O SEGREDO DO OLIVA NEGRA capítulo 4
Cidade de Lavras:
Nádia girava nas mãos um boneco que havia comprado numa loja de souvenirs de uma cidade vizinha. Feito de borracha e representando um suposto visitante de outro planeta, o inanimado ser nada podia fazer em poder das mãos agilmente agressivas da bela moça, a não ser espia-la com olhos vermelhos e enigmáticos. Nádia tambem retribuía àquele olhar, mas os seus, porem, estavam mais carregados de tédio do que de enigmas.
Sob o ar condicionado do interior da Van negra de vidros fumê estacionada na principal praça da cidade, Nádia, enquanto havia ainda a claridade do sol, chegou a se cansar de admirar as árvores altas e belas que empunhavam um ar de tranquilidade e fuga que lhe tirava do stress do seu mundo estranho e secreto. Era bom se sentir normal de vez em quando, mas agora com a escuridão que vinha com o fim do dia, o tédio era o que predominava. De vez em quanto olhava para Gustavo, que sentado na parte traseira do veículo, só tinha a atenção para seu notebook ligado a sua frente. Os dois não conversavam muito entre sí, mas já estava na hora de quebrar a monotonia:
- Você não gostou daquilo, não é?
- O que? - Yamasaki se assustou com a pergunta repentina quebrando o silêncio mas, logo voltou a frieza de sempre - está falando do Waldomiro?! não é minha função ter um julgamento sobre isso.
- Não estou te interrogando, só quero saber sobre suas emoções, você as têm, não?
- E você? as têm?
- Abandonei-as quando me tornei militar na Holanda mas de vez em quando elas voltam e quando isso acontece eu não costumo esconde-las como você faz.
- Acho que as pessoas só devem serem mortas no último caso. O próprio Gentile falou sobre como desacreditar pessoas que testemunham alguma coisa sobre os extra-terrestres, então porque ele não agiu assim com Waldomiro?
- Então você não gostou da atitude dele - disse Nádia com triunfo.
- Não é isso. Apenas tenho o meu ponto de vista. O fato de que obedeço as regras sem questionar não me obriga a pensar como ele.
- Uma boa explicação para proteger sua disciplina oriental...
Gustavo pensou em responder mas notou que sua parceira já dividia sua atenção com o que via pela janela, isso fez com que ele se levantasse e tambem observasse Gentile sentado pacatamente num banco da praça tendo como companhia um homem alto, aparência de uns sessenta anos e olhar duro como o de gentile porem mais cansado. Agora era possível captar o que eles diziam pelo microfone escondido no paletó do líder do trio:
- Não gosto quando gente como você visita a minha cidade - disse o Capitão Alcântara.
- Não vamos demorar. Estamos só de passagem - sorriu ironicamente Gentile.
- Veio atrás de Darasélia, não? A mando de quem? FBI,NASA, CIA,Chineses, Russos? Não importa muito isso hoje em dia, não? Tudo se resume a dinheiro agora...
- Depende de como você vê as coisas... Acho que as coisas sempre se resumiram a dinheiro, mas antes havia o verniz da ideologia.
- Sim, então o que faz você vir até a America do Sul, junto com uma mercenária Holandesa, e ainda ter recrutado um jovem Brasileiro que aprendeu alguns truques na terra natal de seus pais, o Japão. Não se espante. Andei mesmo observando seus passos.
- Imprenssionante.
- Achara impressionante tambem este país. Vocês estrangeiros têm uma idéia errada sobre nós, acham que tudo se resume a praia e jogadores de futebol. Não têm ideia de quantos mistérios há por aqui. Principalmente no Sul de Minas. Em cada esquina ouvira alguem falando sobre uma lenda qualquer, uma mula-sem-cabeça ou algo mais, e não sabera a diferença de quando se tratar de uma lenda mesmo ou de uma nave estra-terrestre. Isso o enlouquecera.