VERÃO DE 42 (Primeira Parte)

Por volta da segunda metade do século XXII uma peste desconhecida eclodiu com inusitada virulência por todo o planeta.

Ninguém estava a salvo, a taxa de mortalidade era a mais alta da história. Nada nem ninguém parecia ter capacidade para a deter.

As suas origens, e o próprio vírus, permaneciam completamente desconhecidas, havendo apenas alguns indícios, demasiado vagos para haver algo mais do que uma vã esperança de cura.

Os cenários obscuros da extinção da raça tinham deixado de ser mais um cenário de tenebrosos futurólogos.

Era de todo impossível sabê-lo, mas as respostas estavam, como mais tarde vim a saber, num distante

VERÃO DE 42

(Afinal, mais uma história de amor)

I

Conta-me a canção

de um amanhã de enledo

o segredo do sexo,

a religião dos homens sem credo

Nesse futuro

o contacto é digital

beijo féerico

e mental

Honrar-se-á um deus tecnológico

pater families

mas nada fisiológico

Estarás só e fechado

e assim farás amor

que acaba no orgasmo das baterias

sem extase, sem furor

Sempre temi o futuro, ou antes a antevisão deste, procurando por isso viver o meu dia a dia sem pensar muito no que faria dai a algumas dezenas de anos. A perspectiva de poder estar a fazer algo que no presente não concordasse, fazia-me olhar para esse mesmo presente, construindo-o de forma a poder evitar futuros contrários...Isto talvez pareça confuso, mas o certo é que os passos dados na construção eram suficientemente seguros e, embora tivesse apenas trinca e poucos anos raramente me arrependera de algo que tivesse feito.

O carácter do homem é o seu destino (Heraclito)- Lera esta frase em tempos, achara-lhe piada e fizera dela o meu lema de vida, afinal uma forma como outra qualquer de procurar um estímulo interior de forma a aproveitar melhor. Bem, mas de qualquer maneira, só bastante mais tarde é que me vim aperceber do carácter premonitório deste dito vindo do princípio da civilização.

Além de evitar o futuro, outra marca do meu carácter sempre fora o de procurar todas as respostas às dúvidas que me surgissem, não ficando satisfeito com respostas circunstâncias, indo, ou procurando ir ao fundo dessas questões. Poderia ter dado em filósofo, ou em físico nuclear, de maneira a procurar a essência das ideias ou de questões físicas. Mas não, tais profissões sempre me pareceram demasiado enfadonhas, preferindo lidar de perto com as pessoas e os seus mistérios, sobretudo os mistérios, o local onde achava estar a essência de cada um de nós. Quanto mais profundo o mistério, maior o caminho para a essência, logo maior o gozo em a procurar... Por isso, e após uma adolescência onde me intoxiquei de filmes e de livros policiais, decidi optar por trabalhar para o Governo, tendo tido a enorme sorte (ou azar...) de acabar numa das inúmeras vertentes dos serviços secretos, como agente infiltrado, onde poderia lidar de perto com uma parte dos mistérios que cada um de nós sonha saber. Claro que durante os meus anos de serviço muitas vezes me interroguei sobre o carácter de algumas das minhas missões, mas como o que me interessava era poder deslindar algumas tramas mais obscuras, cumpri sempre sem hesitar, sentindo estar a trabalhar para o bem da minha pátria, conceito que interiorizara desde muito novo, muito por força do meu pai, militar de carreira e veterano da guerra que pôs fim ao triangulo dourado. Muito longe de ser um fanático era um patriota semi-filosófico e talvez na profissão errada segundo alguns...

Durante alguns anos percorri as ruas do meu país no encalço de prováveis terroristas, devassando a sua privacidade penetrando nos seus mistérios, aprendendo os rudimentos do pensar humano, aprendendo a pensar como os meus inimigos, e por isso a antecipar os seus movimentos, até ao dia em que me consideraram demasiado exposto, tendo-me promovido a chefe de sector, onde poderia coordenar outros agentes e transmitir-lhes parte dos meus conhecimentos, isto para grande desgosto meu, já que me afeiçoara demasiado ao terreno.

E foi nesta altura que os dois traços da minha personalidade se tocaram quando, pouco tempo depois de assumir as minhas funções me foi dada uma missão onde havia de encontrar alguém com alguns pontos em comum comigo, embora nada tivéssemos a ver com o outro.

Ele quis ir à essência das coisas, mas, ao contrário de mim, possuíra a capacidade em fazer o próprio futuro e de mudar o destino dos homens.

Esta é a história do nosso estranho encontro, a história de uma das maiores tragédias a tocar o planeta.

Naquela tarde de uma primavera demasiado quente, mesmo para um clima já de si sobreaquecido, tentava pois arrumar o meu novo gabinete, procurando o máximo de funcionalidade que tantas e tantas vezes me fazia falta, entre as pilhas de papeis dos inúmeros casos resolvidos ou em vias disso.

Recentemente promovido, aceitei com invulgar delicadeza o café trazido pela secretária. Achei-a simpática e convidei-a para sair. Embaraçada pelo meu repentismo, acedera timidamente, mas não se abstera de exibir um sorriso trocista ao pessoal do escritório quando saiu, como que a exibir-se por ter sido a primeira a quebrar o gelo do novo e “demasiado novo” chefe.

Para eles eu era de facto o novo e enigmático chefe, demasiado novo para ocupar o lugar e (ainda por cima...) de poucas falas, e o convite para sair uma quebra na muralha de silêncio com que fizera questão de marcar os meus primeiros tempos naquele local; não que tivesse qualquer tipo de receio em relação a subordinados, mas pela simples razão que me tornara circunspecto, silencioso e, sobretudo, observador durante os meus anos de operacional, duas qualidades sem as quais me seria impossível sobreviver.

Apesar de me manter distante e quase mudo, aprendera a conhecer os meus investigadores razoavelmente bem em apenas uma semana, os seus anseios, esperanças expectativas etc...Bastavam-me pequenos pedaços de conversas, o observar de um gesto, de um olhar...Qualidades que aprendera a aperfeiçoar durante os meus anos de terreno. Perante as novas funções não pude deixar de aplicar tais métodos, de tal ordem estes já estavam entranhados na minha forma de lidar com as pessoas. Mas, se as suas personalidades em traços muito genéricos foram fáceis de captar, era porque estas tinham em comum o estado ansioso e sensível que as levara a se mostrarem um pouco mais (aliás, pareceu-me fácil demais), esse traço era a peste. Embora estivesse ainda a vários distritos de distância a peste, cujo avanço parecia ser gradual e quase sistemático, causara já algumas mortes, demasiado insignificantes por enquanto mas suficientes para lançar um tenebroso espectro sombrio sobre todos nós, e por isso todos pareciam tingidos por um luto antecipado, todos viviam na perspectiva de uma qualquer notícia menos grave, menos dolorosa, enfim de esperança...No entanto ninguém o admitia, recorrendo antes a esse velho subterfúgio humano de ignorar um mal para o exorcizar; estratégia estafada, mas sem dúvida eficaz, isto a avaliar pelo conteúdo das conversas. Quer estas fossem circunstancialmente banais, como uma nova decoração do apartamento, anedotas etc...ou de maior substrato, nenhuma tocava no perigo real, e por isso mesmo, por o ignorar, demonstravam sempre uma enorme fé, uma enorme crença na prossecução de objectivos a médio-longo prazo, mais longos do que uma semana, esse tempo pavoroso no qual se pensava desenvolver e incubar o misterioso vírus.

Todos pensavam em continuar, todos o desejavam, mas todos não o viveriam.

Nessa mesma noite comecei a sair com a minha subordinada, uma ruiva relativamente banal, mas com um toquezinho de charme suficiente para me atrair. Ambos sabíamos que a relação era temporária, pelo que não perdemos tempo em conhecermo-nos; como sonâmbulos erramos de quarto em quarto, ora em minha casa ora na dela, consoante as conveniências da noite, para onde o jantar as angústias, ou a sede de “carpem diem” nos empurrassem; desejávamos agarrar a vida enquanto a possuíamos e por isso talvez tivéssemos vivido aqueles dias juntos como se fossem os últimos. Era apenas mais uma relação banal, nunca pensara vir a ter saudades dela, mas foi o que veio a acontecer.

Em duas semanas todo o pessoal do escritório tinha morrido.

Aqueles tinham de facto sido os últimos dias.

A progressão da praga era avassaladora e incerta. Tanto podia ficar latente durante meses, como, repentinamente avançar com a uma velocidade assombrosa. Nenhuma analogia era possível, qualquer estratégia de actuação revelava-se inútil, qualquer tentativa de parar o vírus vã, afinal, como parar um organismo indetectável?

E esse era o pior de todos os inimigos, a sua invisibilidade; só se sabia alguém infectado quando morria. As hipóteses esgotaram-se, as acusações explodiram, um sem número de teorias conspirativas incendiaram os ânimos ainda não exaltados. Atacaram-se violentamente os habituais mas nunca existentes laboratórios ultra-secretos dos militares, acusando-os da praga, mas mesmo os mais cínicos não poderiam concordar, pois seria como, nos primórdios da aviação aparecesse alguém com uma nave espacial...

O pânico espalhou-se mesmo a alguns cientistas mais notáveis.

No espaço de um ano, em termos preventivos recuou-se quase mil anos.

Vastas áreas residenciais e industriais foram numa primeira fase seladas e posteriormente destruídas; bastava haver apenas um indício, mesmo falso para regressarem as velhas estratégias medievais.

Quais os meios e formas de propagação? Pergunta basilar em qualquer estratégia a seguir, mas sem resposta, absurdamente sem resposta...Constatou-se que apenas isolando as áreas pretensamente sãs se evitava a propagação, sendo fácil de adivinhar quem se isolou...Em breve os grupos mais poderosos, classes abastadas, políticos, lideres religiosos, enfim, os habituais, se isolaram em cidadelas de onde, mais descontraidamente se prepararam para elaborar os últimos planos.

Foi nesta altura que fui convocado. Embora me tivessem levado a uma dessas cidades fortificadas -Basicamente um agregado de edifícios de alta-tecnologia a milhares de quilómetros do último foco protegido por tropas especiais de forma a rechaçar a afluência das enormes levas de refugiados que entretanto começaram a esvaziar os grandes centros por julgarem ser nestes que o vírus melhor se propagava senti-me alvo de alguma descriminação, pois dentro do complexo fui instalado numa espécie de um hospital onde ninguém ousava entrar sem um fato semelhante aos usados na protecção bacteriológica.

Durante alguns dias fizeram-me todo o tipo de exames possíveis e imaginários e chegaram mesmo ao ponto de me pedirem para aceitar companheiros temporários da habitação, gente sisuda que procurava mostrar alguma simpatia e até cordialidade, mas disfarçando mal sentirem-se inseguros pela minha presença. Embora fisicamente estivessem presentes e se esforçassem para serem, de facto, uma companhia o mais agradável possível, havia sempre alguma coisa na qual eu percebia a sua insegurança...um olhar desviado, uma conversa demasiado circunstancial, perguntas por vezes demasiado particulares referentes aos meus hábitos alimentares, desportivos etc...Quando me mostrava um pouco incomodado pelo “questionário”, desfaziam-se em mil e uma desculpas sobre a sua personalidade demasiado curiosa, ou em rodriguinhos intermináveis e quase inteligíveis, no fim dos quais me sentia como “Guinea-pig”...

Não foi difícil adivinhar a sua função e, por arrastamento a minha - Tratavam-se de meras cobaias (a palavra “voluntários” dá-me vontade de rir, pelo que me abstenho de eufemismos...) destinadas a investigar a minha possível infecção, eu, o primeiro a estar no centro da praga e o primeiro a imunizar-me.... Por fim convenceram-se e levaram-me a outro edifício, mas nunca ao centro (mais um indício da sua paranóia, pois já ultrapassara em muito o máximo tempo no qual um indivíduo poderia sobreviver).

Pensava que me iriam convencer a ficar e a ser periodicamente testado, imbecilmente testado com drogas potencialmente destruidoras de um inimigo invisível...Até já me mentalizara e fizera um belo discurso, correcto quanto baste onde demonstrava vontade de sair dali o mais depressa possível e de retomar as minhas funções...Em vão, pois era isso mesmo que me iriam oferecer.

Educadamente levaram-me até um gabinete onde um certo luxo ostentatório estava desfasado da sua figura central, um homem de cinquenta anos, sóbria mas elegantemente vestido, cabelo curto à escovinha e um olhar glaciar, mas aparentemente cativante. Noutro ambiente seria um relações públicas principescamente pago, aqui era um quadro médio dos serviços secretos.

Não me tratou demasiado bem, apenas cordialmente e frisando bem que as ordens por ele dadas seriam equivalentes às recebidas nas minhas anteriores funções, mas obviamente com objectivos diferentes.

Basicamente seria mais uma missão, na realidade dar-me-iam meios dificilmente atribuíveis a alguém como eu.

Não perdeu tempo com floreados, indo directamente à questão:

-Deve achar a origem da peste e dar-nos esses elementos...

-Porque eu? Porque não enviar alguém com um desses fatos tão caros com os quais me examinaram?

-Porque você desenvolveu uma imunidade natural que lhe permitirá movimentar-se no local para onde o vamos enviar sem os inconvenientes de um fato. A sua mobilidade é incomparável, bem como as suas qualificações - Corajoso, frio, inúmeras vezes citado em ordens de serviço, premiado por...

-Sim, sim...mas...

-Recentemente fomos obrigados a retira-lo das ruas, devido à possibilidade de ser eliminado, Meu caro, apesar da sua descrição alguns dos nossos adversários dispunham de recursos suficientes que o tornaram familiar a eles e aos seus assassinos. Mas agora, esses senhores ou estão mortos, ou demasiado quietos, pois se existe alguma vantagem na praga é de os manter em respeito...

-Daqui a pouco está revelar-me que conhecem o bicharoco, que por acaso saiu dos vossos laboratórios...

-Se isso é uma piada ? Considero-a de péssimo gosto.

-O que quer? Não me pagam para ter bom gosto...

-Compreendo a sua irritação pelo período de isolamento, mas coloque-se no seu lugar e deixe as insolências de lado, afinal entre nós você é um exemplo!

-Um exemplo tratado nos últimos tempos de uma forma muito...acéptica...Um “quase-herói” honrado por terem quase “sacrificado” alguns homens ao expô-los à sua companhia...

-Pessoas como eu e você, pagas para isso...

-Para eventualmente morrerem?!

-Sejamos objectivos -Eles são pagos para “eventualmente morrerem”, tal como meros soldados, e no entanto você, tal como todos nós não evidencia um especial nojo por essa profissão...Queria evitar pôr as coisas nestes termos, mas a realidade assemelha-se demasiado a um cenário de combate, porventura o pior até hoje desde os tempos negros de 40...Nessa altura o mundo livre uniu-se e acabou com a praga nazi, agora o nosso adversário é infinitamente menor mas infindavelmente mais poderoso...Tal como nesses tempo, toda a população era, ou deveria ser, militar ou militarizada. Agora todos somos soldados e todos devemos estar prontos para morrer por uma causa, a da sobrevivência da nossa espécie...

-Mas... pode ser uma mera casualidade, ao que se sabe, o nosso conhecimento é demasiado escasso, o facto de não ter sido contaminado é inconclusivo, ninguém sabe se os próprios alimentos estarão limpos e...

-Não se preocupe, toda a sua alimentação neste “hospital” proveio das áreas onde a incidência era maior...

-Como?!

-Sei a aparente monstruosidade desta pequena experiência mas...tente compreender, temos demasiado a perder e sendo você uma das nossas únicas esperanças...

-Tenho o direito de recusar?

-Obviamente. Esta sua reacção foi prevista, por isso reunimos uma série de documentos de forma a melhor o convencer e cujo resumo lhe vou mostrar, mas fique ciente de uma coisa, tudo o que irá ver é estritamente confidencial, logo não o poderá revelar a absolutamente ninguém. A última das desgraças a evitar será o pânico generalizado até agora evitado à custa da sonegação de alguma informação.

Era típico, mas só então compreendi o verdadeiro alcance do mal e as suas possíveis consequências. De tudo quanto se sabia, a única certeza residia na minha invulnerabilidade, tudo o resto era mentira ou ignorância pura.

Este era a primeira vez na história humana em que um vírus atacava todo e qualquer organismo vivo, não descriminando entre o reino vegetal ou animal, dizimando tudo, e transformando os locais onde insidia em verdadeiros desertos de vida e silêncio, onde apenas o vento fazia ouvir os seu sussurro sinistro.

E o pior era o facto de um possível período de incubação ser desconhecido. Embora aparentemente insignificante, este pormenor revelava-se vital pois era o nosso ou poderia ser a nossa única margem de manobra. Não existia um padrão mínimo, pois se havia pessoas que morriam poucas horas depois de estarem em contacto com uma das vítimas, outras resistiam alguns dias, mas acabando por morrer também. Sem este a definição deste período era como começar a investigação de um crime sem saber o seu local e a sua vítima.

E no meio deste terrível quadro dispúnhamos apenas de uma pegada -Através de uma exaustíssima análise e compilação de todos os dados, descobriram-se aquilo que se julgava ser os três primeiros pacientes zero, isto é, os primeiros a serem infectados. A corroborar este raciocínio estavam um enorme surto de casos logo a seguir às suas mortes, os primeiros surtos da epidemia.

Estávamos então neste ponto: vários focos, mas com três possíveis iniciais onde estariam os possíveis mas ainda indectetados pacientes alvo, isto é tínhamos indícios da indicação de uma possível existência desses pacientes, mas como as comunicações tinham sido cortadas por ausência de pessoal de manutenção, (tinham todos morrido) consulta em rede ou de dados no local era pura e simplesmente impossível, a menos que alguém lá fosse...

A minha missão seria pois, a partir de indícios e de registos no terreno, identificar os três primeiros mortos, estabelecer um padrão comparativo entre eles e entregar esse material a uma das cidadelas da região onde se tentaria a partir desse nexo de causalidade alcançar alguma resposta.

Darme-iam, para o efeito todos os métodos clássicos disponíveis a um homem na minha situação, uma forma simpática de me desejarem boa-sorte e cuidadinho pois uma vez lá, dependeria apenas de mim mesmo pois nem em caso de emergência alguém me iria buscar...

-E para onde me vão enviar?

-Para o primeiro local onde julgamos ter surgido a praga

(Continua)

Conto protegido pelos Direitos do Autor

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 22/05/2006
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T160553
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.