o segredo do oliva negra capítulo 6

Belo Horizonte, 19:05.

Não foi díficil para Silveira conseguir abrir a fechadura do apartamento onde moravam Daniel e Laura, a não ser quando um vizinho apareceu no corredor o obrigando fingir que era um velho tio de férias fazendo uma visitinha. Conseguiu fazer isso porque usufruia de boas informações sobre o casal, duas semanas de investigação incansável traz lá sua vantagens. Se não chegou a convencer o sujeito totalmente pelo menos conseguiu o suficiente, já que tinha agido de maneira bastante amistosa. Anos e anos de vida policial, depois espionagem industrial ou qualquer coisa que lhe caisse nas mãos assim era sua rotina. Abrir portas, passar por cercas, enganar seguranças, não havia nada neste sentido que já não estivesse se acostumado a fazer. Quando finalmente conseguiu abrir a porta pôde se sentir a vontade dentro daquele lar invadido.

A primeira sensação que teve foi de um imenso vazio. Não havia muita coisa na sala. Os pouco móveis como um sofá de couro marrom que atravessava num dos cantos, não conseguia preencher o ambiente imposto pela parede de gesso branco. A figura esguia do detetive de nariz incisivo penetrando lar adentro numa figura de raposa estudando terreno em passos abafados sobre o carpete verde, dava aquela missão um ar peculiar que a vizinhança de classe média alta jamais imaginaria estar acontecendo ali.

No quarto, abriu o armário e tocou nos vestidos caros que Laura não havia usado em nenhum dos dias que a espionara. Eles não combinavam em nada com aquele chevrolet que o marido guiava cabisbaixo pela cidade afora. Um paradoxo curioso. Achava a moça bonita embora ela tivesse no rosto um ar de indiferença que não gostava em certas mulheres. Ficou pensando nisso em quando alisava com os dedos o tecido daquelas roupas...

...Silveira ligou o computador e começou a descobrir algo que o fez mudar de idéia em relação a Mário. Havia muita coisa ali que era interessante demais para ser ignorado.

Nos Diskets havia muita materia salva de sites da internet sobre acontecimentos sobre UFOs provavelmente vindo de revistas do gênero, nos Cds pôde encontrar programas que explicavam sobre o universo e as estrelas e havia mais... textos tirados de livros cientificos, teses que relacionavam questões históricas, filosóficas, ou até religiosa com a questão da vida em outros planetas...

Porque um casal consumista babaca de repente se interessara por Astronomia e Ufologia de uma maneira tão profunda? O Mário tinha razão.

A ultima coisa salva na memória do computador era uma materia sobre um menino de doze anos que presenciara um fenônemo conhecido no meio ufologico como cabelos de anjo. Silveira sabia o que era aquilo: filamentos brancos, parecidos com algodão, que caíam do céu não se sabe de onde e desapareciam não se sabe para onde. Aprendera isso com Mário. Silveira respirou fundo, a lembrança da noite em que vira o parceiro pela primeira vez veio logo a cabeça: estava tentando invadir uma fábrica numa area distante das vias urbanas da metrópole mineira cortando a tela com alicate quando de repente olhou para cima e viu um objeto semelhante a um prato passar voando sobre sua cabeça, era enorme e, ironicamente, se parecia com o que já vira em fotos de materia sensacionalistas e que costumava desdenhar dizendo não passar de fraude...

Antes que a "coisa" sumisse sob o escuro do céu estrelado viu uma pick up que vinha em alta velocidade frear bruscamente sobre o chão poeirento que cercava a fábrica. Lá de dentro desceu um homem negro, alto e com roupas elegantes que, sem se importar com apresença de Silveira, apontou uma filmadora para o horizonte e filmou os últimos rastros da coisa. Foi só se aproximar daquele homem e fazer as perguntas certas e usar os argumentos certos que logo sua "pacata" carreira de espião industrial pôde chegar ao fim. Agora era caçador de homenzinhos verdes.

Silveira fez algumas copias de alguns dados do computador e tambem surrupiou alguns diskets e CDs. Iria fazer uma análise junto com Mário.