades competentes o que acabara de presenciar; de seu sucesso dependeria a sobrevivência de toda uma geração!
 
 
   Continua...
 
 
  
Obs: inspirado parcialmente na criação de Bob Kane (24/10/1915 – 03/11/1998), quadrinista norte-americano, criador de ícones da cultura pop.
Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 02/05/2010
Código do texto: T2232394
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