O encanto

O encanto

O dia mal começara e a rotina daquele local já tomara seu rumo.

Situada no meio do oceano, a ilha de Reworth despontava imponente, estava ali para marcar presença no mundo. A vegetação farta, fechada e nativa, embelezava assustadoramente o local.

Ao olhar distante, parecia que o verde das matas se fundia com o azul do céu, numa cumplicidade com os raios solares!Era realmente um presente para os olhos mais exigentes, de qualquer ser humano!

Violet, suspirava ao olhar tamanha beleza. De pé no alto da Pedra do Norte, a mulher admirava aquele paraíso, não fora a toa que se refugiara ali.

Quem olhava para Violet, não imaginava a força que havia naquela pequena criatura...

Quando seus pés delicados e pequenos tocavam aquele lugar, ela se modificava.Uma sensação de poder e prazer tomava conta de todo o seu ser.

Naquele exato momento, Violet deixou seu vestido deslizar por seu corpo e cair sobre a pedra onde estava..

- Bom dia Mar!- Exclamou a mulher.

_ Bom dia Vida!- Repetiu, e sem mais pensar, pulou , mergulhou nas águas claras e gelada, viajando na imensidão do nada.

Há muito tempo, reinava naquele local. Sua casa parecia um castelo9, estrategicamente colocado dentro da natureza.

Na casa, vários empregados aguardavam as ordens da patroa para o andamento do dia.

Violet, continuava a nadar, sem se preocupar com nada, aparentemente.Fazia sempre o mesmo percurso, exercitava ao máximo seu potencial de nadadora, vez ou outra mergulhava, voltando logo a superfície como se desse oportunidade ao sol de acariciar-lhe o rosto moreno.

Em alguns minutos, a mulher surgira na praia, nua, assim como veio ao mundo, em seus corpo, , apenas gotas de água que escorregavam pelo belo corpo como se fossem privilegiada por percorrer aquele caminho.

Jefferson, um empregado de Violet, esperava pela patroa na praia com um macio e branco roupão, já aberto, no qual envolvia a mulher, com um carinho sobrenatural.

Entretanto Violet olhava para o homem como se ele fizesse parte da paisagem local, mas nos olhos dele, havia um misto de adoração e paixão.

Qualquer um , por mais estranho que Fosse conseguiria perceber isso facilmente. Menos A mulher... Essa parecia nunca ter percebido ou ignorava tais sentimentos.

Com grandes mãos delicadas, ele aconchegava aquele pequeno e perfeito corpo entre suas mãos e tão distante ao mesmo tempo.

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Jefferson, viera para a casa como um guarda-costas de Violet., estava ali, sempre pronto a acompanhá-la em todos os seus passeios pela ilha,não a perdia de vista um só minuto e ela sabia disso..

- Bom dia! – Falou Jefferson com o rosto iluminado por um largo sorriso, envolvendo mais uma vez o corpo da patroa como se quisesse guardar aquele momento só pra si, como se pudesse esconder do mundo aquela jóia rara. A mulher, mal parou, prosseguiu seu caminho, com passos rápidos.

Jefferson chegara ali há três anos, professor de educação física, descendente de italianos, trazia toda a beleza napolitana numa alma tupiniquim, era um homem muito atraente, mas Violet, parecia não perceber .

A mulher caminhava rápido como sempre, entretanto hoje, seria um dia especial, receberiam convidados, coisa rara ali em Network.

Jefferson assistia Violet tomar seu desjejum ali na sacada, lugar aconchegante com vista para o mar.

Dali, podia se ver toda a ilha.E a mulher se sentia dona absoluta de toda aquela beleza. Sim era muita felicidade!

Após o café teria sua sessão de massagem costumeira e seu banho relaxante, claro com a presença constante de Jefferson.

E assim foi feito, acabou o desjejum , esticou-se na mesa de massagem e o rapaz pôs-se a trabalhar todo o corpo da mulher, ela estava tensa, podia perceber isso na rigidez dos músculos da nuca.

A vida amorosa da mulher, era um enigma , ninguém sabia o que reinava dentro daquele coração.

Alguns funcionários desavisados, apostavam em um romance serio entre a patroa e Jéfferson, mas ninguém se atrevia a mencionar tal coisa.

Algum entrou sem se fazer anunciar. Interrompendo a sessão de massagens. Era Julian, a cozinheira.

Ela estava aflita, precisava saber o que servir/ Para quantas pessoas?

- Invadiu o sossego da patroa e foi logo dizendo;

-A Senhorita já escolheu o cardápio?

_ Que absurdo Julian! Exclamou Jefferson. Não Vê que a patroa está relaxando?

- Você sabe muito bem que não podemos ser interrompidos! Continuou o homem visivelmente contrariado!

_ Deixa Jefferson, - interferiu Violet com uma calma fora do comum. Fale. Ordenou.

_ O que você quer saber?

-Sirva o de sempre, mulher, frutos do mar! Só não esqueça de colocar todas as minhas ervas favoritas e deixe o resto por minha conta!

Quando pronunciou esssas últimas palavras, olhou dentro dos olhos de Julian, que saiu apavorada!

Violet deu uma gargalhada deslumbrante e voltou às mãos hábeis de Jefferson.

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Julian , arriscou mais uma frase:

- Quantos lugares a mesa?

Violet, engoliu o sorriso e exclamou:

- Por favor, assim que eu abar minha massagem vejo isso....

_ Mas, senhora, preciso tomar as providências...

Nem pode concluir a frase Jefferson a pegou e colocou fora da sala, fechando a porta de vidro, A mulher retrucava algo lá de fora , enquanto Violet, se deixava viajar nas mãos sensíveis e certeiras de Jefferson. Naquele momento ele se sentia dono único daquela mulher.

Violet levantou os olhos para Jefferson, e esses olhar ele conhecia muito bem..., o homem estremeceu e seguiu a patroa como um cão segue seu dono sem questionar. Ambos entraram nos aposentos de Violet, seguidos de olhares curiosos dos demais empregados. A cozinheira ficou resmungando sozinha, mas discretamente. Conhecia muito bem a patroa.

O mar parecia nesses momentos aumentar propositalmente o quebrar das ondas na areia.

Jefferson olhava para a mulher encantado. Era muita beleza, concentrada em um único ser.E naquele momento não havia patroa e empregado, apenas homem e mulher.

Mas. ele como sempre se empenhava em realizar todos os desejos de Violet.Assim, ficaram juntos por algum tempo, até que a mulher voltou a realidade e o homem ao seu posto de guarda-costas.

Todos os empregados da casa, da marina e de toda a ilha estavam a postos para que os visitantes fossem recebidos como Violet costumava receber!

E pontualmente as doze horas, lá estava ela linda, arrumada, tranqüila e sorridente, como uma verdadeira rainha!

Mas, imprevisível como sempre!

- Jefferson,!- Chamou Violet.

_ Peça A Elliot para preparar o jipe, farei um tour pela ilha antes da chegada dos convidados.

O guarda-costas não gostou da idéia, não lhe agradava nada a sensação de saber que Violet e Elliot estaria juntos e sozinhos pela ilha., mas, afinal estava ali para cumprir ordens, assim atendeu ao pedido, mesmo contra a sua vontade.

Da cozinha, vinha um cheirinho de frutos do mar, perfumado com o adocicado do hortelã, misturado a tudo dava ao local um “ Q “ de afrodisíaco. Era tudo fascinante!

Alguns mim nutos depois, Elliot chegava em seu impecável uniforme branco.

Parou ao lado da varanda, Violet desceu correndo, acompanhada por Jefferson e Otto, seu cão labrador, de um bege acamurçado. Otto pulou no banco traseiro do jipe e Violet se acomodou ao lado de Elliot, sob o olhar contrariado de Jefferson, sumiram entre as pedras e árvores.

Essas viagens pela ilha, nunca tinham testemunhas, ficavam sempre entre Elliot, Violet e Otto.

A criadagem era muito bem remunerada e instruída, aprenderam desde o inicio a não se intrometer na vida da Patroa.

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Durante todo o trajeto feito pelo jipe, A mulher nada dissera. Elliot já sabia conhecia o caminho e seguia calado. De vez em quando arriscava um olhar para a mulher que estava a seu lado. Num aceno de mão de Violet.O Homem parou.

- É aqui, disse a mulher, pulando rapidamente do veículo, seguida por Otto.

O motorista olhava., apenas assistia os passos daquela mulher. Violet parou na entrada da gruta. Tirou suas roupas e um traje de mergulho colocou rapidamente, com mãos precisas. Elliot assistia a tudo deleitado, só aquele momento valia por toda a sua existência!

A mulher olhou nos olhos do homem e disse:

- Venha daqui a cinco minutos.Ordenou e desapareceu na gruta.

A visão era magnífica! Raios de sol penetravam pelas fendas abertas pela erosão com o decorrer do tempo, nas rochas que formavam as paredes da gruta, o reflexo cintilava na água clara, onde Violet mergulhou e desapareceu.

O homem se preparou e britanicamente, cinco minutos depois da patroa, mergulhou também.

Otto, ficou deitado na entrada da gruta. Já estava acostumado.Ali era seu lugar, ao,lado do carro, tomando conta até o regresso de Violet e Elliot.

O homem mergulhou e foi ao encontro da mulher, ambos seguiram nadando alguns metros a dentro, um cheiro forte de maresia contaminava a gruta. Saíram da água e continuaram seguindo pelas laterais entre as pedras até uma outra galeria.

A mulher então fez um sinal. Elliot parou e ela seguiu, verificou tudo ao redor, parecia que estava tudo certo.As pedras estavam como seu pai sempre deixara há muito tempo atrás.

Mais tranqüila então, acenou e mergulharam de volta.

_ Precisamos nos apressar. _ Falou Violet- Eles já estão chegando e apontou para o horizonte.

Elliot nada vira nem ouvira, mas conhecia o sexto sentido de Violet.

E se apressou.Chegaram ao jipe e Otto pulou logo no banco traseiro e partiram. Enquanto Elliot dirigia , ela tirava a roupa de mergulho. O rapaz saiu a toda velocidade tirando os musgos que cobriam o caminho ate a casa.

Quando chegaram a casa principal, Jefferson estava a postos. Vamos, preciso de ajuda falou Violet para o guarda-costas.

E vocês podem arrumar a mesa volto em um segundo!

O vestido branco transparente, já estava sobre a cama, Jefferson mesmo colocara

Violet olhou para ele com olhar de carinho pela primeira vez. Olhou dentro dos olhos verdes do homem e disse:

_ Bom menino! Sorriu e se foi para o quarto.

Os convidados eram três mulheres e quatro homens, todos , candidatos a novos cargos na ilha segundo a versão da Patroa. A mulher recebia a todos com polidez, mas sem muita simpatia.

Sabia o que queriam e ele sabia o que queria...

Um olhar para Jefferson e Elliot e Violet avistou as armas. Apesar de bem disfarçadas sobre as roupas, procurou Otto e o viu deitado calmamente na entrada da porta. Uma onde de segurança tomou conta da mulher.

O almoço transcorreu calmo, e prazeroso a comida estava deliciosa todos pareciam encantados com o sabor especial daquele banquete.. Após o almoço, todos foram convidados para u m passeio pela ilha. Puderam desfrutar de tantas belezas, mas o grande segredo estava ali dentro daquela sala.

Assim,,ao entardecer, Violet levou todos a uma espécie de auditório. Uma grande cama dourada no centro, Ao fundo uma cachoeira natural com plantas ornamentais nativas, davam um toque especial ao local.

As luzes começaram a ficar fracas e se tornaram claras como raios de sol...

Todos pareciam encantados, esqueceram de Violet e seus empregados...

Só retornaram a realidade, quando ali no meio daquele palco, surge ela nua, somente vestida com o bronzeado de sua pele com seus longos cabelos e seus dois companheiros, Jefferson e Elliot.

E num clima de adoração, se amaram ali mesmo, numa cumplicidade louca, sem vulgaridade, um de cada vez.homens e mulher na frente de todos, sem pudores .

A cama estava rodeada de pedrinhas verdes coloridas que ajudavam a refletir a luz . eram pedras de um grande brilho aos olhos de um grande conhecedor. Todos os presentes prestavam a tenção nos amantes, naqueles dois homens dividindo a atenção de ima única mulher.

Entretanto entre eles estava alguém que viera ver e comprara as esmeraldas, pedras exploradas ali... Assim era a vida de Violet, sem mistérios, às claras, limpa. Só não via o verdadeiro mistério da ilha quem não queria ver.

Elliot, Jefferson e tantos outros, nunca enxergaram tesouro maior que o corpo de Violet. Ou quem sabe , gostavam dos dois tesouros e estavam dispostos a protegê-los para sempre e com suas vidas se preciso fosse?

Por uma vida que não tive, mas que ainda poderá ser possível.....