CAVALGADA NA ESCURIDÃO

Minas Gerais Anos quarenta

Meu nome é Fausto. Eu não conheci pai, não conheci mãe; eu vivia a mercê da própria sorte. Eu tinha um problema as pessoas, especialmente as mulheres, diziam que eu era bonito. E eu cresci cismado com isso; e o caso, é que as mulheres davam mesmo para cima de mim; cheguei a ter que fugir por estar correndo perigo com maridos ciumentos. Eu vim para este lugar, eu deveria ter uns dezoito anos

Eu gostava de Andreana, Filha do Fazendeiro de verdade; ela também gostava de mim, mas eu não podia falar com ela, em publico; ainda agora eu cheguei perto dela e falei: - eu só vim a esta festa, par te ver; ela disse sai fora eu não gosto de pobre; não fala comigo no meio dos outros quando eu quiser encontra-lo, eu falo baixo e você vai para a cachoeira lá agente brinca e assim ela fazia, mandava selar o cavalo, montava e saia cavalgando em direção a Cachoeira. Lá agente se encontrava, conversava, beijava, deitava na grama, e fazia amor; tomava banho de cachoeira, ela montava, e voltava; eu montava meu pedrês, e seguia em frente para não sermos vistos juntos.

O pai dela já estava desconfiado, e mandou um de seus capangas o Zé prego; seguir os passos dela.

Um dia ela percebeu que era seguida, mudou o destino e o despistou; mas ele não desistiu; certo dia ele viu agente juntos ele procurou uma forma de cera-la e fazer uma proposta. Indecente

[Zé] O patroinha, vosso pai mandou eu vigiar a senhorinha, mas Se ocê querer deitar com eu, vosso pai num vai ficar sabeno da pouca vergonha de ocês.

[Andreana] Não isso nunca!

[Zé] A senhorinha que sabe, se num quiser eu conto pro vosso pai agora!

[Andreana] Não Zé, eu mudei de idéia, ocê num conta pro pai, e eu vou na tulha te encontrar a noite.

Chegando em casa, Andreana procura o pai;

[Andreana] pai o Zé me cercou no pasto hoje e queria me pegar a força, e eu para sair da mão dele, tive de prometer que ia dormir com ele na Tulha.

O Fazendeiro acreditou, e mandou chamar o Tião carreiro, e

[O Fazendeiro] Eu mato esse desgraçado; Tião, a noite Ocê vem aqui, e fica de olho se entrar alguém na tulha, ocê entra sem que ele perceba, amarra o sujeito, e me chama; seja quem for; a ora que for ta entendendo?

[Tião] sim patrão se argúem entrar na tuia eu amarro se for brabo eu posso dá um tiro pra amansar?

[ patrão] pode, faz o que for preciso; mas eu quero vivo e amarrado no tronco.

[Tião] estou na vigia, vejo um vulto, e percebo quando abre a porta da tulha e entra; Mas não sei quem entrou; entro em seguida, e, é ocê Zé, o que quer aqui?

[Zé] A Tião ocê é meu amigo, mas eu não vou falar.

[Tião] a vai falar sim, e num é pra eu não; ocê vai falar é pro patrão.

Pobre zé foi colocado no tronco e não confessou; quando estava no fim, já nos últimos minutos de sua vida, ele cumpriu sua missão; ele usou seu ultimo fôlego e [falou] Fausto pega a patroinha na Cachoeira.

[Andreana corre e avisa] Fausto tenha cuidado, que meu pai bateu no Zé prego até que ele falou sobre nós; e meu pai vai te matar também.

[Fausto] eu sai mas não fui rápido bastante; veio o pai dela, Tião, e outro.

Mas como meu cavalo era muito veloz, saí em disparada, e o velho desistiu de seguir-me deixando a cargo dos dois, que infelizmente, não tinham nada melhor para fazer, investiram contra mim, seguiram-me até enganar o velho e lá no alto, fizeram alguns disparos e me acertaram; não me deixaram fugir.

A mata fechada permitiria que minha fuga fosse possível.das proximidades do porto Resplendor, travessia de Balsa que servia os lados norte e sul transportando todo tipo de mercadorias, animais, e inclusive passageiros, que viajavam pela via Férrea que fazia o transporte de passageiros, e produtos vindo de outras cidades.

linha que ligava Vitória, a Belo horizonte pela margem do Rio doce, passando por Colatina, Barbados, Guandu Itapina, Itueta, Mascarenhas, Aimorés Resplendor como já disse, e Governador Valadares. Ao lado sul do famoso Rio doce.

Visto que se tratava de um Fazendeiro muito poderoso, o pai de Andreana, eu não poderia ficar em Resplendor, mas em uma destas paradas eu poderia aparecer. Sem problema. mas Decidi partir em direção ao norte. Passei quinze dias na mata e voltei. Por que eu não fugi por medo, e sim para deixar que ela se explicasse, e convencesse o pai, de que ela me amava.

Quando o Fazendeiro ficou ciente, da minha aparição na cidade de Resplendor, ele mandou me capturar; acho que ele queria saber das minhas intenções com a filha dele; quatro homens armados, não me deram muito tempo como não tive outra saída, eu feri um deles a bala e outro me acertou; no ombro direito me levaram baleado para a fazenda.

[Lá o Fazendeiro] quero ouvir o que vai dizer, minha filha; traga ela aqui, Germano; quero ouvir de você filha, o que você tem com esse sujeito?

[Andreana] Eu, Nada pai, o que eu poderia querer com esse pobretão? Quando eu fui vista com ele, ele estava arrumando o arreio do meu cavalo.

[O pai] Você está mentindo; Ele disse que está namorando com você.

[Andreana] mentira pai, eu ia perder meu tempo com esse sujeito pobre!

- Eu perguntei por que está fazendo isso Andreana? Eu arrisco minha vida por você, e é assim que você retribui?

[Andreana] cala a boca, Eu encontro você fora dos olhos de outras pessoas mas namorar e casar não será com você! Vou me casar com um homem a minha altura, e você sabe que está longe de ser você! Agora eu vi foi uma cavalgada na escuridão; Eu pensei que você me amava por que era tudo que eu queria e você só se divertia

Você se engana Andreana, eu ainda serei rico como seu pai ou mais;

[Andreana] Mas Que milagre será esse, posso saber? – não, não pode, por que nem eu sei!

O pai dela me disse some daqui não apareça mais. mandou me colocar encima do meu cavalo, e fui sangrando até a casa de um casal que moravam do outro lado da serra, e lá trataram meu ferimento, e eu fui embora. Segui aquela estrada até campo Alegre. Lá eu arrumei um trabalho; e como peão, eu estava trabalhando tranquilamente, até que o Fazendeiro cismou que a esposa dele, me olhava com uma certa diferença, e me dava um tratamento especial; começaram a brigar; Eu notei que ele tinha razão, e decidi seguir em frente.

Fui para Rio Novo; encontrei trabalho em uma Fazenda, onde eu cuidava dos animais de uso da Família; Eram Cavalos escolhidos, e tinha um trato especial. Por falta de sorte minha, eu estava feliz por que o Fazendeiro era um Senhor de mais de sessenta anos, eu pensei - aqui eu não terei problema vou me dedicar a cuidar do casal de velhos e por aqui posso ficar por um bom tempo.

Eu acabava de pensar, [ele chegou e me disse] você prepara um cavalo que minha mulher vai precisar sair; mas ela gosta daquele castanho;

[Eu] mas senhor, aquele cavalo é muito sestroso! - mas é assim que ela gosta o senhor fará do gosto dela, não a contrarie coisa que nem eu, jamais a contrariei . por favor não demore leve lá em casa o animal.

Deus do céu a mulher do homem eu já avia visto, mas pensei que era sua filha! Ele com sessenta, eu via através dele, uma esposa sendo uma senhora idosa, ela tem menos de metade da idade dele; - ela se preparou e.

[ela] não vai me ajudar? – ó sim, ajudei a galgar a sela, e ela pediu que eu a acompanhasse; - patrão: - Ele vai sim, pode montar e acompanha-la.

Fomos a outra fazenda; chegando lá, eu apeei, e fui ajudar a patroa; quando levo o braço para ampara-la ela se joga sobre mim e conforme segurou, ficou.e me falou baixinho, não se preocupe aqui ninguém vê nada.

- Mas como ninguém vê?

[ela] Aqui são empregados meus eu os trato bem, pago bem, que interesses terão, em perder o emprego?

[a patroa] Maria, arruma aquele quarto que nós vamos dormir aqui eu estou cansada, o senhor Fausto também; nós vamos ficar por aqui.e você Cardoso, sai amanhã bem sedo vai lá na fazenda avisa o senhor Torres, que vou precisar do Fausto aqui para ajudar você a resolver uns problemas de separação de gado, para marcar quero saber se ele pode ficar.

Foi a desculpa que ela arrumou para eu dormir com ela. Foram os melhores patrões que já tive o velho depois desta viagem, ele me chamou e me disse – você foi o único peão que Rosilda aprovou; Ela é muito exigente Agora você fica trabalhando normalmente, mas a disposição dela; tudo que ela quiser você pode fazer. Não precisa me perguntar.

Eu fiquei assustado com aquela conversa, mas continuei trabalhando; Até que um dia, levantei pela manhã, o tirador de leite me falou – cuidado em, a coisa hoje ta meio ruim aqui na fazenda; - perguntei o que ouve, ele me disse – o patrão mandou colocar um sujeito no tronco, por que bateu com a língua nos dentes, a respeito da mulher dele.

Eu pensei: nesse caso, se ele souber o que eu estou fazendo, ele vai fazer muito pior comigo!

Peguei meu cavalo, selei e cortei chão, fui para Aldeia; lá não gostei de nada, de lá fui para Mantena, e em Mantena, hospedei-me em uma pensão Um dos hóspedes, descobriu que era peão, não sei como, mas me falou eu tenho uma Fazenda que precisa que eu arrume um amansador de burros. Tenho vários.

- Ele deixou o endereço, eu fui conferir; era bem perto de Ecoporanga; Era um sujeito meio casca grossa, mas já fazia três meses, que eu estava trabalhando, ele comprou e eu fui buscar uns burros em Águia Branca, lá encontrei um peão que conheci em Rio Novo e eu falei com ele onde eu estava; mas não perguntei se ele ainda estava por lá, mas já era tarde. Ele delatou meu paradeiro.

Uma semana depois, chegou um sujeito procurando por mim; esse rapaz me falou que o senhor Torres mandou dizer que eu fosse homem para voltar lá e explicar o por que eu era tão bem tratado, e sai assim. E o rapaz ainda disse – ele falou que se você não quiser ir eu leva-lo nem que seja amarrado.

Eu avisei o patrão, e voltei com ele. Chegando lá o senhor torres me perguntou - alguém fez alguma coisa para te aborrecer? – Não senhor eu tive um assunto para resolver, e não podia falar. – Á então tudo bem; eu mandei até dar um corretivo em um empregado, por sua causa; ele veio me falar de uma coisa que eu já sabia; mas não quero ninguém batendo com a língua nos dentes.

Rosilda é uma senhora de respeito, não para ficar sendo falada na boca do povo. – Senhor Torres Eu vou lhe dizer uma coisa, se eu fiz alguma coisa para lhe faltar com o respeito, não foi minha intenção; Que nada você não me faltou com respeito, Rosilda é uma mulher livre; e ela me falou que você foi muito respeitoso com ela; e se ela estiver satisfeita, eu também fico. Vai lá ela quer te ver.

Eu entrei na casa, olhando para trás para ver se alguma arma estava apontada para minha cabeça entrei pela entrada de serviço tomei café na cozinha, com dona conceição, eu estava sentindo o sabor do ultimo café da minha vida. Pois a final eu me sentia como um invasor.

Enquanto eu tomava aquele café, chegou Rosilda e me disse vem cá que você vai ter que me explicar o por que desse desaparecimento sem aviso.-

Tudo aquilo para mim era muito estranho, jamais pensei encontrar um fazendeiro tão liberal; eu falei pra ela Eu sumi, por que aquele homem foi capaz de mandar um empregado para o tronco, só por que falou; e se ele souber do que nós dois fizemos então, o que ele fará comigo, ou com você? – Nada, ele não vai fazer nada com você, por que você não fez nada de mais; primeiro, ele sabe que eu te escolhi; Eu amo esse homem e ele me ama; por isso eu estou aqui.

Mas nós não temos nada um com o outro alem de amizade; vou te explicar Quando eu fiquei viúva eu vim tomar conta dele. Por que ele não tinha ninguém por ele; Eu e meu falecido marido, já fazia isto. Mas agente lá, e ele aqui, depois de que fiquei viúva, eu mudei-me para cá. Por que Sozinha eu não podia fazer esse trajeto.

Se você quiser pode ficar aqui, a principio alguns vão estranhar, mas com tempo, você mandando em todos eles, vão te respeitar, e você se fará respeitar. Tira esta roupa vamos deitar, quando agente levantar, eu falo com ele. – não, aqui no quarto dele não! – esse quarto não é dele bobo, o quarto dele é outro, nós nunca dormimos juntos; Ele me adotou como sua mulher para eu ser respeitada. Pelos peões da fazenda. E quando eu vi você, eu falei com ele que gostei de você por isso ele quis facilitar as coisas.

[Rosilda] senhor Torres nós conversamos e o Fausto entendeu e aceitou a condição de trabalho nós vamos tentar para ver se da certo.

[Torres] Fausto, Fausto você é um homem de muita sorte, caiu nas graças da mulher mais linda, mais rica, e mais respeitada da região; parabéns.e

Se quiserem continuar aqui, podem ficar. E se resolverem ir cuidar do que é de vocês podem ir.

- dois anos depois estamos juntos e nos nasceu uma filha linda o nome dela é Regina; mais um ano se passou, e Regina já está começando a andar e falar; já chamava o velho torres de vovô; ficamos cinco anos vivendo entre estas duas fazendas o velho Torres adoeceu e em poucos meses veio a falecer.

Nesse ínterim eu e Rosilda fomos em Resplendor, ver como estavam os negócios, da fazenda, para saber que decisões tomar e no cartório tivemos uma surpresa; o Tabelião entregou um envelope a Rosilda e disse esse envelope me foi entregue aberto, mas eu fechei sem lê-lo;

Era uma carta que dizia: Rosilda filha que queria-mos ter; casado quarenta anos com Guilermina, e não tivemos nem um filho; ela foi criada pelo pai e pela sua mãe os quais morreram, e não tinha parentes. Eu não soube quem eram meus pais; portanto só você nós tínhamos como filha agora se juntou a Fausto que eu gostaria de ter um filho como ele.

Meu ultimo desejo seria vê-los casados se está lendo esta carta perto do escrivão, diga a ele o que pretendem fazer, diga se estão ou não dispostos a satisfazer meu ultimo desejo; lemos juntos, e concordamos;

[Tabelião] posso proceder os tramites legais? Sim,sim. Nesse caso, já agora casados vamos para o segundo envelope que também não sei o que nele cotem.

Mas este aqui, o senhor Torres pediu que eu abrisse; posso abrir? Sim, sim

Aqui diz eu não tenho ninguém que possa contestar a veracidade deste documento; que faz de Fausto Gouveia o mais novo Fazendeiro do estado de Minas Gerais. E marido da mulher mais poderosa do seu Estado.

Ai eu pensei: Andreana, Aquela maluca me desprezou, foi ela culpada de eu levar tiro, foi ela que se satisfez sexualmente comigo, mas ninguém podia vê-la do meu lado por que eu era pobre, foi ela quem falou para o pai que ela não ia perder tempo com pobretão, foi ela que me fez sair pelo mundo ferido, e sem saber para onde ir; foi ela que me fez ter medo de mulher, foi ela que me fez achar que toda mulher era falsa, e sem saber me jogou no colo da sorte.

Mil, novecentos, e sessenta, e cinco; vinte e três anos depois que sai de Resplendor; bate em minha porta um jovem alto, forte, bem apessoado, em um automóvel chevrolet, e perguntou : - Como faço para encontrar Fausto Gouveia?

Minha filha já estava com treze anos, foi me chamar para atender ao jovem, ele me falou não vou tomar muito seu tempo, até por que, não é do meu feitio. Eu acabei de sair da faculdade, e gostaria de arrumar um trabalho, e fui informado que o senhor poderia estar precisando de uma pessoa para cuidar do seu Gado, já que trabalha com gado de corte, por isto vim procura-lo

Eu já estava a seis meses trabalhando na fazenda de fausto Gouveia, quando veio minha mãe me visitar, mas ela sabia com quem eu trabalhava, veio na intenção de me apresentar ao meu pai. Nisso eu e o senhor Fausto já éramos amigos, já nos entendia muito bem, Minha mãe chegou e ficou na minha casa; que era uma casa que o até então senhor Fausto que cedeu para eu morar.

O patrão chegou na minha casa, eu estava recebendo a visita de minha mãe

Quando o apresentei, ele pareceu meio tonto, sem assunto, ai minha mãe perguntou – não está se sentindo bem? Ele reagiu e perguntou – o que está fazendo aqui?

[Andreana] vim fazer uma coisa que teria de ter feito a vinte e dois anos.

[Fausto] você sabe que estou casado, e vivo muito bem com Rosilda, e o mal que você já me causou basta!

[Andreana] Não parece que te causei tão mal assim, afinal é o homem rico como me prometera um dia, você se transformou!. – É verdade, eu prometi isto um dia, mas isso não tem nada a ver com você aparecer aqui na minha casa, tem?

[Andreana] Não, não tem nada a ver com meu aparecimento aqui; o assunto que me trás aqui é outro; como eu disse eu estou a vinte e dois anos querendo ter esta oportunidade; sei que você é casado, mas acho que o que vou te dizer hoje, não afetará um casamento sólido quanto ao seu.

É com relação ao seu veterinária; Ele é meu filho, portanto, a pergunta que vou fazer é lógica; - sim pode perguntar;

[Andreana] Você está satisfeito com ele, - sim estou! É muito competente; -e como pessoa? – até aqui não ouve nada que o desabonasse nem como pessoa, nem como profissional; e como filho, que nota dá para ele? – ai eu já não sei, só você pode dizer; mas como seu filho que nota daria dentro desse período de convivência? Ele é muito educado, gentil, demonstra ser honesto, prestativo perfeito no que se propõe fazer, qualquer pessoa gostaria de ter um filho assim!. Até você Fausto?

– Claro, porque eu seria diferente?

Então abraça o seu filho, ele está esperando o seu abraço ele já me falou que te adorou. E por causa dele que estou aqui;.

Andreana, quando eu te conheci, você não tinha juízo, agora vejo que você enlouqueceu! Filho não nasce assim! Assim como? Deitando na grama pelo pasto a beira de uma cachoeira?

O sim, como conheci! Então vamos ao que interessa; quando eu fiz aquela loucura dizer aquelas coisas que eu disse, eu não sabia mas eu já esperava esse filho. segundo o que conta meu avô, minha mãe cavalgava pelo campo para encontrar um sujeito um peão pobre, lá na cachoeira; quando meu avô descobriu, ela negou por que o sujeito era pobre. O senhor conhece alguma história assim?

- Essa história começa a fazer sentido; Agora eu te pergunto: - como seu pai reagiu quando soube que estava grávida? Ele queria buscar você onde estivesse; chegou a andar e a mandar capanga procurar, mas desistiu; Ele queria me ver pelas costas antes que o povo visse a filha do poderoso fazendeiro grávida.

Sim, e ai o que ele fez para mudar isso – ele tentou mudar de uma forma, que eu não permiti; levou-me a uma clinica, para tirar meu filho achando que esta era a solução; eu o deixei acreditar que eu estava aceitando, e pedi o médico para dizer a ele que faria mas que eu teria que ficar internada;

Assim que ele foi embora, eu falei para o médico, que ele ia cometer uma loucura se ele tentasse – disse meu pai estava mentindo; essa criança tem um pai amoroso, e quer esse filho tanto quanto eu; Meu pai não quer por que ele é pobre.

Esse rapaz é muito bom, mas não vai ser bom para sua saúde, quando eu disser para ele que o senhor contribuiu para que nosso filho não nascesse; Ai o senhor terá de fazer um acerto com ele, com certeza!

Deixa-me fugir, e com meu pai eu resolvo.

O Médico facilitou minha fuga, e eu voltei em casa e falei pai, o senhor pode fazer comigo o que costuma fazer com seus desafetos pode mandar me matar, por que do contrário meu filho vai nascer.

O velho passou o resto do dia sem falar uma palavra a noite, mandou que minha mãe fizesse minha mala pela manhã embarcou comigo em um trem, e me levou para a casa de minha tia que morava no Rio de Janeiro; lá eu fiquei, e foi ai que descobri que minha tia Raquel era pior um pouco que meu pai na casa dela, eu virei escrava.

Ela dizia que eu tinha de trabalhar para pagar minhas despesas depois que o André nasceu, minha mãe foi me visitar; ao chegar me viu enterrada em um monte de Roupas dando os acabamentos para minha tia entregar.

Minha mãe me perguntou como era o meu trabalho, eu disse que era apenas para ter o direito de morar, e a mamadeira do neném; foi ai que minha mãe chamou minha tia, e perguntou o que ela fazia com o dinheiro que ela mandou todo tempo que eu estive lá; ai, é que fui saber, que minhas despesas eram bem pagas sem que eu trabalhasse.

[minha mãe] já que minha filha trabalha para pagar as despesas, eu quero todo dinheiro que mandei;

[tia Raquel] Não Florinda, eu guardei o dinheiro para devolver o dia que minha sobrinha saísse daqui; - então me devolve o dinheiro, que minha filha vai sair daqui hoje; Com todo aquele dinheiro que minha mãe me deu,

Eu aluguei uma casa de sobrado, por quê o tempo que trabalhei para minha tia, eu tirei proveito; com ela, eu aprendi corte e costura; naquela casa alugada, que posteriormente comprei-a, ali eu montei um atelier, e com isto, criei e dei faculdade ao André; hoje meu filho é formado graças a isso.

- sim mas me diz – e o Rapaz? eu não sei aonde quer chegar; - então me responde, como você tem certeza, que ele é meu filho? – Não me ofenda, eu sei sim! O único homem na minha vida, foi você; não vou pedir que me perdoe, mas o que fiz naquela época foi por que eu te amava, e quem não ia aceitar, era meu pai, mas se eu dissesse a você, que te amava, você iria teimar, e a situação ficaria pior; assim eu tenho meu pai vivo, e você também.

Não sei de nem uma história parecida que acabasse bem. Não senhor Fausto, O meu avô me contou, que ele expulsou o peão de lá das terras dele, e nunca mais viu; mas só depois de ter expulso o pobre rapaz, é que ficou sabendo que a irresponsável filha dele, estava grávida.

Ela não queria, mas não tinha outro para culpar, foi obrigada a confessar o filho que ela esperava, era do rapaz, com quem ela se encontrava na cachoeira.

Já vi que o senhor não quer acreditar em minha mãe, Eu vou me embora, e se o senhor chegar alguma conclusão, alguma coisa, que faça o senhor acreditar sabe onde me procurar.

[Rosilda] Fausto, você conheceu esta moça teve relações com ela, o rapaz está falando, Quem era o peão que aconteceu isto, você teve conhecimento de um fato parecido, o rapaz veio a sua procura, certamente alguém o mandou te procurar!

Fica assim se o senhor resolver falar me procure por favor.

- Rosilda, se esta mulher te trouxe tanto sofrimento, uma coisa de bom ficou, que é um filho, e ele não tem culpa, tudo bem esse peão sou eu, não sei se o filho é realmente meu.

[Rosilda] Fausto este rapaz é filho seu homem você não vê? ele está a procura do pai ele quer conhecer, saber ele já sabe; O avô contou a ele toda história, ele já é um homem, e por sinal muito educado. mas

Eu não acredito!

[André] foi muito bom conhecer o senhor agora vou juntar tudo que é meu, e vou com minha mãe - Mas você não pode sair assim, posso por um motivo; eu não vim procurar emprego; eu vim somente com um objetivo. Saber quem era meu pai, por que fui enganado; Eu pensei que o encontraria aqui. Saindo dali, minha mãe voltou para Resplendor, e eu fui para Mantena, e me hospedei na pensão Belo horizonte ali no bairro vila nova;

Estava lendo colocando minha leitura em dia, e pensando no que minha mãe e meu avô fizeram aquele homem que o tornou tão amargo.

[Andreana] fazem quinze dias que meu filho saiu daqui, ele está revoltado comigo, e com o avô; A única pessoa que tem razão nessa história toda, é você. Ele falou que apesar de ter sido rejeitado, ele é obrigado a dar razão a você. Eu estou passando como mentirosa, e eu vim aqui para provar que não estou mentindo; não por mim nem por você e sim por ele, que está se sentindo rejeitado. – Sim, o que você pretende inventar agora?

Não pretendo inventar nada, como não inventei até agora! André tem sua marca de nascença a sua amora nas costas, ele nasceu com ela. – Faz o seguinte, vai para sua vida, e me deixa em paz! Ela foi embora chorando.

[André] Eu estava na pensão lendo um livro intitulado a vida segue seu curso, dona Angélica, a dona da pensão bateu na porta [toque, toque toque]

Uma pessoa a sua procura; - pensei ser minha mãe, mas ela, dona Angélica conhece, quem poderá ser? Jamais imaginei ser o fazendeiro; quando vi, imaginei: - Será que veio me chamar para voltar a trabalhar em sua fazenda? – André eu sempre achei ridículo, um homem errar a ponto de ter que pedir perdão agora eu estou nessa condição; você me perdoa?

[André] Não sei por que lhe perdoar, o senhor não me fez nada, - fiz sim! Se a situação fosse outra, eu diria que o senhor teria que pedir desculpa a minha mãe; mas como ela não deu motivo para acreditar nela desde o Principio, só posso lhe dar razão. - Sua mãe te falou que eu tenho uma marca de nascença? – por que ela falou que eu tenho? – falou! Mas ela pode ter inventado isso também! Uma marca é apenas uma marca; não quer dizer nada; quer dizer sim André, e é por isto que estou aqui te pedindo que me perdoe, e me dê aquele abraço;

- posso abraçá-lo, mas isso não muda em Nada! Não, muda sim André, eu confio em você. Eu quero que você volte não como empregado da Fazenda, e sim como parte da família. - seria emocionante, mas eu preciso de um tempo para pensar; pode ser assim? - Claro pode, quando você quiser pode ir.

[André] aquele homem é muito desconfia, é muito sério ele, é o tipo de pai que eu queria, certamente vamos ser bons amigos; mas ele tem uma mulher e uma filha, que eu não conheço o comportamento delas.

Fico por aqui apenas fazendo algumas visitas, até que os conheça melhor, eu já estava muito bem, depois ficou melhor por que eu tenho um pai reconhecido sem contar que agora posso trazer minha mãe para perto, caso ela queira.

Eu não pretendo sair daqui, você nem imagina o porque! Conheci uma moça de nome Lauriene, ela é linda, Alta, tem um corpo bem torneado, morena, cabelos castanhos, olhos esverdeados, ela é simplesmente linda. Sem contar que é uma mulher muito inteligente; Meu pai quando veio a cidade, ele me falou: - eu estou pensando em comprar uma casa aqui na cidade, e vi falar que aquela casa de sobrado está a venda, vamos vê-la, quer ir comigo?

- ó vamos sim; após olhar a casa, ele me perguntou: - O que acha desta casa? - excelente – estou perguntando para saber sua opinião sincera, eu quero que você diga se vale a pena comprar uma casa nesse estado! - eu acho que esta casa, é uma das melhores aqui na região; o estado dela, é de nova, se é isso que o senhor quer saber, esta é a minha opinião.

Então, era isto que eu queria ouvir então você acha que fiz uma boa compra. - com certeza! Então se é assim, eu fiquei feliz, por que esta casa é sua. - Não entendi, -- esta casa é sua, se você não quiser morar nela, pode aluga-la, e continuar na pensão – mas tem um problema; eu estou me organizando, e tentando convencer minha mãe a vir morar comigo - ora filho, posso te chamar assim? - Eu acho que pode, eu também já estou com vontade de chama-lo de pai. - Traga sua mãe ou quem você quiser; a casa é sua

[André] As lagrimas rolaram em seu rosto, e ele me deu um abraço sincero

[Lauriene] André, não precisa eu te falar por que você sabe que eu estou apaixonada por você! E uma mulher apaixonada, só quer ver o bem do homem que ela ama; Eu queria que você pensasse em uma coisa; esse homem que você descobriu que é realmente o seu verdadeiro pai, merece que você volte a cuidar do rebanho dele, por que não pensa nisso?

- você tem razão sim! Amanhã, eu vou a fazenda, e quem sabe você iria comigo? - a vou sim, eu gosto de cavalgar eu vou com você sim, eu vou adorar!

[André] assim que chegamos na fazenda, meu pai mandou selar três cavalos, e saímos ele Lauriene e eu. quando passávamos pelo barracão onde ficavam os peões, ele chamou dois peões, e disse: - Eu tenho um cliente muito especial para atender, Quero que separe dez garotes bons e prenda no curral, quando agente terminar o passeio pelo campo, eu vejo.

Assim que voltamos, ele me falou – já que você está disposto a reassumir seu posto aqui na fazenda, eu separei esses Garrotes, para você começar a cuidar do que é seu; que na verdade, tudo que tem aqui parte é seu e sua irmã, mas ela está dentro de casa, desfrutando de tudo isto e você precisa começar sua vida, você não acha que vendendo estes garrotes dá um bom começo? - Eu estou surpreso, mas vou perguntar: - será necessário vendê-los agora? - Não você saberá o que fazer; mas por que a pergunta? - Sim é que cuidando desses garrotes por mais um tempo, teremos ótimos reprodutores. É este meu filho, o espírito de um futuro grande fazendeiro; eu faria o mesmo, mas eu não daria palpite em uma coisa que abri mão para você!

Voltando para a cidade, Lauriene me disse – André seu pai está muito feliz em ter descoberto você; é sim eu vou fazer tudo para não decepcioná-lo.tudo vinha correndo muito bem as aconteceu uma situação muito desagradável; Lauriene fez tudo para eu e meu ficar bem; e este foi um motivo a mais para nos aproximar; nosso namoro já rolava a mais de um ano; ficaríamos noivos; naquele natal, mas não foi possível; o senhor Clodoaldo, pai de Lauriene, não era agradável comigo, mas permitia o namoro, até que nos reunimos, e ele me fez passar um grande vexame; ele ouviu meu pedido, e respondeu.

[Clodoaldo] André eu permiti que vocês namorassem, por que eu confio na minha filha então deixei, por que vi que ela estava se divertindo, mas alem disso eu não posso deixar que ela cometa um desatino tamanho; se ela não percebeu, eu tenho que interferir; - Eu não sei senhor Clodoaldo, o que eu fiz para ser tratado assim! Todas as pessoas que estão aqui nesta sala me conhecem, - Eu sei meu rapaz, que todos aqui nesta sala, te conhecem mas só eu corro o risco de entregar minha filha a um mal caráter; dona

[Isaltina] Clodoaldo você não pensou na nossa filha quando armou tudo isto? Se eu soubesse, eu não tinha colaborado para que esta festa acontecesse. O que esse Rapaz te fez de tão grave? A mim nada e nem me fará por que eu não vou dar oportunidade; Eu já sei que ele e a mãe dele, quando descobriram que o Fausto otário era rico, deram logo um jeito de dizer que esse rapas era filho dele, para dar o golpe, e o bobo acreditou.

Dezenas de pessoas estavam nessa festa entre elas Clodoaldo contava com o apoio dos três homens mais ricos da cidade, O senhor Getúlio, Fernandão, e Conrado; entre eles o padre Gusmão. Já que o pai da moça tinha falado até molhar os cantos da boca, para ser ouvido aos quatro ventos, não tinha por que procurar palavras nem um reservado para falar; Getulio disse – Clodoaldo, eu vou falar em um tom que todos possam ouvir você nos convidou aqui para fazer nossos ouvidos de pinico, e envergonhar um casal que não merece; eu não ouviria a metade do que André ouviu sem fazer você calar a boca e você sabe que eu faço; por isso você vai me ouvir; você Clodoaldo, não faltou o respeito só com André, faltou o respeito com a sua filha, sua esposa, e os seus convidados.

Se André tivesse dado golpe para enriquecer, que não é verdade, mas mesmo assim sua filha poderia deixar a sua casa agora, e casar-se com ele como é o desejo de ambos, e contra sua vontade, que sua riqueza não faria falta nenhuma a ela. Muito menos a ele. - André eu sei que você está envergonhado, Lauriene também, mas se vocês se gostam, enfrenta isto o Maximo que o pai dela pode fazer, é por a filha para fora de casa se isto acontecer, ela vai para minha casa, comigo ele sabe que não pode. Ela fica o tempo que for necessário; o casamento de vocês o Padre Gusmão fás.

[Getúlio] No dia do casamento, três meses depois, eu percebi que o maldito não iria a Igreja mas esperei, e percebi que Lauriene estava arrasada pois o que toda noiva sonha é que seu pai a conduza ao Altar e eu fiquei doido por sua situação, sabendo que não avia nada que levasse o homem a se comportar assim; pedia minha esposa Clarice, para ficar com ela na porta do lado de fora da igreja, até eu voltar montei no meu cavalo Ruzio, e toquei até em casa peguei minha Espingarda, coloquei na cabeça do arreio, e parti em direção a casa dele; com a arma embicada em cima dele, e com vontade mata-lo, ele colocou seu melhor terno, por que isso eu exigi, era o que a ocasião merecia, dona Isaltina também se arrumou e fomos; no dia do noivado, o pai de André não pode ir por motivo de saúde da esposa, mas na Igreja estavam. Lauriene teve o que toda noiva sonha, ser levada pelo pai ao Altar; sem saber que ali por perto tinha uma espingarda que o levou até lá .

Floriano é um homem poderoso um dos solteirões mais rico da região ele era obcecado pela linda Lauriene; e no dia seguinte ao casamento,

[Floriano] Clodoaldo você se lembra que você não tinha nada e eu te transformei em um homem rico em pouquíssimo tempo? Você sabe que não cumpriu seu trato comigo!

[Clodoaldo] eu não pude impedir; eu fiz tudo certinho, mas na hora alguém tomou o partido dele eu, perdi – você é um idiota Clodoaldo, não faz nada certo; nós tínhamos um trato eu te garantir financeiramente, e você me garantiu que sua filha seria minha. E você falhou; Sendo assim nosso negócio termina aqui; vamos acertar, e você me devolve cada centavo que te dei, e os juros nunca pagou, você terá que me pagar X por% - Não Floriano assim você me cobra juro sobre juro, - é isso mesmo, não pagou o juro, agora vai pagar juro dos juros! - e tem que ser agora por que eu não gosto de negócio com homem sem palavra.

[Clodoaldo] mas o negócio não rendeu tanto assim, isto é sinal que vai me devolver tudo e ainda fica me devendo? - no dia seguinte, Clodoaldo colocou sua mudança em um carro de boi emprestado, e saiu do que ele pensava que era seu. André e Lauriene, viveram felizes para sempre...

jômuniz
Enviado por jômuniz em 05/05/2008
Reeditado em 05/05/2008
Código do texto: T976804
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