FILHOS DA LUZ - CAPÍTULO 2 - OS SONHOS

CAPITULO 2 – OS SONHOS

... Lá estava a garota juntamente com seus irmãos, estavam no meio da rua como se fossem fantasmas, assombrações ou coisa parecida. Pude perceber que suas vestimentas eram estranhas e todas estavam descalças. Aquela imagem de três crianças no meio da noite sozinhas na rua me assustava, mas não fora o bastante para impedir que eu corresse em direção à saída do hotel.

Abri rapidamente a porta de meu quarto e desci correndo as poucas escadas que me levava para o pequeno saguão do hotel. Passei tão rapidamente que ninguém me viu abrindo a porta principal e sair á rua apenas com trajes de dormir.

Estava ofegante quando parei no meio da rua e nada vi! Elas tinham desaparecido novamente.

- Estou ficando louco? Pensei em voz alta.

Corri mais alguns metros para a direita e depois para a esquerda até o final da rua para verificar que realmente eu estava tendo uma alucinação.

Ouvia apenas o barulho do vento e as folhas das árvores se deslocando e mais ao fundo podia ouvir alguns gritos que ecoavam ainda vindas de longe.

- O que vocês querem de mim? Gritei ao vento que soprava mais intensamente agora.

Olhei para meus trajes e sabia que devia voltar imediatamente para o hotel antes que alguém me denunciasse como atentado ao pudor. Contudo, antes que eu pudesse dar 05 passos em direção ao hotel, senti uma forte dor na cabeça e uma visão muito intensa veio à mente. A dor que senti, me fez cair ao chão e numa fração de segundos vi muitas pessoas correndo ensangüentadas, outras correndo sem direção gritando e chorando, vi muitas crianças sentadas em meio a uma grande multidão chorando e pedindo suas mães...

Era uma visão demasiadamente forte e intensa, pois sentia meu coração acelerado como se eu estivesse vivendo aquela situação...

Minha cabeça girava e eu não conseguia me levantar do chão, sabia que deveria levantar, contudo, não tinha forças para mover um só músculo do corpo.

Via-me nesta cena com roupas estranhas também e eu estava subindo uma grande escadaria, a luz vinda da outra extremidade dela era muito intensa que impossibilitava de saber onde iria terminar...

Além de tudo ser muito intenso e muito real em minha mente eu falava coisas que eu não conseguia compreender, tinha a nítida idéia de que eu estava numa outra época, numa outra dimensão...

- Sr Joseph, Sr Joseph! Está tudo bem? - Dizia uma voz vinda muito distante...

Aos poucos fui recobrando a consciência de onde eu estava e pude ver Otto se aproximar de mim.

- O que houve senhor? Porque está aqui fora senhor a esta hora da noite?

- Me ajude Otto! Eu não sei bem o que me aconteceu...

- Vamos senhor, eu ajudo a ir para o hotel, segure-se em mim

Então me levantei com a ajuda de Otto e fomos para a entrada do hotel.

- Não se lembra de nada, senhor? Perguntou Otto ainda sem entender o que estava acontecendo.

- Lembro-me de ter visto a garota aqui na rua, então desci e quando eu estava aqui na rua simplesmente senti uma forte dor de cabeça e caí no chão.

- Que garotinha, senhor Joseph?

Olhei para Otto como querendo que ele pudesse me entender, contudo, sabia que ele iria me achar ainda mais maluco.

- A menina que veio hoje no Hotel, Otto!

- Ela estava aqui, senhor no meio da rua a esta hora da noite? Fazendo o que Senhor?

- Não sei Otto! É isto que eu gostaria de saber...

- Deve ter tido uma alucinação senhor Joseph, o senhor tem trabalhado muito e pouco se alimentado! Vamos vou acompanhá-lo até seus aposentos...

- Espere...

Parei de frente a porta do hotel e antes que eu pudesse entrar, virei-me para a rua novamente e fiquei olhando a rua deserta e o som das árvores balançando...

- Sei que vocês estão me olhando... Pensei comigo mesmo.

Entramos no hotel e Otto me ajudou a subir até meu quarto.

-Pronto Senhor Joseph, agora descanse e se precisar de algo, por favor, me avise está bem?

- Deve pensar que estou ficando louco, não é mesmo Otto?

- Senhor, todos estamos vivendo dias difíceis conturbados, não se preocupe, logo estará bem!

- Mais uma vez obrigado Otto.

- Se precisar, é só avisar Senhor!

Otto fechou a porta do quarto e a dor em minha cabeça havia sumido, contudo, as imagens que eu tinha tido ainda continuavam vivas em minha mente, mas eu não as compreendia, não sabia o que aquilo significava e porque eram tão reais.

Levantei-me novamente e fui a janela e diferentemente da outra vez não vi nenhuma alucinação ou qualquer fantasma. Se eu não tivesse conversado com aquela menina no Café podia jurar que se tratava de fantasmas ou algo similar.

Fechei a janela e voltei a deitar-me, o cansaço parecia ainda maior que antes e então adormeci novamente...

Mais uma vez o sonho veio intenso e real, como na visão na rua. Eu podia sentir cada sopro de vento no rosto, podia sentir que eu estava vivenciando aquele sonho.

Eu não reconhecia o local em que eu estava, contudo, pela aparência das pessoas que estavam ao meu lado eu tinha a clara certeza de que eu estava na Ásia. Era uma manhã com um clima muito agradável, uma manhã de céu aberto e que transmitia uma paz muito grande. Paz esta que era interrompida por um sonoro e agudo som que vinha de uma sirene do alto de uma construção.

Aquele som mudou totalmente a paisagem e a face das pessoas que transitavam lentamente ao meu lado. Pessoas imediatamente ao ouvirem aquele som estridente começaram a correr para todos os sentidos, eu permaneci estático tentando entender o que aquilo significava.

Parei duas pessoas para me explicarem o que estava ocorrendo, contudo, pareciam não me entenderem ou não darem importância para minha presença naquele momento.

Mesmo dormindo eu podia sentir meu coração batendo intensamente devido ao esforço que eu estava fazendo. Agora eu estava também assustado e correndo juntamente com outras pessoas, eu via nitidamente o rosto das pessoas correndo ao meu lado, contudo, elas pareciam não perceber minha presença junto a elas, mas eu podia sentir o medo no ar e esta sensação aumentava cada vez mais...

Mesmo sendo em um sonho eu percebia meu corpo se contorcer e estremecer, pois, a sensação de medo era real, algo estava por acontecer e era algo muito intenso e forte!

Eu tentava compreender o que estava acontecendo, mas as pessoas não respondiam as minhas indagações e perguntas. Parei outras pessoas novamente a fim de conseguir alguma resposta, porém, elas demonstravam total indiferença com minha presença. Estavam assustadas e corriam em todas as direções...

A sirene continuava a soar e parecia cada vez mais intenso o seu som, as pessoas já corriam sem direção, sem saber para onde irem.

Como eu não conseguia compreender o que estava acontecendo decidi parar de correr e fiquei apenas observando as pessoas a minha volta. Todas estavam com suas faces amedrontadas, olhavam para o céu como que esperando a morte vir do ar. Vi pessoas se abraçarem e chorarem sem compreender aquilo tudo... Foi quando eu olhei para o céu e vi um avião sobrevoando bem distante as nossas cabeças.

Era uma aeronave antiga, mas muito grande, as pessoas pareciam prever o que estava por vir e eu estava assustado por não conseguir compreender o que estava acontecendo...

De repente o som da sirene deu lugar a um som ainda mais agudo vindo do céu...

Todos olhavam aquele objeto descer do céu e em fração de minutos uma grande explosão ecoou por toda a cidade...

Eu sentia minha pele queimando, sentia meu rosto arder e se desfalecer diante daquela “onda” gigantesca inenarrável queimando todos e tudo...

Os gritos das pessoas ecoavam e se misturavam meio ao barulho daquela onda varrendo pequenos prédios, pessoas e objetos, tudo queimava, tudo era devastado...

Pessoas que instantes atrás estavam correndo assustadas simplesmente desapareceram após a onda de calor passar por nós...

Não demorou mais que 3 minutos aquela sensação de ardência pelo meu corpo, mas depois de passado a “onda” pude ver a devastação causada em toda a cidade...

Prédios queimados, pessoas queimadas, vegetação destruída, era a visão do inferno que eu estava tendo e mesmo dormindo sentia que eu estava vivenciando aqueles fatos...

Acordei mais assustado ainda, procurei tocar meu rosto imediatamente imaginando que ele pudesse estar queimado. Meu corpo estava todo molhado de suor, minha mente estava embaralhada demais com a nítida sensação de ter vivido realmente aquele sonho. Os sons, as dores, os gritos, a sensação de calor, as imagens de destruição e morte estavam vivas dentro de mim...

- Meu Deus, o que é isto? Questionei-me ofegante na cama molhada de meu suor.

Levantei-me mais uma vez e fui jogar água em meu rosto que ainda me dava a sensação de estar queimando, então abri a torneira da pia e deixei por alguns instantes a água cair sobre minhas mãos e fixei meu olhar no pequeno espelho pendurado acima da pia e mais uma vez meus olhos se abriram e meu corpo estremeceu vendo pelo pequeno espelho uma grande “onda de calor” vindo em minha direção ...

Trim...Trim...Trim...

O grande telefone preto estava tocando sob uma pequena mesa ao lado de minha cama e foi o seu barulho que me fez despertar. Levantei minha cabeça tentando entender tudo que eu havia sonhado naquela noite, mas as lembranças eram vagas e distantes agora, eu lembrava de tudo - das pessoas correndo, dos corpos queimados, dos prédios destruídos e de toda a confusão na cidade, mas a sensação de realidade já não mais existia em meu corpo.

- Alo!

- Senhor Joseph! São 9 horas da manhã, o senhor pediu para que eu o acordasse! Tenha um bom dia Senhor.

- Ah Sim, Otto. Obrigado. Tenha um bom dia também.

Depois que tomei banho, desci para o restaurante do hotel juntamente com alguns livros que eu carregava comigo a fim de concluir alguns estudos que eu deveria fazer até o final daquela semana.

- Bom dia Senhor. - Disse uma das mulheres que servia o café diariamente.

- Bom dia Marise! Como está você?

- Estou Bem senhor, hoje os hóspedes estão um tanto quanto perturbados...

Marise era uma jovem garota pobre que morava juntamente com seus irmãos e seu pai na periferia de Paris, não tinha mais que 22 anos, era uma menina muito bela e simpática, alvo constante de cantadas de hóspedes do hotel.

“Sua história e como iniciou nossa amizade merece uma atenção minha toda especial que contarei em momento oportuno”.

- Porque diz que os hóspedes estão perturbados hoje minha jovem?

- Todos acordaram hoje irritados! Agressivos!

- Devem ter tido uma noite ruim de sono, creio eu!

- Esta violência gratuita nas ruas, me deixa ainda mais assustada.

- Calma Marise, logo isto tudo acaba e voltaremos à rotina pacífica de Paris...

- Esta noite Senhor Joseph tive pesadelos horríveis...

- Sonhei que toda esta violência gerava ainda mais guerra e mortes!

Olhei um pouco intrigado com aquelas palavras e tentei tirar um pouco mais de informação a respeito de seus sonhos.

- Você sonhou com guerra Marise?

- Sim! Como sabe?

- E como era este sonho? Conte-me um pouco mais sobre ele...

- Bem, sonhei que nossa Tour Eiffel (Torre Eiffel) havia sido destruída por pessoas que novamente haviam invadido nosso país...

- Também tive horríveis pesadelos minha amiga! Mas são apenas sonhos felizmente, tudo está bem não é mesmo?

- O senhor sabe muito bem que eu fico muito assustada com estes sonhos...

- São apenas sonhos minha chéri! Acalme-se nada vai acontecer com a nossa “magnifique Tour”!

- Assim espero senhor! Se me permite, tenho que ir para a cozinha há muitas coisas a fazer.

- Claro chéri, fique a vontade!

Conhecia bem os medos e pesadelos de Marise, pois, assim como Marise ambos tínhamos terríveis pesadelos constantemente e foi por causa destes sonhos e pesadelos que nos tornamos amigos.

Era minha hora de sair também uma vez que eu tinha que ir até uma antiga cidade da França que ficava no famoso canal da mancha: CALAIS.

Uma cidade belíssima que escondia na sua origem muitos mistérios, conta a história que Calais fora uma antiga vila de pescadores e que passou por inúmeras batalhas de conquistas e reconquistas, e era lá que estava a obra a ser estudada : A estátua de bronze dos”Seis Cidadãos de Calais”.

-Otto meu amigo, sabe me dizer se o motorista já esta disponível para me levar até a cidade?

- Bom dia Senhor Joseph! Sim senhor, ele já está o aguardando.

- Ótimo! Quanto antes eu chegar a Calais, melhor!

- O Senhor está bastante eufórico com esta viagem não é mesmo Senhor Joseph?

- Sim Otto, algo que não sei te explicar está me impulsionando para esta cidade!

- Talvez seja a sua história, a bravura e a coragem daqueles homens que morreram em prol da cidade!

- Pode ser Otto!Quando eu voltar lhe conto como foi meu amigo. Disse estas palavras a cumprimentei Otto com um forte abraço e segui para onde estava o homem me aguardando para darmos inicio a nossa viagem.

- Bonjour monsieur – Disse-me o homem baixo com uma cara engraçada já que possuía uma boca muito grande para os padrões franceses.

- Bonjour ! Você deve ser Bernard, correto?

- Oui Monsieur! Perdoe-me! Sim sou Bernard seu motorista.

- Que bom que fala minha língua Bernard, meu francês está meio enferrujado, me entende?

- Claro senhor! Sorriu e partimos então para Calais a Terra da Estátua de Bronze...

A viagem era pouco longa o que permitiu uma conversa bastante frutífera com o motorista que era tão bom historiador quanto eu! Conhecia tudo sobre a França, tinha suas convicções e ideais políticos e encarava aqueles dias tão conturbados como um sinal.

Explique-me melhor Bernard. Porque acha que é um sinal este momento em que vivemos?

Senhor como um bom católico entendo que DEUS esteja querendo nos dizer algo.

- Como disse? Engasguei-me com a água que eu estava bebendo ao ouvir aquelas palavras.

Sei que parece coisa de um homem sem cultura, mas acredite Monsieur, o mundo está passando por grandes e profundas transformações. A Humanidade vive seus dias mais agressivos em toda a sua história e DEUS está tentando dizer – O fim está perto!

Eu claro já tinha lido vários trechos da bíblia e tantos outros livros que retratavam o fim da humanidade, etc., etc... E não era algo que me fascinava, pois, eu acreditava que a IGREJA é quem fomentava estes pensamentos a milhares de anos.

- Então Bernard, você acha que o fim está perto? E o que faremos então? Perguntei com ar de deboche sobre aquele pensamento.

- O senhor não acredita não é mesmo?

- Sinceramente Bernard não! O mundo e a humanidade são violentos desde sua aparição neste Planeta. Desde os tempos das cavernas homens se matam por pura ignorância ou por motivos pessoais...

- Concordo Monsieur, contudo, esta agressividade está em seu limite, olhe em volta de si mesmo, veja quanta violência gratuita, quanta pessoa inocente tem morrido nos últimos anos. É uma visão aterrorizante, mas é a mais pura verdade. O homem não consegue mais dirigir sua vida.

È uma opinião bastante particular meu amigo Bernard ainda prefiro acreditar que somos donos de nossas ações e que está tudo normal. Deus – se existir – tem muita coisa melhor para se preocupar...

Depois desta pequena conversa ficamos em silêncio e fui me ajeitando no banco do carro onde pude adormecer levemente, ao fundo ia ouvindo os assobios de Bernard, ele dizia que era uma velha canção francesa que as tropas de Napoleão usavam nos campos de batalha.

- O senhor tem algum sonho Senhor Joseph? Perguntou Bernard.

- Parei para pensar em uma boa resposta a dar a ele, uma resposta que pudesse valer a pena ser dita, algo que marcasse aquela conversa.

- Sonho em uma vida cheia de alegrias e felicidade!

- Boa resposta senhor, mas muito egoísta, se me permite assim julgá-la!

- Fique a vontade Bernard. Sorri amareladamente para o homem que não tirava os olhos da estrada.

- Sabe qual é meu sonho senhor?

- Diga-me Bernard!

- Liberdade, Igualdade e Fraternidade:

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."[

«Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade.»

Ele estava se referindo a Revolução Francesa e a Declaração Universal dos Direitos Humanos onde culminou numa das maiores revoluções sociais já vividas pela sociedade moderna.

- É de fato nobre de sua parte Bernard pensar num mundo igual para todos e com oportunidades iguais contudo, sabemos que isto é Utópico.

- Chegou onde eu queria monsieur. Este é o ponto! Não há mais sinais de que o mundo possa viver numa sociedade igual, fraternal e libertária. Estamos criando uma sociedade que irá nos aprisionar e o homem foi criado para ser livre.

- O criador nos fez para sermos livres, termos livre arbítrio e estamos rumando para algo muito longe desta natureza humana. É neste ponto que o Criador irá intervir!

As palavras e o discurso de Bernard para aquela época me soavam vazios e muito distantes, contudo, anos se passaram e hoje posso ver que realmente a sociedade humana se aprisionou, criamos uma sociedade extremamente agressiva onde as grandes minorias são sufocadas socialmente dia após dia.

Voltamos a ficar em silêncio durante o restante da viagem e fui pensando em suas palavras e mais do que isto, me veio na mente os sonhos que eu tinha tido aquela noite. Senti-me incomodado novamente e meu coração se apertou por alguma razão naquele momento.

Procurei entender o motivo daquela angustia, mas apenas vinham em minha mente as imagens daquele sonho terrível.

Chegamos à entrada da cidade de Calais quase à noite e Bernard orientou-me a procurar um hotel para me hospedar uma vez que ele deveria voltar para Paris imediatamente e retornar no terceiro dia.

Fomos então antes de qualquer coisa procurar um Hotel, novamente ele me recomendou um pequeno hotel que ficava ao norte da cidade próximo a região onde eu iria trabalhar.

Paramos de frente ao pequeno hotel, mas de aparência agradável e descarregamos nossas malas.

- Acredito que o senhor ficará bem hospedado aqui Senhor Joseph, é próximo as Estátuas de Bronze e ainda o senhor poderá se quiser conversar com antigos moradores que conhecem toda a história da cidade.

- Creio que sim Bernard, a indicação deste hotel me parece muito adequada para meus propósitos.

Então me dirigi para o saguão do hotel me identificando e para minha surpresa o gerente do hotel disse-me:

- Boa noite Senhor Joseph, tenho um recado para o senhor.

- Recado? Que recado? Perguntei assustado.

- Bem senhor, o recado diz : Amanhã às seis horas da manhã aguardo-o em frente a Jean d’Aire.

*Jean d’Aire é o nome de um dos homens que foi homenageado com uma das seis Estátuas de Bronze no exterior da Câmara Municipal da cidade de Calais.

- Zafira? Quem é esta pessoa?

Ele olhou para Bernard, olhou para meu rosto confuso e permaneceu em silêncio por alguns segundos.

- Desculpe senhor, devo ter feito confusão com os recados. O senhor ficará no quarto 11, Michel irá acompanhá-lo senhor.

Percebi que todos ficaram constrangidos com minha pergunta sobre a pessoa que havia deixado recado.

- Senhor Joseph em três dias eu retorno para buscá-lo! Tenha um ótimo trabalho senhor.

- Obrigado Bernard, será um ótimo trabalho, espero-o daqui a três dias.

Aproximou-se de mim um garoto de aproximadamente 19 anos que apenas pegou algumas malas minhas e seguiu para a escada que nos levava para o quarto que eu iria ficar hospedado.

Era um quarto pequeno assim como era o Hotel, contudo, muito confortável, havia algumas flores decorando o quarto, as cores nas paredes eram suaves e da janela podia se ver um pequeno jardim no fundo do hotel com flores típicas da região.

- Seu nome é Michel, não é isto garoto? Conhece alguma pessoa chamada Zafira?

- O menino não me disse nada apenas me olhou e continuou a descarregar as malas e a colocar meus pertences no armário.

- Fala meu idioma garoto?

- Sim senhor. Disse olhando me assustado.

- Perguntei se conhece alguma pessoa aqui chamada Zafira...

- Sim senhor...

- E quem é esta mulher?

- Não é mulher senhor... É uma garotinha que esteve ontem aqui procurando pelo senhor...

Continua...

ESTE CAPÍTULO É PARTE INTEGRANTE DO LIVRO - FILHOS DA LUZ - ESCRITO POR ADÉRCIO GARCIA.

Adércio Garcia
Enviado por Adércio Garcia em 04/08/2008
Código do texto: T1112600
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