A fábrica de armas

Marteladas, chiares de ferro derretido, batidas, serradas e muitas outras onomatopeias se ecoavam por milhares de metros quadrados de depósitos, ferragens, a forja e a implacável fábrica de armamentos do Sr. Descaso, homem de olhar penetrante, face rude e mal encarada, calibre magro como a de um graveto seco, roupas ricamente ornadas, de poucas palavras e um ar complexado querendo ser Deus.

Muitos são os trabalhadores que doam seus corpos, seus dias, noites e suores pelo progresso das riquezas do seu patrão, bem como a manutenção da máquina guerra. Por nada menos que um salario mesquinho e que mal dá para comer, para ter forças de tocar a fábrica de armas. Bem cedo ainda acendem-se os fornos de forjar, a fábrica mais um dia no alvorecer impiedosamente devora pouco a pouco as inúmeras pessoas sejam: mulheres, homens, velhos e crianças. Que na falta de melhores oportunidades de sub existirem, ajudam indiretamente no propósito das guerras. Fazendo os projéteis de fuzis, pistolas, bazucas, brindados e outras mais sorte. Que irão em breve tirar a vida de seus semelhantes e filhos na reservista.

E no horário de almoço...

uma verdadeira loucura, todos correm como se a comida fosse correr de seus pratos ou com medo dos saldados confiscarem suas pobres marmitas. Nestes tempos de guerra e em terras aonde o desrespeito, o terror, a pobreza e os conflitos emperavam, não seria de se admirar, se isto acontecesse.

Na hora do almoço as pessoas parava ainda que em um minusculo espaço de tempo e se olhavam e as vezes sorriam. Esquecendo as suas misérias, cantavam e comiam, falavam e comiam, discutiam e comiam.

Então a hora tão sagrada do almoço chegava ao fim, e os operários com um ar meio triste iam mais uma vez para o pesado trabalho. E o barulho começava outra vez, para a satisfação do Sr. Descaso. E lá por horas bem avançadas da noite, as pessoas exaltas dirigiam se para suas casas. Mortas de cansadas, só queriam descansar e com dias melhores sonhar e esperanças despertar. Os pais já não tinham mais tempo para seus filhos, e a família pareciam cada vez mais ruírem. Deixando solto por ai crias desprotegidas e revoltadas com a situação vigente.

Já não existiam reuniões familiares à mesa na hora das refeições, cada um por seu lado viviam muitas vezes com olhares sonâmbulos. Eram agora melhores força de trabalho do que de vida.

Extraído do livro do autor jhonathan de França, "a criança perdida e o ditador", de 2009.

J F de Sá
Enviado por J F de Sá em 05/06/2009
Reeditado em 29/05/2013
Código do texto: T1633537
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