KAMIKAZES DO FUTURO

Sentado sob a varanda do alojamento, ele olhava a imensidão do deserto e ao fundo, o vermelho do firmamento dava um tom nostalgico ao ocaso.
Há 5 anos vivia entre máquinas, treinamentos na falta de gravidade, sons metálicos, e vez ou outra o barulho ensurdecedor de naves indo ao espaço nos velhos foguetes a hidrogênio.
Mas essa não era uma missão comum, era uma viagem aos limites do sistema solar e posteriormente, uma rápida passagem pelo inferno e se desse, a volta a terra.
Motivo da viagem: Verificar por aparelhos de ultima geração, quanto tempo de vida a terra ainda teria.
A prioridade era a captação de dados para a pesquisa, a tripulação era ao ver de seus idealizadores, superflua.
Não era claro isso, mas todos sabiam dos riscos que corriam.
A noite caiu e o silencio do deserto o acordou dos sonhos. Entrou no alojamento e dormiu.
O ano de 2375 não foi exatamente um ano bom para as pesquisas espaciais, 43 naves foram perdidas, por diversos motivos, somaram-se a isso as mortes de 242 tripulantes, a maioria carbonizados dentro de suas naves, derrubadas por alienígenas invasores, com quem a terra trava uma guerra de 67 anos.
Longe de estarem seguros em naves de pesquisa, a horda rebelde espacial, não reconhece privilégios e derruba qualquer veiculo saído da terra. Mas eram detalhes, diante do que a pesquisa traria de benefícios entre eles, qual tempo teriam para colonizar outro planeta, ja que a terra agonizava dentro de si mesma, isso por si só justificava qualquer sacrifício.
Este novo sistema de lançamento consistia em lançadores aéreos, ao inves de foguetes. A missão seria, dar 3 voltas ao redor da terra, lançar-se por impulso, aos limites do sistema solar, para triplicar o impulso, voltar, passar pela terra ,ir até os limites do sol, contorná-lo e voltar a atmosfera terrestre. Uma viagem de 15 dias.
O dia do lançamento estava nublado, mas era inadiável, na plataforma, a nave, com seus 7 tripulantes a postos. Acomodados ao lado um do outro, sentiram uma violenta impulsão...e só.
Quando a gigante tela da nave abriu, o negro do espaço era espetacularmente sinistro.
Os corpos espaciais passavam numa velocidade estonteante, nos limites para atingir a órbita de plutão e retornar, no 8º dia a nave teve uma pequena avaria. Pequenas placas se soltaram na base da nave na hora do lançamento e por ali o gelo depositado resfriava o interior da nave a cada dia mais. 10º dia, 4 baixas, as baixas temperaturas eram a causa da estranha doença, parecia gripe, mas bem mais severa.
A aproximação do sol aqueceu a cada dia mais a nave. Depois de 11 dias a nave começou a contornar o sol e ali ficaria em volta dele 2 dias, não resistiriam a tamanha temperatura, concluiu o comandante em seus pensamentos.
A temperatura ambiente era de 35 graus positivos, daqui a dois dias calculou 50 graus, e teriam ainda mais 3 dias de viagem depois. 13º dia, 3 dos quatro tripulantes eram jogados ao espaço, seus eternos jazigos.
Mas antes, todos estavam doentes, a temperatura subira a 51 graus positivos.
Quando ja com a constatação de que a missão do ponto de vista a captar dados para a pesquisa estava concluida, deitado e ofegante, com a terra em sua visão, o comandante acionou o controle programado da nave que a faria pousar na terra.
18 de Fevereiro de 2376, das brumas da manhã, surgiu, o amarelo queimado da nave, que aos poucos deslizou sobre o deserto e parou. 4 tripulantes, vieram repousar seus corpos sem vida no planeta natal, com a missão cumprida. 5 meses depois o sol tornou-se vermelho, a temperatura da terra a princípio caiu para 2 graus positivos a média geral e depois... o fim.
Uma gigantesca onda de calor de 280 graus liquidou o planeta.
Vagando no espaço o antigo planeta azul, seguia agora com uma cor avermelhada para ir juntar-se ao sol
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Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 01/04/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1517229
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