DEPOIS DO FIM
Vago por esse mundo confuso e nebuloso, um mundo desordenado e estranho. Vejo figuras estranhas e pergunto àquela que mais se parece um ser humano, ou seja, pergunto à ser metamorfoseado e horrendo:
_ Onde termina toda essa confusão? Onde está o fim?
Recebo como resposta um gemer e em seguida uma série de ruídos estranhos que imitam uma risada, que entremeada de palavras, me responde:
_ Aqui neste inferno, o fim fica um pouco antes do início. A lina que você tranpôs era o fim. Aqui não se espera o término da agonia, apenas a espalha e deixa que o tempo a multiplique.
Atordoado com essa informação, eu olho ao redor e vejo apenas um mundo que mais me parece um cenário de filme de terror. Sinto na pele um arrepio. O que me denominaram ser o inferno, eu prefiro chamar de "DEPOIS DO FIM", e eu deveria me considerar um previlegiado por ter sobrevivido ao fim e estar com vida até agora. Mas, sinto-me apenas uma aberração da natureza, um ser estranho num mundo estranho. Deixo o horror desse destruído mundo entrar pelos meus olhos e me assusto com a intensidade da dor e da destruição. Pergunto-me como o homem chegou a esse fim e tento me recordar como era o mundo antes do fim, descubro então que estou sonhando com o paraíso, um éden que não mais existe. Talvez tenhamos retornado ao caos e dentro de algum tempo uma voz dos céus se faça ouvir e nos anuncie que reconstruíremos o mundo outra vez. E que usaremos essa monstruosidade que vejo diante de meus olhos ainda incrédulos, pois vejo a sucata do mundo, os restos dos seres vivos, homens transformados outra vez em animais, de uma forma que me faz desejar estar morto. Não gostaria de estar aqui apreciando a vergonha dos meus antepassados e vendo o homem depois de ter chegado ao fim tentar retornar ao início. Tento nesse mundo recordar como era o jeito de viver antes que se chegasse ao fim. Fim este que inocentemente pensamos que nos pouparíamos de uma desgraça maior. Na minha memória, eu recordo de um mundo verde florido, alegre, em que crianças brincavam nas calçadas e um céu salpicado de estrelas vela uma noite linda e o sol amigo vem anunciar o início de um novo dia. Agora eu olho o céu e vejo um espaço opaco, não há estrelas, não vejo o sol e ás vezes negras nuvens de formatos estranhos passam lentas e pesadas transformando a noite-dia em um escuro ainda mais sombrio.
Em meio a esse caos, encontro mais uma estranha criatura. Olhando para ele eu posso ver negros buracos vazios, os olhos parecem ser a parte mais crescido do rosto e derrama sobre a face, a boca tornou-se menor que o nariz, ou melhor, que as negra crateras do nariz,o maxilar adquiriu uma forma pontiaguda e os pelos do corpo crescem desordenamente, obrigando o homem a duvidar de sua criação ter sido uma obra Divina.
Giro sobre os calcanhares e corro os olhos outra vez por esta sucata de um mundo destruído, massacrado e humilhado onde tudo me parece fora do lugar e supeito. Vejo criaturas tremedamente assustadoras e ao me encaminhar para elas, mais movido pela curiosidade, do que pelo desejo de fazer amigos, eu as vi fugir assustadas e me assutei sentindo o meu orgulho ferido. Eu um ser humano normal, ou pelo menos era nomal no meu antigo mundo, numa época antes do fim. Agora estava assustanto aqueles seres fugidos de um filme de terror. Então, parando para me observar, notei o quanto eu deveria parecer estranho em meio a eles, pois naquele momento eu me encontrava como se estivesse acabao de me levantar pela manhã, para mais um dia de férias. Vestia um surrado jeans e uma camiseta com mangas e golas deformadas pela tesoura. enfim, era um típico cidadão americano divertindo em férias que bruscamente haviam sido interrompidas por um aviso no rádio e logo em seguida uma enorme explosão e por um tão profetizado cogumelo de fumaça. Era o fim.
Agora me encontro entre monstros e um mundo tão estranho, eu não consigo entender o espaço de tempo que houve desde a explosão, até o atual instante. Suponho que décadas se passaram e não consigo me encontrar no tempo. Talvez ao caminhar, viver e ver o tempo passar eu possa encontrar explicações para a atual situação do homem, e para a minha própria existêncianesse mundo destruído. Embora tudo me espante, guardo comigo a esperança de sobreviver nesse mundo, pois ao olhar ao redor noto que sou o único. O único que ainda conserva a aparência humana e isso me faz pensar que deve haver um motivo para eu ter sobrevivido e ainda conservar minhas formas humanas. Penso comigo mesmo que talvez seja um novo ADÃO e tenham me incubido da recriação da espécie humana. Mas, onde está a minha EVA? Como poderei encontrar um outro sobrevivente que ainda conserve as características humanas? Sonho com uma comunidade surgindo, imagino que talvez Deus tenha me reservado planos especiais e me sinto um verdadeiro escolhido. De repente me dou conta do absurdo de que esse mundo foi destruído, de que só restou o caos e que não um só ser com o qual eu possa me identificar. Então como um louco, eu rio do meu sonho de Adão e Eva, e o meu riso é histérico e solitário em meio ao silêncio que se formou ao meu redor. Rostos estranhos me encaram, me olham curiosos e descubro que esse será o meu mundoe esse seres estranhos, serão meus companheiros nesta jornada que disseram ser eterna. Meu sonho não existe, e eu tenho que me aproximar desses monstros, meus novos companheiros. Esse será o meu mundo e cabe a mim conhecê-lo e tirar dele o melhor. Terei que aprender a não me assustar com meus novos amigos e dividir com eles a experiência de viver depois do fim, pois a solidão mais que a destruição, me incomoda e me assusta.
Ans, 10 de agosto de 1992.
Há muito tempo tive o vislumbre deste mundo destruído, já nem sei mais o que já se passou por lá desde então. Assim que a minha mente puder criar uma continuação, então partilharei com vcs.