O SEGREDO DO OLIVA NEGRA capítulo 5

.... - Bastante impressionante! mas não preciso dos seus conselhos. Preciso, sim, que me fale de Darasélia.

- O que é que eu posso dizer? Entenda: nós estamos ferrados!

- Nós?

- Nós, a raça humana. - O Capitão acendeu um cigarro. - Eu estive no Amazonas nos anos setenta. Eu vi as pessoas enlouquecerem... acredite eles fazem o que querem com a gente, e só estão esperando um momento certo para acabar de vez com isso.

- Não sei porque esta falando assim mas, eu diria que sempre se pode negociar.

- Negociar? Você não sabe nem o que eles são, se são seres como nós com tecido e osso ou um monte moleculas que viajam pelo espaço a mando de sei lá o que. Ah! claro. Pensa que vai poder se safar ,não? se portando como um privilegiado espécime da raça humana, um capitão do mato moderno enquanto todos nós caminhamos para escravidão ou extermínio.

- É, talvez. Mas é preciso lembrar que a humanidade superou muitas ameaças ao longo de sua história, sempre há uma parte dela... uma elite que consegue se adaptar a nova realidade mais rápido e ter o domínio da situação.

- Dessa vez não vai ser assim. Há um fim para tudo e eu acho que chegou a nossa hora.

- Bom... eu queria saber mesmo era sobre Darasélia.

- Quer saber, não? então vá lá... - o Alcântara fez uma cara de dezprezo - ...nos o pegamos duas vezes. Na primeira não conseguimos encontrar nada de anormal e chegamos a libera-lo pra ir para casa. Imagine! Até que ele começou a mostrar quem realmente era quando o pegamos aqui em Minas há dez anos atrás. Agora o seu poder é devastador. Acredito que deve estar esperando para agir.

- Que espécie de poder era esse?

- Algo de fascinante! Impressionante o que os alienígenas fizeram com ele, e é mais impressionante ainda o fato de que não fazem isso com todos os abduzidos. Porque escolhem apenas alguns para esse tipo de experiência? Darasélia é capaz de controlar as nossas cabeças. Ele nos faz perder o controle sobre o que vemos o sobre o que ouvimos. Não vai querer cruzar o caminho dele.

- Por que vocês o deixaram escapar?

- Não deixamos. Ele foi como quis e quando quis.

Gentile imaginou que estava chegando perto finalmente, depois de um ano de procura. Não era simples coincidência o Capitão ter escolhido aquela cidade para viver e que ficava justamente no Sul de Minas, onde Jonas disse que Daraselia teria sido contactado pela última vez.

- Porque desconfiaram dele? Soube que o importunam desde os anos setenta. Foi no Amazonas que começou não?

O capitão sorriu com amargura. Tinha uma grande frustração sobre o Amazonas. Mas deu uma respirada e começou a responder as perguntas:

- Foi no Amazonas. Helio Daraselia ganhava dinheiro vendendo quinquilharias na cidade de Alvorada. Mas como alguem sai de São Paulo e vai tentar ganhar a vida numa cidade do interior do amazonas onde por acaso esta acontecendo estranhos eventos? ainda por cima com aquela descendência, aquele sobrenome. Nós desconfiamos dele, embora pudesse ser só coincidência. Havia um sargento na aeronáutica, o Machado, ele ficou imprenssionado demais com o que estava acontecendo. Uma noite ele desapareceu na floresta junto com Darasélia e reapareceu no outro dia com um comportamento estranho. O sargento havia pedido para interroga-lo a sós. Depois de muito tempo achamos que ali deve ter havido um pacto entre os dois. Nada foi descoberto então sobre Daraselia mas o Machado nunca mais foi o mesmo. Ele veio morar no Sul de Minas numa cidade aqui perto, Rio Delta. Lá foi encontrado morto no final dos anos oitenta.

- Ele não disse nada?

- Não em quando parecia lúcido. Quando resolveu falar todos o tomaram como um louco. Falava em conspirações extraterrestres e sobre o fim da humanidade. Agora não parece mais loucura.

- Onde está Daraselia?

- Em qualquer lugar e em lugar nenhum. Me diga Gentile, o que procura exatamente?

- O mesmo que você procurou.

- Não, deve haver algo mais, um mercenario não viria até o Brasil atrás de um louco qualquer... como chegou ao nome dele?

- Isso... - Gentile acendeu um cigarro - ... não importa. O que importa é como chegar até ele. Eu preciso de uma pista.

- Já que é assim eu vou te dar um conselho, procure pelo Oliva Negra, um restaurante de beira de estrada, que foi incendiado no ano passado. Ele, por coincidência ou não fica na mesma cidade onde ainda mora a viúva do Machado. Rio Delta. Fica a uma hora daqui. Mas, pode acreditar, eu acho que devia deixar isso de lado e ir aproveitar a vida em alguma praia do Caribe. Pelo menos em quanto ainda tem tempo pra isso.