OS SENHORES DA CRIAÇÃO (parte I)

Quando comecei a frequentar as Bibliotecas, pela idade dos 12 anos, li inicialmente livros de Banda Desenhada, descobrindo nessa altura um autor que me veio a marcar para o resto da vida: chamava-se Auclair e nas suas obras contava a história da civilização humana, que após uma série de perturbações sociais tinha desaparecido, restando dela apenas algumas cidades fortificadas dominadas por militares, e um mundo à deriva, entre os restos urbanos dessa civilização. Nesse mundo deambulava um pacifista chamado “Simon du Fleuve”, filho de um antigo cientista e que guardava um terrível segredo que poderia alterar o destino do mundo. Descobri nesses livros uma Paris deserta, centrais nucleares em decadência com habitantes deformados pela radioactividade, etc…uma Europa de agricultores e cidades vazias a querer ressuscitar contra o jugo dos militares. Nesses livros emocionei-me e sonhei com o planeta vazio de governos, pela mensagem de paz que esses livros davam, porque acima de tudo era de paz que se falava, da impossibilidade dos homens viverem juntos, desse ser o seu enorme e incontornável drama…

Anos mais tarde comecei a comprar esses livros e descobri que o autor morrera, penso que sem acabar a obra.

Sem dúvida que foi ele e Carl Sagan a lançar-me nos caminhos da ficção cientifica, sem sombra de dúvida são eles os meus mestres que ainda hoje me influenciam, duma maneira que nunca imaginei…

Num conto que já escrevi há uma série de anos homenageie Carl, conto que penso publicar aqui em breve, neste conto que aqui trago e também já com algum tempo procuro honrar a mensagem de paz e de liberdade desse grande, enorme, e penso que infelizmente desconhecido

AUCLAIR

Este é o meu humilde tributo a ele.

“A pior das escravaturas ainda nem sequer foi sonhada”

Poeta desconhecido do século XXII

Julgámos sermos nós

Era impossível

Ao longo da nossa existência, há uma altura em que temos que nos enfrentar, redescobrindo então um outro sentido de vida. Esse momento crucial do qual pode depender a sorte de um homem pode ocorrer em qualquer altura, sendo dramático quando eclode em alguém que supostamente se conhecia.

Jamais esquecerei a altura do meu redescobrir, pois ele foi motivado por acontecimentos externos que quase levaram ao meu fim.

A verdade, esse objecto tão inatingível como a filosofia subjectiva de cada ser, , foi-me revelada lentamente, como uma longa e dolorosa agonia cujo epilogo, pelo menos, parece-me ser benéfico.

Esse tempo foi um tempo terrível, pois nele perdi tudo aquilo que me distingue dos animais, a minha humanidade.

Foi um tempo em que deixei de ser homem, não no sentido sexual, mas no moral e...(o pleonasmo torna-se inevitável) no sentido humano.

Há quem diga que a revelação dos desígnios superiores a nós é uma bênção, para mim foi um pesadelo, iniciado quando conheci

OS SENHORES DA CRIAÇÃO

A verdade faz evoluir o homem

mas o seu revelar pode destrui-lo

“Crónica de tempos futuros”

Auclair

Há anos que o sonho.

Repetida e mecanicamente tudo aparece para se repetir, vezes sem fim, tantas quanto os sonhos que tenho.

Normalmente, as recordações habitam naturalmente em nós, podendo ser evocadas quando se quisesse.

No entanto comigo a situação é um pouco diferente. Sou incapaz de me lembrar da maior parte dos acontecimentos da minha vida passada. Só através do sonho é que revejo essas imagens, revisito as sensações e visito os meus parentes e amigos, mas com uma notável nitidez que as memórias ditas normais são incapazes de ter.

Para qualquer um isto poderia ser uma maravilha, mas para mim é um inferno.

Esses sonhos são na realidade pesadelos que procuro esquecer para me identificar.

Na primeira parte do que estas a ver, as imagens foram feitas por mim e pela tua mãe com um sistema de gravação normal, imagens do mundo onde vives, imagens conhecidas mas para te recordar da enorme sorte que tiveste.

Devido à minha incapacidade em recordar acordado a minha história, ela ser-te-á revelada de numa segunda parte: a fantástica tecnologia deste mundo permite filmar os nossos sonhos, portanto a minha história. Este filme é pois constituído na sua maioria por uma gravação dos sonhos do meu passado. Acharás certamente estranho que esses sonhos estejam ordenados cronologicamente...Mas não tanto como eu: desde que os tenho que não sei explicar essa ordem - Ano após ano eles repetem-se sem cessar, ciclicamente. Nada pude fazer com eles até ao aparecimento das máquinas que possibilitaram a sua visualização, e a notícia da gravidez da tua mãe. Decidi então legar-te a minha história, e procurar que compreendas a monstruosidade da sociedade fina qual tiveste a sorte de nascer, sorte que me faltou, destino perverso a transformar-me num dos instrumentos de uma das maiores manipulações da história da humanidade.

Mas felizmente para mim que tudo mudou: vivo agora entre os homens e sou até considerado. Tenho uma família, esposa e estou à espera do meu único filho, e é por causa dele que escrevo estas linhas, para ele saber quem eu na realidade era depois de morrer, condição testamentária sem a qual este texto não poderá ser decifrado. Tal acontecerá dentro de pouco tempo, porque o meu corpo está prestes a ceder ao veneno. Gostamos tanto da ideia de o ter que recusamos saber o seu sexo e proibimos a visualização do feto. Prefiro levar a imagem de um anjo comigo, porque o sei que para mim o serás.

E, apesar de todo o meu ódio em relação a este mundo, fico feliz ao saber que serás por aqui criado, apesar de ires viver com o terrível ónus descoberto depois de veres este filme.

I

Vivo entre

os Deuses

Aquilo que estás a ver é uma gravação convencional, uma gravação feita pelo operador sintético da casa.

Estou a abrir a janela da sala. Vê, vê como tudo é bonito, radiosamente bonito.

Estamos num andar bastante acima das nuvens, sim, é o chão branco que está a aparecer nas imagens. Observa o ponto à distância. Actualmente trata-se do maior transporte aéreo do mundo, capaz de levar duas mil pessoas ou mil e quinhentas toneladas de carga; está a sair do aeroporto, alguns quilómetros fora da cidade e dirige-se certamente para outro país, dado que as suas dimensões só o tornam rentável se utilizado em grandes distâncias.

Estamos agora alguns andares abaixo de nós, num apartamento por alugar em que me fingi interessado só para te mostrar algumas coisas. Vou até à varanda protegida. Lá em baixo, vê, observa com atenção. Estás a ver aqueles pontos pequenos no fundo das ruas? São carros, aos milhares, a velocidades perigosas para veículos terrestres, mas perfeitamente seguras pelo controlo central. Agora a imagem sobe um pouco e...sim, também são automóveis, mas estes voam. São utilizados há já algum tempo, mas só agora é que se começa a falar na substituição total dos terrestres por eles, foi por isso que tos mostrei, pois no teu tempo estes últimos possivelmente serão peças de museu...progresso fantástico! Progresso venenoso...

Desci até à rua. Estamos no solo. Simplesmente assombroso, como de resto podes ver. Todo este movimento, toda esta agitação, e no entanto a ordem predomina. Não há acidentes, não há conflitos, a polícia mal se nota, e o aspecto de tudo é impecável, desde os edifícios quase lustrosos (o sistema automático de limpeza é perfeito) às ruas imaculadas, permanentemente limpas por autómatos com directivas de nada deixarem sujo. Atingiu-se um estado civilizacional tal, que mesmo o mais simples do cidadão interiorizou de tal forma os princípios de civilidade e de liberdade controlada que os crimes e o desmazelo individuais são raros. E, além do mais, porque é que se deve roubar quando não falta nada? Porque conspurcar se isso seria uma afronta ao próprio prevaricador?

Todos vivemos no limiar de uma quase absurda riqueza. Poucos são os ricos e menos ainda os demasiado ricos, mas, em compensação, não há, ou quase não há, pobres. A chamada classe média constitui oitenta por cento da população, e quando alguns negócios correm mal, ou alguém deixa de ter dinheiro, o estado e as empresas privadas de imediato se disponibilizam para acudir a esse desfavorecido momentâneo...A lógica é que “um pode levar a mil”, portanto ou esse um se torna objecto de experiências sociológicas muito em voga actualmente e destinadas a experienciar conceitos futuros (por exemplo até que ponto alguém consegue viver no limiar da pobreza sem se revoltar...), ou é reintegrado.

Vejamos agora o complexo de lojas da nossa zona. Aqui há de tudo quanto é possível encontrar, como podes ver, desde todos os bens de consumo essenciais, até aos mais supérfluos, como o são um equipamento completo para uma habitação onde a indispensável tecnologia de ponta a possibilitar para quem quiser o trabalho em casa (hoje em dia, independentemente de qualquer profissão, qualquer pessoa pode optar por este sistema) até máximo luxo, onde se incluem animais raros clonados e por isso menos raros...E o que dizer dos os quartos 3D, nos quais se incluem a possibilidade de viajar virtualmente para onde quer que seja, à recriação e visita de épocas antigas, com cheiros, e até sabores há muito extintos? As potencialidades são imensas...Quer ver os antigos mamutes, acariciá-los, sentir a textura da sua pele? Escolha o menu adequado. Quer sentir-se na pele dos primeiros cosmonautas, a sensação de pioneirismo dos tempos iniciais na colónia cientifica marciana...? Quase nada é impossível. Ou compra o pacote completo ou pague uma pequena sobretaxa, tudo a preços nunca demasiado altos, porque o que interessa é a satisfação dos clientes...

O mais absurdo é que não se pode falar de bem de luxo ou supérfluos no sentido clássico, isto é, enquanto só acessíveis a uma casta de privilegiados habituais, pois hoje qualquer pessoa pode ter acesso aquilo que deseja, desde que exista. Também não se pode falar de períodos de prosperidade, já que estes pressupõem períodos de recessão. Pura e simplesmente deixou de os haver, e a própria economia teve de rever os seus conceitos, quase intocáveis desde as primeiras revoluções industriais. A terra e os seus dependentes há muito que deixaram os tempos negros das recessões cíclicas para trás. Há sempre negócios a explorar, oportunidades novas incontáveis, e também será errado falar num futuro radioso, pois já o presente o é...

Se existiu alguma vez uma sociedade perfeita, ela é esta.

Vivo entre os deuses, sem dúvida.

Mas há um preço a pagar, eu sei-o porque o vivi, e a minha história destina-se a fazer com que não te deixes cegar pelo brilho do mundo em que tiveste a sorte de nascer.

II

Cinco dedos

Aquilo que estás a ver agora são os meus sonhos.

Sonhos diferentes, não são a escolha aleatória de memórias ou desejos recalcados pois estes contam uma história, a minha verdadeira história, da qual ninguém está a par, nem a tua mãe, e assim espero que o continue, se ainda estiver viva, para a poupar.

Para ti as máquinas de revelar sonhos deverão ser já uma monotonia, tão grande que certamente já terão deixado as casas de jogos onde se instalaram logo que a tecnologia que as criou deixou de ser considerada “sensível”, mas no meu tempo eram uma maravilha, o instrumento de comunicação por mim tão aguardado pois este é o único meio de transmitir aquilo que realmente sou, e que descobri ser.

Estou agora a dormir, mas nunca estive tão acordado, lugar comum rasteiro, mas pujante de verdade.

Tudo começou na manhã em que fui convidado para consertar o sistema estereofónico da Catedral da grande cidade onde morava .

Vivia então com a minha noiva, Julie, com a qual combinara já casamento. Estávamos no nosso estúdio, situado no topo de um edifício suburbano, adaptado a apartamento, onde ela com uma insistência desesperante tentava dar azo à sua veia criativa quase nula, ou seja, era artista, mais propriamente pintora ou pseudo...De qualquer das formas isso era suficientemente importante para, depois de decidirmos morar juntos, ao invés do vulgar T1 costumeiro entre os jovens na mesma situação que nós, termos optado pelo tal estúdio, suficientemente artístico para o “talento” dela. O problema é que para ser acessível ao nosso bolso encontrava-se algures na periferia da cidade, a obrigar a grandes deslocações num carro comprado em enésima mão...

Mas a vista soberba e o ar ainda relativamente limpo compensavam os restantes inconvenientes.

Tínhamos acordado havia pouco, e estávamos ainda na cama a olhar para as ruas iluminadas, ruas sujas e de aspecto geral “gasto”, mas tornadas menos feias pelo sol. Com a cabeça encostada à sua barriga, observava o formigueiro seis andares abaixo de nós, enquanto ela me afagava o cabelo e também olhava a mesma cena.

Não nos apetecia falar, não nos apetecia levantar, enfim, não nos apetecia fazer nada a não ser estarmos um com o outro à espera de nada. A nossa relação era pautada pela harmonia amor e paixão própria dos casais jovens, mas à qual emprestávamos uma certa contemplação silenciosa, a servir como válvula de escape às tensões inevitavelmente existentes. Provavelmente era nesses momentos que nos amávamos mais, provavelmente, pois nunca o dissemos um ao outro, sentíamo-lo, e era tudo.

Por alguns instantes ela olhou para mim candidamente. Passou-me a mão pelo rosto e desenhou-me os contornos suavemente, murmurando a nossa canção. Sabia que isso me dava prazer, e prolongou a música e o gesto por algum tempo. Depois acariciou o braço direito, primeiro o ombro, e depois desceu lentamente até à mão, por onde passeou a sua, como num bailado.

-Cinco dedos.

Disse a sorrir.

Inclinei a cabeça e encontrei o seu rosto oval, lábios grossos, olhar sereno meio tapado pelo cabelo, que se estendia até pouco abaixo do pescoço a desafiarem-me. Fiz uma expressão apreensiva e, em resposta ela repetiu, desta vez ainda mais suavemente.

-Cinco dedos.

E acariciou-me novamente o rosto.

Peguei-lhe então na sua mão e tentei...

-Seis de...

-Não, meu lindo, seis dedos não, isso toda a gente tem, só tu é que não, e se calhar é por isso que tens um encanto especial, um encanto primário...

-Encanto animal?

-Animal, animal não...Sabes bem que estou longe de ser fã de bichos, a não ser de ti...

Disse soltando um risinho provocador.

-Noutros tempos, na escola era bastante gozado, cinco dedos era a minha alcunha, e por vezes até havia alguém a chamar-me macaco...

-A reacção deles era natural, mas indesculpável, afinal não tiveste culpa de nascer assim.

-Diz isso a um garoto...E foi por causa das humilhações que comecei a usar luvas de seis dedos (com o “a mais” obviamente falso) para me esconder, para evitar os olhares espantados. Preferia, e prefiro ser apenas mais um entre todos. A diferença repele-me...Já falámos disto várias vezes, mas creio que nunca o entenderás verdadeiramente...

-Mesmo assim...Afinal a coisa tem pouco de especial. Tens menos um dedo em cada mão e em cada pé e depois? Olha, na escola chamavam-me gordalhufa, e podes ter a certeza que isso me afectava mais...

-Pois, além de cinco dedos ainda tenho uma atracção por fenómenos da natureza...

E foi desta forma que o início de uma bela manhã se transformou numa memorável luta de almofadas, em que o orgulho fingidamente ferido de Julie se contrapunha ao meu gozo nitidamente na defensiva.

As tréguas foram anunciadas pelo tocar do telefone, e, nem de propósito, do outro lado da linha estava um dos sacerdotes da Catedral a contratar-me para resolver um pequeno problema técnico na grande nave central.

Apesar de ser ínfimo esse problema, o facto de ser na grande nave iria certamente render-me o dinheiro suficiente para finalmente me poder casar.

Entusiasmado, apressei-me a vestir-me, mas fui parado pela voz dela.

-Pedro?

-Sim?

-Não te esqueces-te de nada?

-Claro!

E apressei-me em abrir a porta da rua e a recolher os dois jornais de todos os dias. Embora nunca tenha percebido bem o motivo, Julie tinha um autêntica fixação pela leitura na cama. Mas não era uma leitura qualquer -Fazia questão de antes de sair de casa ler os melhores diários da cidade, e de o fazer em minha companhia, encostada ao meu peito, e comentando enroscada aquilo que mais lhe chamava a atenção.

O pior, era que quase tudo lhe chamava a atenção, e por causa disso mesmo a “actividade” durava para cima de uma hora e tal.

-Tens que estar lá quando?...

-Tenho tempo...-Assumi derrotado enquanto me devolvia ao leito, executando os movimentos contrários daqueles que me tinham levado à porta.

-Olha, uma comemoração! Caramba! Sessenta anos! Que antiguidade!

-Quem é?

-Lucas Str...

-...!

-Ah! Chefe de uma empresa qualquer. “ Lucas Trevenson, vem por este meio dar a partilhar a todos os amigos, conhecidos, funcionários e público em geral, a enorme felicidade por mais um ano atingido, na frescura dos anteriores”, etc, etc...Que seca!

-Felizardo...

-Porquê? Por ter feito tantos anos? É quase uma eternidade! Viver tanto até cansa!

-Deixa-te de tretas, confessa que não te importavas de viver pelo menos até aos cinquenta e cinco...

-Antes disso morria de tédio. Tantos anos! Se nós com vinte já mal podemos com tanta coisa...

-Por mim, francamente...

-O quê?! Não me digas que gostavas? -E o seu tom de voz assumiu a incredulidade própria e única das mulheres espantadas.

-Até aos setenta, oitenta...

-Estás tolo, deve ser da boa notícia...Adiante. Nem por acaso. “ É com enorme mágoa e tristeza que vimos anunciar o falecimento do nosso bem querido marido, pai e avô. O corpo encontra-se em câmara ardente na ala 3 da Catedral até às quinze horas de hoje(...)”

-E deixa-me adivinhar, tinha cinquenta anos...

-A idade certa.

-Julie, nunca te interrogas-te porque é que toda agente, ou quase toda a gente morre com a mesma idade?

-Pela porcaria do ar que respiramos, pela comida, pela água, sei lá, já é uma sorte chegarmos até tão longe...

-Mas todos, quase sem excepções...

-Deus assim o quer.

-Tu és muito engraçada, quando te faltam os argumentos vais logo par deus e...

-Não sou eu, são os Sacerdotes. “Viver no trabalho, viver em deus, viver até ao fim na tranquilidade da paz de nós e os outros, na plena força da consciência grupal e do dever comprido, o dever do trabalho pois só ele possibilita o bem comum”.

-Sétimo livro, versículo cinco, página 344. Eu também fui à catequese, e também leio os dez de vez em quando.

-Quando calha, ao invés de ser todos os dias como eu, e assim evitavas dizer e pensares disparates...

-São os disparates de quem trabalha e que passa o dia fora de casa a ver se a paga...Já estou atrasado.

Almoçamos no restaurante da rua 16?

-Machista degenerado! A pensar que gostavas da minha arte!

-E gosto, mas os pincéis e quadros caem mal no meu estômago...

-Não sei onde é!

-Apanhas um táxi. Deixa de ser chata que logo à noite levo-te ao teatro. Um grande beijo e que este te sirva de inspiração.

(continua...)

Conto protegido pelos Direitos do Autor

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 15/05/2006
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T156350
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