Duas
Ela dançava. Ou ao menos tentava equilibrar-se em cima de suas pernas. Estava a segurar numa pilastra para não perder-se na multidão. Para não deixar-se levar. E foi assim que se encontraram.
No início, suas mãos se tocaram trêmulas, inseguras. Como duas mãos que se conhecem num primeiro encontro de mãos. Os dedos tentavam se entrelaçar, se comunicar de forma graciosa e harmônica. E todo o corpo em seguida.
Embalado com a música, o cenário parecia um texto retrô de filme antigo, em tons de sépia. A verdade é que muito disso não foi assim. Mas a gente pinta a vida (e as lembranças) da cor que a gente quer, não é mesmo?
Pois bem. Hoje a música seria um instrumental francês, como aquelas preciosidades de Amelie. Os significados imbutidos sempre são os mais difíceis de serem entendidos, explicados e amados... Não haverá problema se muitos não compreenderam o que esse texto significa. O intuito é exatamente este.
Então, em algum momento, aquele mais mágico e esperado, seus corpos dançavam juntos. Suas cabeças se encontravam e seus lábios... Ah! Aqueles lábios... Como esquecê-los?
Os lábios se encontravam, as línguas se enroscavam e nucas e dedos, cinturas e costas... Parecia um reencontro. Mas nunca se viram antes.
E ali a história delas começava.
A história de Ana e Carolina.