O E.T. ESPIÃO

Lauro Winck

Herzog era um Extra terrestre de uma distante galáxia e tinha uma missão, descobrir como era a terra e como viviam seus habitantes. Seu planeta de origem enfrentava já os problemas de superpopulação e precisavam localizar um planeta semelhante com as mesmas condições atmosféricas. Pertencente a uma raça super avançada capaz de produzir naves intergalácticas e de dominar as distâncias podiam encolher o tempo e produzir curvas temporais capazes de reduzir as distâncias. Após uma busca de anos, localizaram a terra e estudos preliminares haviam determinado ser o planeta ideal. Possuíam ainda um sistema avançado de comunicações que permitia que mantivessem contato mesmo de galáxias localizadas nos confins do universo. A pequena nave podia viajar no vácuo espacial ou voar na nossa atmosfera semelhante ao seu planeta de origem. Vamos chamar de planeta xis, pois o nome é tão complicado que não possuímos símbolos capazes de representá-lo e não conseguiríamos sequer pronunciá-lo. Herzog pousou no Brasil em uma área da Chapada Diamantina onde poderia descer sem ser notado. Uma figura extremamente magra, grandes e misteriosos olhos, mais parecendo objetivas de câmeras de vídeo. Não usava roupas e sua pele cinzenta o protegia de altas ou baixas temperaturas, pois possuía um sistema natural mutante que se adaptava rapidamente ao clima. Assim, não precisava de malas ou mochilas para encher de inutilidades, como roupas e outros badulaques que nós humanos carregamos e às vezes nem precisamos. Seu sistema de comunicação era intra-dérmico e para falar bastava fazê-lo dirigindo-se diretamente à palma da mão, onde havia o dispositivo emissor. A recepção era diretamente enviada para outro dispositivo acoplado internamente ao seu ouvido. Podia locomover-se simplesmente flutuando graças a uma tecnologia que invertia a força de gravidade e com pequenos movimentos acelerava ou reduzia a velocidade de vôo. Um sonho para qualquer humano incapaz de saltar mais que sua própria altura. Bem costumamos tratar qualquer ser diferente como não humanos. Estamos melhorando, já consideramos chipanzés, como seres humanizados. Herzog deslocou-se para o Rio de Janeiro, fazendo o trajeto em minutos. Era noite e precisava começar a enviar os relatórios. Iniciou então a transmissão narrando o que observava.

– Estou sobre um grande povoado e nunca vi tanta luz, acho que os terráqueos tem medo de escuro. Agora vejo vias imensas e mais iluminadas que o resto. Existem objetos estranhos movimentando-se em todas as direções, uns maiores outros menores parecem besouros com luzes frontais. Fazem muito barulho e me parece um meio primitivo de locomoção.Agora vejo terráqueos, devem ser os machos da espécie, sentados ao redor de umas plataformas redondas apoiadas sobre estacas na calçada, sorvem um líquido de uma bebida fermentada e outros batem em uns tubos com tampas de couro sonoras produzindo uma música estranha com um ritmo ligeiro e desconhecido. Usam uma espécie de agasalho sobre o corpo, mas em total desarmonia, pois as cores são variadas e não combinam entre si. O que parece ser a fêmea da espécie, usa agasalhos sumários que apenas cobrem partes minúsculas do corpo. Na verdade não protegem nada. Agora vejo em um local mais escuro o que deve ser um casal da espécie unindo suas bocas parecem estar transferindo alimentos boca a boca um para o outro. Agora, dois besouros se atracaram num cruzamento de vias e um deles pegou fogo. Gente estranha, agora emitem sons estridentes dos besouros e fazem uma barulhada infernal. Os outros besouros se aglomeram e vira tudo uma confusão. Agora saem dos besouros uns terráqueos e começam a se agredir a socos e ponta-pés. Vou sair daqui e explorar outros locais. Agora vejo uma abertura em uma das altas caixas que deve ser uma espécie de habitação coletiva. Possui uma infinidade de aberturas todas iguais. Agora vejo outro casal e macho e fêmea se agarram e começam a tirar os agasalhos um do outro. Agora os dois estão nus e o macho joga a fêmea sobre algo que deve ser onde descansam e começam uma luta ou algum ritual estranho. Continuam transferindo alimentos boca a boca e agora a luta muda de posição. Parecem comer sempre, pois não param nem na hora da tal luta. A fêmea emite sons estranhos e o macho parece estar perdendo o fôlego. Que coisa estranha! Agora, espere, acho que a luta terminou, mas os dois estão deitados um ao lado do outro e parecem cansados. Puxa agora o pau comeu estão se agredindo, que coisa! Já se viu? Parece que o esporte predileto por aqui é a porrada. Acho estranho que a transferência de alimento ocorre somente entre sexos opostos. Não vi os machos fazendo isso entre si. Deve ser então a maneira como o macho alimenta a fêmea. Agora em outra abertura, vejo terráqueos sentados diante do que parece ser uma caixa com uma janela colorida que permite espiar a vida dos outros e sabe o que estão espiando, outra briga feia. Agora estão mudando pra outra sala e tem um casal também transferindo alimento boca a boca. Noutra janela, outro casal praticando aquela luta que parece ser muito popular por aqui. Parece que além de se agredir eles passam o tempo todo comendo. Ah, agora vejo alguns jovens da espécie, também estão diante de outra caixa com janela colorida, mas, estão praticando o que parece ser um treino, Cruzes! Estão treinando, como matar os outros da espécie, pode? Herzog encerrou o relato e foi dormir. Isto é, tentar dormir. Não esperava encontrar algo tão estranho num planeta tão bonito, com tanta mata, flores e belos campos. Que povo mais estranho será esse? No dia seguinte, Maracanã lotado. Fla-Flu em campo os dois times frente a frente. Herzog iniciou o relatório. Agora estou sobre um estranho edifício circular com um retângulo verde onde machos usando agasalhos estranhos de cores diferentes, correm parecendo disputar a posse de uma esfera que arremetem dando ponta-pé. Agora a esfera foi arremessada e foi contida por uma rede, o que provocou uma histeria completa. Espera, agora partiram pro esporte predileto o pau fechou de novo e agora todo mundo briga. Os machos dentro do retângulo verde engalfinham-se em uma batalha generalizada. Uma multidão ao redor em assentos ao longo do retângulo, também brigam, nem as fêmeas são poupadas. Olha cara, acho que precisamos descolar outro planeta, este aqui é muito perigoso. Vou encerrar e me mandar antes que sobre pra mim também. Se eles fazem isso com eles mesmos imagine o que farão conosco. Cambio e desligo.

Lauro Winck
Enviado por Lauro Winck em 30/03/2010
Código do texto: T2167331
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