Enigmas de uma Peregrinação

Jordi é um poeta que consegue financiamentos para suas atividades culturais e ecológicas, através de palestras, venda dos seus livros (sucessos entre os jovens), em edições econômicas. Como Educador ambientalista, desenvolve diversas atividades ecológicas, estimulando grupamentos de jovens na Região Mata Sul Pernambucana.

Ativo lutador merece ter a guarda da machadinha indígena que ganhou do ancião do Vale do Catimbau.

Nosso amigo poeta tem reação interessante quando está abusado ou em extrema revolta: viaja. Um tipo de canalização energética, saindo por um tempo da rotina palmarense. Ele diz que não é fuga, “apenas canaliza energias, purifica emoções, procurando belezas naturais, encontros com amigos e amigas (principalmente amigas)”.

Amigo leal se sente mal quando um amigo não está bem. Revolta-se muito diante das injustiças sociais. Como poeta ator, vive em sua carne e em sua alma, os sofrimentos dos semelhantes humanos e animais, numa extrema compaixão.

Várias vezes se acorrentou a uma árvore que algum “pau mandado” do Governo queria cortar, obtendo adesão de estudantes adolescentes ávidos por novidades agitadas.

Foi o líder da primeira greve estudantil da Cidade dos Palmares, num Colégio Católico. Depois, noutro Colégio particular, uniu-se a alguns estudantes rebeldes num piquete e greve de 24 horas. Como não participa de nenhum Partido Político, seu nome não ficou registrado nos anais da História de lutas populares. A não ser neste relato que ofereço aos leitores curiosos.

Eis nosso poeta, em outubro de 2000: Faz panfletagem, revoltado com a perturbação ocasionada pelos confrontos eleitoreiros. Lança um Manifesto Cultural, criticando os exagerados gastos em campanhas políticas. Esses gastos não ficam como simples doações, os empreendedores, ao terem o candidato vitorioso, recebem de volta tudo gasto, em dobro, através do “jeitinho brasileiro”, no uso de favores em cargos, superfaturamentos dos Projetos Públicos, etc...

O pior é ver os gastos com materiais gráficos de alta qualidade. Ao chegarem ao poder, não investem na Cultura, não editam livros. O que gastam em campanha, em serviços gráficos, daria para publicar vários livros. Pior é ver como têm Editoras investindo em candidatos, dando material de alta qualidade para panfletagens e santinhos (evidentemente todos são santinhos através do marketing fabricando lindas facetas recheadas de ganâncias, empáfias nas ânsias pelo poder). Assim naufraga nossa cultura.

A panfletagem fala sobre tudo isso. Vai às rádios, cedendo entrevistas, como voz ativa de um Movimento Cultural permeado de traidores e seres ávidos somente pelos contratos nas festas, sem compromissos com Projetos de engrandecimentos do progresso cultural de massa. Mas os ideólogos são assim, não sucumbem diante dos entraves da máquina sócio-politiqueira.

Evidentemente, os politiqueiros não gostam. Jordi sabe está fora dos “esquemas” tramados pelos líderes partidários. E ajuda somente o pessoal das bases, como a atitude do Núcleo Municipal da União Brasileira de Escritores (U.B.E.) e do Grupo Cultural, ao formar o Conselho Palmarense Popular de Cultura de Base, numa resposta pelo desprezo dos políticos à Lei Orgânica Municipal, para a qual o Movimento defendeu emendas vitoriosas sobre criação de um Conselho Municipal de Cultura, há dez anos.

Algo inconcebível numa Cidade que utiliza a Cultura como marketing!

E durante os Comícios deste ano, viu gente emergente, despreparada, sem carreira em lutas populares, somente porque tem dinheiro, subindo aos palanques e em perigo de ser cabeça de chapa eleitoral na próxima eleição.

Ridículo ver alguém falando errado, apresentado como “grande homem”, somente porque está patrocinando a campanha, trazendo Grupos Musicais, artistas famosos e Trios Elétricos. Pior é testemunhar o povo aplaudindo. Uma prova concreta da ação dos Sinistros na Região, controlando os meios de comunicação, através do poder econômico.

Os discursos falam de uma luta do bem contra o mal, porém há tramas de acordos secretos. Jordi sabe da farsa tramada pelas infiltrações alienígenas em todos os setores da sociedade. Assuntos somente tratados nas Reuniões Secretas do Conselho do Centro Cultural, como recomendado pelo Comando Intergaláctico.

Há necessidade de trabalhos de conscientização nas comunidades, ao ver isso. Mas uma ordem superior tira o poeta da Cidade dos Palmares. Um chamado telepático recebido também pela amiga Jocelin, estudante de filosofia e ambientalista iogue, carinhosamente chamada de Joce.

Antes de viajar, um contato com a Direção do Centro Cultural. Anota quando serão as Reuniões do Conselho Palmarense Popular de Cultura de Base e nota ter tempo para uma viagem. Não avisa para onde vai. O segredo é necessário. E aquelas pessoas, embora sejam artistas e com boas intenções, na maioria não compreenderia os insights de Jordi.

Desta vez o poeta vai para Minas Gerais. Escolhe Passar alguns dias numa cidadezinha chamada São Thomé das Letras, ao sul daquele Estado1

Ele e Jocelin sabem que lá naquela região, o período seco vai de abril a setembro. Os verões são brandos e úmidos e invernos secos. Não há época especial para ir a São Thomé das Letras. Tem clima agradável durante o dia, com noites frias.

Combinam viajar no ônibus para o Rio de Janeiro. Porque as distancias são similares. De Belo Horizonte para São Thomé, são 335 Km e do Rio de Janeiro para lá, são 356 Km. E será um bom programa passar pela Cidade Maravilhosa para visitar amigos.

Com o dia da viagem marcado, se encontram no Terminal Integrado de Passageiros (TIP), Município do Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. Sendo vegetarianos, levam apenas frutas, beterrabas e cenouras na bagagem, além de biscoitos integrais.

Durante a viagem, conversam sobre assuntos diversos. Principalmente sobre a situação política da Cidade dos Palmares.

- Jordi, você deveria procurar outro lugar para suas atividades. Tanta luta e traição naquela cidade e continua perseverando... Procure um centro produtor cultural maior.

- Quanto maior, mais problemas. Penso em residir numa cidade pequena. Recomeçar num lugar simples, como São Thomé das Letras ou alguma Cidade da Chapada Diamantina. Recomeçar tudo. Surgirá o momento propicio.

- Você não deveria esperar.

- Joce, eu sinto que algo está para acontecer em Palmares. Algo que preciso para meu progresso.

- Questões políticas?

- Não. Acho que não estou captando. Mas terá que ser em Palmares.

- Você ganha mais dinheiro, fora de Palmares. Jordi, eu sinto uma premonição ruim. Acho que deveria ir morar noutro lugar. Algo maléfico está sendo tramado em Palmares.

- Joce, eu sei disso. Por este motivo há necessidade de ter um ponto de Luz lá. Além de haver uma atração incrível dentro de mim para aquele lugar.

- A energia é pesada!

- Sei disso, amada Jocelin. Mas se existir conexões puras, há esperanças de progresso... Uma amiga muito sensitiva me visitou há quatro anos, no dia do meu aniversário e comentou sobre isso comigo. Ao chegar, disse logo, “que lugar pesado psiquicamente... sinto peso de lutas, de sofrimentos”.

- Por este motivo, você precisa de momentos longe da Cidade para se reabastecer de energias.

- Para me abastecer, basta passear pelas montanhas que circundam a Cidade. Viajo porque tenho um jeito nômade. Seria bom viver um tempo numa cidade, depois noutra, sair por aí, plantando sementes de organização popular, estimulando formação de grupos culturais...

- Jordi, você pode arranjar um financiamento. Tem empresas por aí investindo em Projetos Sócio-Culturais.

- É difícil para mim, sem vínculos com alguma ONG. Mas estou articulado com uma Organização Cultural de tradição, com História de mais de 30 anos de lutas, o Centro Cultural. Unidos, conseguiremos muita coisa para a Cidade.

- Vamos criar uma ONG. Nós dois. Tenho alguns amigos que acompanharão.

- Assunto para analisar em grupo.

Olham a paisagem pela janela do ônibus. Cochilam. Ao passar por Palmares, Jocelin reinicia dialogo.

- Jordi, Palmares tem temperatura viciada e doentia. A Cidade está situada, geograficamente, num tipo de um buraco circundado de montanhas. Nota-se a diferença da temperatura ao passear pelas montanhas. Tudo foi estruturado ao redor do Rio Una. Deveriam ter construído tudo nas terras altas. Nas montanhas da região, os ares são sadios. A parte principal da cidade, ficando na parte baixa, respira todas as exalações do rio poluído pelos dejetos das usinas, dos agrotóxicos e esgotos sem tratamentos despejados nas águas fluviais. Um absurdo.

- E o pior é quando passamos pela BR-l0l a circundar a cidade e vemos os fundos das casas. Existia um projeto do Prefeito Luiz Portela de Carvalho, na década de ’60 para construção da Avenida Rio Una, com calçadão à margem do Rio, após desapropriação das casas existentes na extensão da Ponte de Japaranduba até a Ponte de São Manoel, no Bairro de Santa Rosa. Ao longo do Rio, plantaria palmeiras, símbolos da origem do nome da Cidade. Veja, Joce: Quando passamos pela Rodovia, vemos os fundos de edificações semelhantes a favelas. Uma imagem péssima para quem passa.

- Horrível. E porque o Projeto não foi concretizado e deixaram acontecer essa urbanização descontrolada e sem planejamento?

- Joce, Luiz Portela foi cassado pelo Golpe de 1964. E ninguém depois seguiu o traçado urbanístico idealizado por ele, nem teve propostas de estender o crescimento da Cidade para outras áreas. Telles Júnior dizia que Palmares inchava. E num mandato tampão imposto pelo Governo Militar, durante os seis últimos anos antes da volta de Luiz Portela, o Prefeito da época doou os terrenos à margem do Rio Una, autorizando construções. E não foi somente isso. Pior sucedeu nos bairros altos da periferia. Uma grande desorganização, sem planejamento nem Plano Diretor. Ao voltar, Luiz Portela não pôde retomar vários projetos, diante do caos urbanístico. Mesmo assim, o que existe hoje de reformas urbanas no Centro da Cidade, foi feito pelo Mestre Luiz Portela!

- Homenagem merecida ao político, aquela estátua na entrada da Cidade, no Bairro de Newton Carneiro. Sobre uma pirâmide, ele indica o Oriente! Grande visão.

- Atitudes errôneas de governantes deixam resquícios psíquicos nas comunidades. Usos errados de verbas públicas, depredações do patrimônio natural, provocam reações da Natureza. Ao levar minha amiga Malu, -aquela que contei sobre a visita há 4 anos, -para passear pelas montanhas ao redor de Palmares, ela observando a Cidade lá de cima, fez comentário contundente. Disse, “esta Cidade está condenada, vai sofrer muito. O mais rápido possível, construa uma moradia no alto de uma dessas montanhas, pelo ar sadio desses altos e pelo que vem por aí”.

- Do que vem por aí?

- Sim. Joce, este ano, dia 1.º de Agosto, houve a mais catastrófica enchente que a Mata Sul viu em sua História!

- Sabemos que isso foi somente um começo de resposta das forças naturais! Os climas do Planeta estão mudando. O desenfreado uso errôneo dos recursos naturais está provocando hecatombes. Todo o Planeta grita, clama por mudanças na estrutura da Civilização.

- Civilização decadente! E Telles Júnior, dizia que a partir do ano 2000, muitas catástrofes ocorreriam. Quando a esposa dele contou um sonho sobre uma enchente com águas invadindo até a Rua da Aurora, ele disse, “isto será em 2000!” E tudo aconteceu de forma abrupta! Ao acontecer, quem ouvia o artista prevenir esses fenômenos naturais, lembrou e já era tarde!

- Jordi, você conhece uns mapas divulgados pelos estudiosos ecologistas e metafísicos, marcando até onde as águas invadirão o território brasileiro?

- Conheço. No mapa, estão marcados pólos ecológicos, com suas escolas e estações de contatos. Joce, vários metafísicos começaram uma correria em busca de construções de Comunidades Intencionais.

- Soube de treinamentos sobre auto-sustentabilidades e atendimentos às vitimas do que vem por aí...

- Eu fui incluído nos treinamentos. Os Mestres Ascensionados permitiram técnicas serem divulgadas para esta fase da evolução humana. Eles estão minorando tudo como podem. Segundo o Calendário Maia há previsão do ápice das grandes mudanças, em 2012.

- Acho que talvez antes, diante dos absurdos descontroles climáticos provocados pela poluição. Notam-se mudanças chocantes. Lugares com excessivas baixas ou altas na temperatura. Precipitações pluviométricas repentinas e exageradas, como durante o mês de julho deste ano, a provocar catástrofes no mundo todo!...

- Joce, querida, algo de bom tudo isso provocou: o surgimento de Comunidades formadas por seres espiritualizados, em lugares paradisíacos. Como Bom Bosco previu, está começando o surgimento de uma Nova Civilização, no interior do Brasil, nos altos das Chapadas abençoadas pela Divindade. Gente pacifista, de alto nível de evolução e instrução, munidas de boa vontade, juntando-se aos nativos humildes e simples dessas Regiões, numa troca de experiências e conhecimentos.

- Eu sei, Jordi, como tudo está traçado para a Verdadeira Revolução Global.

Um cochilo reparador toma conta dos amigos. Apoiando-se um na cabeça do outro, num sono até a parada no Posto Flecha, em Maceió, onde lancham e Jordi anota observações do diálogo no seu Diário.

Jocelin brinca com o amigo, comentando sobre sua mania de escrever.

- Joce, graças aos escritores, a História é contada. Infelizmente, há um grande complô de falta de ajuda aos literatos vinculados à verdade.

- Jordi, amado, os relatos da História sempre foram manipulados. Hi! Você está comendo esse abacate? Cuidado!

- Cuidado com o quê?

- Abacates são perigosos! Na Civilização Asteca, quando era época de colheita de abacates, as virgens eram proibidas de sair de casa!

Os amigos riem. Jordi retruca, “se tem medo, desista da viagem!”

- Jordi, você medita e sabe canalizar energias!

- Joce, como acho interessante o jeito que os vegetais servem à humanidade. Não há necessidade de encher o organismo com perniciosas toxinas animais. E quanto a esses vegetais ditos “estimulantes do apetite sexual”, somente têm efeito quando crus. Se cozinhar, perdem as propriedades usadas para essa intenção.

Outras observações foram acrescentadas no Diário de Jordi, somente ao chegar em São Thomé das Letras. Há registro de um encontro com um grupo de estudiosos metafísicos, no Rio de Janeiro, numa palestra sobre técnicas prânicas, num grupo denominado “Vivendo da Luz”. Lendo essa parte do Diário do Poeta, compreendemos suas mudanças de atitudes, novos caminhos de vida e suas experiências espirituais.

São Thomé das Letras tem relevo predominantemente de colinas e serras. Formações rochosas a despertar imaginação e pequenos vales. A vegetação é de floresta tropical mista. Há divulgações de um “Carnaval Nas Estrelas”, no período carnavalesco nacional, quando ocorrem ali, Rituais Mágicos de Purificação das Estrelas, como denominam.

A cidade está localizada sobre uma imensa reserva de quartzito, em rochas metamórficas do período pré-cambriano. De lá, toneladas de pedras são levadas pelo mundo afora, para revestimentos de pisos.

O casal de amigos entra na cidade, levado pela curiosidade dos relatos sobre o mito e a realidade se misturando ali, em todos os momentos. Até a Historia do surgimento do nome da povoação é encantadora2.

Jordi e Jocelin, conhecendo a História da Cidade, não poderiam deixar de ir logo visitar a Igreja e a gruta, na Praça Barão de Alfenas. E a outra Igreja, de Nossa Senhora do Rosário, com pedras sobrepostas, característica arquitetônica da Cidade.

Jordi e Jocelin, conhecendo a História da Cidade, não poderiam deixar de ir logo visitar a Igreja e a gruta, na Praça Barão de Alfenas. E a outra Igreja, de Nossa Senhora do Rosário, com pedras sobrepostas, característica arquitetônica da Cidade.

Após as preces nas Igrejas e na gruta, agradecendo a viagem bem sucedida, tentam traçar um roteiro a seguir. Conhecem informações de estudiosos, sobre lugares ali existentes.

A Cidade está no mapa de estudiosos sobre aparições de OVNI. Os moradores das redondezas estão acostumados com os fenômenos luminosos no céu.

Muitas histórias são contadas por quem visitou. E o casal de peregrinos constata veracidade de tudo que ouviram. A Ladeira do Amendoim, é um local, com incrível fenômeno eletromagnético: ao se desligar o carro, ele é puxado ladeira acima pelo magnetismo, numa velocidade inacreditável.

Eles observam isso ocorrendo com um carro de um grupo de turistas. Especialistas relatam que esta gruta está ligada a Machu Picchu, no Peru e tem labirintos de difícil acesso.

Perto da gruta do Carimbado está o Vale das Borboletas, com bela cachoeira, saltos, pedras e milhares de borboletas.

Acampam na Cidade. Jantam no Restaurante Ufológico, na estrada da Cachoeira da Lua, de Seu Tatá, Luiz Noronha, pesquisador dos discos voadores, autor de livros sobre a cidade e vídeos onde narra a historia, as lendas e os fenômenos místicos do lugar.

Homem gentil, indicou meditar na Gruta do Triângulo, onde costuma realizar suas técnicas de meditação. Antes de dormir, Jordi compôs um poema.

No dia seguinte, decidido a meditar na Gruta do Triângulo, Jordi segue trilha acompanhado por Jocelin, muito alegre e guiado por crianças residentes da pequena cidade. Sobem o morro em direção à Pedra do Leão. Enfrentam uma trilha pequena de abismo e chegam ao destino em poucos minutos.

Uma grande energia vibra no local, sentida fortemente pelos corpos dos visitantes. Um amanhecer esplendoroso. Sentem sintonia com as forças naturais e cósmicas. Correntes energéticas fluem das pedras.

No Diário, somente escrito que aquela noite anterior e a meditação na gruta mudaram muito Jordi e sua amiga Jocelin. Não puderam ver todas as belezas naturais porque precisariam de mais tempo de estadia. A região é rica de locais atrativos belíssimos, com várias grutas e cachoeiras.

Cheguei e Vi Depois de Crer

Como São Thomé

Aqui estou com minhas letras

Na sua cidade das letras e pedras,

Intitulada sob inspiração na liberdade

E paz dos milagres naturais.

Como São Thomé

Vim ver depois de crer

Fenômenos e crenças.

Quero deixar marcado

Nas rochas e pedras

Meus versos desritmados

Num canto além papel frágil.

Para a Senhora do Rosário,

Orei preces do meu rosário,

Aos seus pés como serventuário

Prometendo guardar os segredos

A mim revelados nas trilhas

Deste paraíso brasileiro.

Vim e aumentei crer como São Thomé

E em suas letras sou discípulo,

Aprendiz nos seus vales e montanhas,

Livre do pensamento insano

Da cobiça e querências materiais.

Numa Gruta fui Carimbado

Com mais um desejo

De vagar no mundo intraterreno,

Rumo à sagrada Machu Picchu.

Mas nos mergulhos nas águas

Do Vale das Borboletas,

Purifiquei meus sentidos,

Galguei êxtase meditativo,

Onde os seres sensitivos

Vêem duendes e elementais.

Não te escquecerei jamais.

Um mistério começa a ser esboçado. No Diário de Jordi, uma anotação com letras diferentes das letras de Jordi e de Jocelin, registra:

“Estamos todos em conjunto em cada realidade e hierarquia com os Mestres da Fraternidade Branca, ajudando e limpando vosso mundo, mas vocês devem fazer a sua parte e ajudar a ancorar a luz dos 144 mil Mestres de luz encarnados na Terra, que em breve se farão visíveis aos olhos dos Iniciados, os filhos de Miguel e de Sangue Real de Jesus Cristo, estão despertando e dando inicio ao processo de limpeza e burilamento da Terra e da sociedade. Os guerreiros estão se levantando para sustentar a Justiça e a Espada dos Arcanjos e dos Elohins. Nisso estamos unidos e dando proteção a todos os nossos enviados para o momento do grande Conselho da Federação interplanetária na ONU, em pouco tempo...

“Temos o fim do ciclo estelar de 26 mil anos da Terra em conjunção com o fim dos 260 mil da galáxia e com o término da influencia de Vega sobre o norte da Terra. Isso não é acaso, e sim matemática sideral, cumprindo seus ciclos cósmicos para a evolução da humanidade da Terra e de outros mundos similares.

“Em cada mundo estamos trabalhando para garantir a estabilidade do processo, e dando a sustentação para a dualidade entre as polaridades, em harmonia e não desarmônica... Os rebeldes estão tentado desvirtuar, com negatividade, maldade, horrores, que não são parte da dualidade e sim de mentes doentes que se alimentam de pânico e de dor dos mais despreparados.

“Burilamento e trabalho em grupo serão muito importante para os tempos que estão chegando, nas comunidades entre amigos e familiares. Será um fator importante para garantir a sobrevivência e fortalecimento das chances de supersarem os processos cármicos que a vossa humanidade tem pela frente.

Fiquem na luz e na certeza que estamos ajudando, mentalizem nossas falanges de amor e dos Mestres e estaremos com vocês.”3

Para os buscadores da espiritualidade, basta um pouco tempo de sintonia meditativa para captar as energias e sorver o que tem de bom nos lugares que visitam.

Assim, Jocelin e Jordi se sentem: Silenciosos, como em estado de êxtase espiritual ou transe transcendental, sorridentes e felizes, brincando com as crianças, voltam à Cidade.

No Diário de Jordi há registro de uma visão de objetos luminosos na noite daquele dia que meditaram na gruta do Triângulo, enquanto passeiam numa trilha. Ele começa um poema sobre o assunto e ao invés de versificar, escreve, “eles voltaram e uma calma como se estivesse em êxtase de meditação, toma conta de mim. Algo me diz que devo ir a ponto de encontro e Jocelin sente o mesmo. Assim faremos”.

Noutra página, há anotações sobre datas, com observações de mudanças planetárias, fenômenos astronômicos. Um tipo de cronograma. Anotações sobre reuniões com seres da Confederação Intergaláctica, do Comando Estelar Ashtar Sheran, como ocorreu na Chapada Diamantina e no Vale do Catimbau.

Em São Thomé das Letras, mais um ciclo de preparação do poeta termina. Ele compreende a conexão espiritual com Jocelin. Ela é uma Comandante da Confederação, vivendo no Planeta Terra, esperando o momento de agir. Eis a anotação no Diário:

“A Raça humana é muito antiga e também esta presente em outras galáxias mais antigas que a nossa. Só na Via Láctea ela já possui cerca de sete bilhões de anos manifestando seu processo evolutivo, no entanto a sua matriz original é muito mais antiga perdendo-se no tempo em outras galáxias.”4

Na página seguinte, alguns rabiscos, encontrados borrados, manchados por lágrimas. E uma nota: “não sabia que ela era tão evoluída. Humilde. Foi escolhida e eu fiquei. Um dia nos encontraremos, e zarparemos juntos em tua nave, amada índia dos meus sonhos...”.

E a data desta observação é escrita após dois dias da anotação anterior.

Nos arquivos de Jordi, foram encontradas cartas de Jocelin, provindas de outros pontos do país e do Planeta, com mensagens enigmáticas, sempre terminando com a mensagem: “estamos sempre perto, não tema. Um dia nos encontraremos. Beijos da sua Índia da Terra do Sol Nascente, Joce”.

Para ela, Jordi registrou o seguinte poema no seu diário:

Irmã Solar

Não te desejo

Nem te escrevo

Com ávido senso

De quereres carnais.

Amada Irmã Solar,

Tenho-te presente

Sempre em mente

Alem terreno amar.

Compartilhamos naturismo

Nas trilhas de terreno paraíso.

Repartimos sonhos

Nos pulsares risonhos

Da pura amizade.

Vagando nas estrelas

No ir e vir mutante

Pelas vidas, errante,

Anseio cada instante

Zarpar contigo além quimeras

Do viver desta Terra.

Meu estro rumoreja

A mais intensa saudade,

No ferido peito

Guardo segredo

Encobridor da realidade.

É grande a vontade de morar em São Thomé das Letras, mas Jordi segue viagem de volta a Pernambuco.

Tudo envolto num grande enigma. O poeta nunca comentou sobre os detalhes desta viagem. Nunca fez palestras sobre as vivências na viagem a São Thomé das Letras.

Depois desta viagem, vários registros no seu Diário, com espaços grandes entre as datas, não mais escreveu diariamente com muitos detalhes.

Há um cronograma de fatos e poemas.

Amigos descrevem uma fase de intenso mergulho nele mesmo. Sisudo, repentinamente brincalhão, semelhante uma criança ingênua.

Veio então fase de esparsas produções teatrais e intensa atividade literária, introvertida.

Nunca revela sobre horas e dias em branco no diário. Nem comenta sobre a viagem a São Thomé das Letras.

Estudiosos e esotéricos buscam naquela paisagem, o cenário perfeito para manifestações ufológicas e contatos telepáticos. Grupos esotéricos têm sede em São Thomé das Letras, afirmando que a cidade tem uma energia especial para os preparos e advento da Era de Aquário.

Jordi e Jocelin não são as primeiras pessoas e não serão as últimas a mudarem comportamentos e influídos nos enigmas, após visitar lugares como esse, entre outros existentes no Paralelo 15 do nosso Planeta.

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1 - São Thomé das Letras fica a uma altitude de 1291 m. O ponto culminante está a 1430m, na Serra de São Thomé (Cruzeiro). É a 4.ª no ranking nacional de altitude, somente superada por: Campos de Jordão (SP), a 1628 m, Monte Verde (MG), a 1600m., São Joaquim (SC), a 1354m.

2 - No Século XVII, o escravo João Antão fugiu da fazenda do Barão de Alfenas e ficou escondido numa gruta. Um dia, apareceu um senhor trajando roupa branca e lhe deu uma carta de alforria. O negro levou a carta ao Barão. Ao ler, o Barão pediu para conhecer o autor da carta, sendo difícil, naquela época, encontrar alguém que escrevesse e com letras bonitas. Ao chegar na gruta, não encontraram o homem, mas avistaram uma estatua de São Thomé, esculpida em madeira. O escravo disse que o homem era aquele. O Barão de Alfenas ordenou construir uma igreja ao lado da gruta (atualmente, a Igreja Matriz).

Em 1740, formou-se uma vila ao redor da Igreja, transformando-se na Cidade de São Thomé das Letras que faz fronteira com as cidades de Três Corações, Luminária, Baependi e Conceição do Rio Verde.

3 - Veja os sites http://www.shtareer.com.br e http://www.hajaluz.com.br

4 - Do Livro “Hitler, o Livro Proibido”, de Rodrigo Romo, Editora Madras.

© Jaorish Gomes Teles da Silva

Obs.: Este texto é o Capítulo IV do Romance LUMINAR POÉTICO DE UM DEVANEIO PASSIONAL, publicado em 2004.

Mais informações e venda do livro no site do autor: www.jaorish.xpg.com.br

Canal no YouTube com clipes do autor: www.youtube.com/Jaorish

Jaorish
Enviado por Jaorish em 30/12/2008
Código do texto: T1359046
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