A Lenda Dos Guerreiros Malditos - Parte II

(Gilbert M.)

Andamos um pouco, logo à frente vimos uma parede e dos dois lados dois caminhos distintos.

"Para onde iremos?" Perguntei.

"Qualquer lugar. Ou entao nos dividiremos." Disse o mago.

"Tudo bem, eu vou pela direita e você vai pela esquerda." Sugeri.

"Tranquilo; de qualquer forma, nos veremos outra vez, certo?"

"Pode ter certeza disso, amigo."

Fizemos como combinado e cada um seguiu seu rumo. Dei meia volta, 180º, e me encontrei novamente com Dior. "Estranho", pensei.

"Realmente isso é muito estranho. Creio que haja algo que esteja escondido por trás dessa parede, pois não há porque dar essa volta para nos encontrarmos em um espaço tão curto."

Dior fechou os olhos e, depois de algum tempo, falou:

"Há uma força muito grande que me impede de dizer precisamente o que há aqui. Acredito que seja algum artefato mágico ou alguma instrumento raro ou único."

"Tudo bem, vamos derrubar a parede para descobrirmos."

"Não, isso é perigoso. Não sabemos o que há aí, portanto, não sabemos do perigo que correremos se derrubarmos a parede."

"Tudo bem mestre", ironizei. "Vamos deixar o perigo nos fazer de covardes, coisa que não estou acostumado."

"O seu problema é que você pensa muito com a sua força, e sua honra está refletida na sua reputação", disse o mago, furioso. "Se derrubarmos esta parede, e formos surpreendidos pelo mistério que por trás ronda, não saberemos ao certo se sairemos daqui, e você não saberá se terá 'em mãos' a sua vitória tão desejada e honrosa."

"Acredito em meu potencial. Tenho meus motivos para ter certeza da minha vitória. Você acha que eu sou um covarde? Eu nunca fugi de uma batalha. Já fui derrotado, sim, mas com a honra de poder lutar para vencer. Se luto, é para vencer. Se sou derrotado, é com muita honra por ter lutado. Nunca duvide de mim, amigo, este poderá ser o seu erro fatal."

"Isso foi uma ameaça? Deixe-me lhe aconselhar. Nunca ameace um feiticeiro. Seja qual for a sua reputação, ele poderá desfazer em poucos segundos o que você considera como objetivo pessoal."

"Não, isso não foi uma ameaça. Foi somente uma breve síntese da minha auto-estima."

"Vamos deixar morrer nossa ganância por comparar qualidades e vamos em busca do objetivo final."

"E qual é o seu objetivo final?"

"Sair dessa masmorra e derrotar quem quer que esteja por trás dessas armadilhas."

"Temos o mesmo objetivo, mas antes sugiro que derrubemos esse obstáculo."

"Isso pode ser mais uma armadilha, Thanos. Pense com a sua mente também, amigo."

"Sim, estou pensando com a minha mente. E como você sabe, sobretudo com a minha honra."

Ao dizer isso, logo usei minha força e, apesar de tudo, nada adiantou.

"Com mil dragões! Não tenho força o suficiente para quebrar essa parede. É muito mais forte do que imaginei."

"Hahaha, você foi derrotado novamente. Como eu disse, a força nunca deverá ser usada independente de outras habilidades."

Apenas olhei com o canto dos olhos para o mago e novamente para frente. Segui então, caminho, dizendo:

"Vamos logo. Como disse, o tempo é precioso."

"Entendo", ironizou.

Andamos um pouco sem periculosidade pela masmorra e então chegamos a uma imensa sala, onde podemos ver em um canto, um escudo dourado; em outro canto, uma espada dourada; e, por fim, no fundo da sala, centralizada entre a espada e o escudo, um pedestal contendo um grimório vermelho.

Dois gargulas petrificados deixavam no ar um pouco de sinismo.

Paramos por um momento e olhamos para toda a sala. Havia uma mesa no canto esquerdo. Em cima dela, alguns anéis e luvas. À direita, uma escrivaninha e um livro aberto sobre ela.

"Não saia do lugar", disse Dior. "Sinto uma forte sensação de que estamos sendo vigiados."

"Vigiados por quem? Se tivesse alguém, com certeza já teria nos atacado. Acho que não há ninguém por aqui. Mas sinto que irão aparecer em pouco tempo."

Parei por um momento e, pensativo, não disse nada. Dior logo percebeu e não hesitou em perguntar:

"O que há com você, Thanos?"

Logo, revelei meu verdadeiro motivo por estar ali.

"Uma antiga lenda conta que um valente Guerreiro chamado Fillis Sccarzus e seu melhor amigo, o feiticeiro Dunnar Gan-Zan-henn, construíram dois artefatos inquebráveis e contendo o maior poder conhecido durante todos os séculos passados. Eram eles, um Escudo Dourado e uma Espada Dourada. Dunnar Gan-Zan-henn usava como instrumento pessoal o Grimório Vermelho. Eles ficaram conhecidos como os Guerreiros Malditos, pois depois do sumisso nunca mais foram vistos. Como meus antepassados, segui a tradição de me tornar um forte Guerreiro, como meu pai foi. Seu nome era Zuhl Gallus. Nesta masmorra, ele desapareceu há 17 anos. E meu objetivo é descobrir o que aconteceu e levar para a cidade o seu corpo como um inesquecível grande herói, que lutou durante anos pela proteção da cidade, e me deixou uma missão muito perigosa, mas que não me fará desistir. Quando eu tinha 14 anos, ele me chamou para conversar particularmente em seu quarto. Me lembro até hoje de suas palavras, que entraram em minha mente e nunca mais conseguiram sair. Ele disse: 'Filho, quando você nasceu, prometi a mim mesmo que, quando você completasse 14 anos, eu iria tentar desvendar o mistério da masmorra que fica na montanha. Enfim você completou tal idade, e, agora, acho que estou pronto para desvendar o que há por trás de tudo aquilo. Se eu não voltar, por favor, lute! Mas lute com honra, e vença tudo o que eu não consegui vencer. Torne-se forte o bastante para percorrer por todos os caminhos e carregar consigo, sempre, a vitória.' Agora estou aqui, Dior, e agora comprovamos que existem mesmo os intrumentos Dourados e o Grimório Vermelho. Vamos então pegá-los e descobrir, se ainda existe o corpo do meu pai e onde ele está."

Com uma imensa satisfação pessoal pela descoberta, logo fui em direção aos intrumentos e, sem que eu pudesse prever, o teto se abriu jogando raios intensos de sol sobre os gargulas, fazendo-os ganhar vida.

"Gargulas!", disse Dior. "Deixem-nos comigo."

"Tudo bem. Me encarrego de pegar os intrumentos Dourados e o Grimório Vermelho", respondi.

Um dos gargulas vieram em minha direção. Empunhei minha espada e ataquei com força sua asa direita, mantendo a guarda com meu escudo. Ele deu um grito e tentou me arranhar, mas minha proteção me deixou imune e tive a oportunidade de dá-lo outro golpe acertando-o a outra asa. Agora ele não poderia mais voar, me dando a vantagem em ataques terrestres corpo-a-corpo. Meu último golpe foi doloroso e fatal, ele deve ter sentido fundo, mas não posso ter piedade dos meus inimigos.

Dior se transformou em um Demônio Negro Alado e com suas venenosas garras, travou uma luta emocionante com o outro gargula. Uma luta aérea e sangrenta, onde o Demônio cravou suas garras no peito do gargula, que não suportou o veneno e logo se desintegrou como folhas de papel queimado, ao vento.

Corri para os intrumentos e um campo mágico muito poderoso nao me deixou conseguir pegá-los, apenas senti que tudo ali iria se desmoronar por completo.

Dior correu em direção ao Grimório Vermelho, mas quando seus olhos brilharam de emoção ao estar frente a ele, uma voz nos colocou uma curiosidade imensa de saber de onde ela vinha.

"Este Grimório não os pertence. Fiquem longe dele, ou terão problemas ireversíveis em suas vidas", disse a voz.

"Quem é você?", perguntei.

"Só peço para que fiquem longe deste Grimório."

"E eu fiz uma pergunta, portanto, exijo uma resposta", enfureci.

"Meu nome é Dunnar Gan-Zan-henn, muito prazer."

"Não acredito! Você ainda vive", me surpreendi.

"Somos imortais."

"Somos? De quem mais você está dizendo?"

"Do meu amigo, Fillis Sccarzus."

"Nossa! Você está querendo dizer que não há como vencê-los? Está nos dando uma derrota instantânea?"

"Tudo se pode, mas nem tudo que se pode, se é possível. Pois ninguém pode tudo, nem mesmo o que é possível. Isso não quer dizer que existe o impossível. Mas existe sim, o impossível."

"Está certo, mas você se considera impossível de ser vencido?"

"A sua pergunta já foi respondida. Mas vou respondê-la de outra forma, talvez de uma forma que você nunca gostaria de saber."

"O quer dizer?", perguntei.

"Quero dizer que muitos guerreiros tentaram me derrotar, pois se achavam o máximo, mas nenhum deles foi bastante bom para provar o que acreditavam ser. Um grande exemplo disso, foi um grande conhecido seu, chamado Zuhl Gallus. Se você for como ele, desista! Vocês não podem acabar comigo da forma que vocês tentam."

"Apareça! Deixe-me ver o seu rosto!", disse Dior desesperado.

"Meu caro Dior, você já me viu muitas outras vezes, você me conheceu, eu vi você crescer, há 212 anos atrás. Nessa época, já havíamos criado os intrumentos Dourados, mas nunca havíamos testado o seu poder, pois na época da criação, Fillis Sccarzus era ainda um garoto de 19 anos, e não suportaria e morreria facilmente. Mas agora, ele está com 338 anos de idade, com a aparência de 30. Se vocês vieram para morrer como todos os outros, então enfrente-nos. caso contrário, aconselho-os que vão embora."

"Onde está Fillis Sccarzus? Travarei com ele uma batalha. Se ele ganhar, sairemos daqui. Se ele perder, ficarei com os instrumentos dourados."

"Você não tem a mínima chance.", disse Dunnar Gan-Zan-henn.

"Eu acredito no meu potencial", respondi com crença.

"Vamos ver do que você é capaz!" Uma outra voz surgiu do nada e das sombras veio o misterioso Fillis Sccarzus.

Era um alto e monstruoso Guerreiro. Não tinha um fio de cabelo e possuía um cavanhaque. Não usava armadura e suas botas eram de couro de camelo. Ele atravessou o campo de força sem efeito algum, mas não tocou nos intrumentos Dourados. Não haviam armas e nem escudo em suas mãos. Ele simplesmente me olhou nos olhos e disse sorrindo:

Vamos, me ataque, vejamos se conseguirá me acertar.

"Tudo bem, não usarei armas e nem proteção."

"Não! Quero que você dê o máximo de si. Use sua espada e suas habilidades. Quero ver se você conseguirá me tocar ao menos uma vez."

"Tudo bem, você irá sentir em sua pele, a espada de Thanos, o Paladino."

Apenas disse isso e usei toda a minha velocidade para atacá-lo. Mas quanto mais rápido eu me sentia, mais ele sorria, pois eu não acertava um só golpe. Ele se esquivava sorrindo, sorrindo. Meus golpes passavam como tiro num campo aberto. E ele sorria. Fechei a cara, e meu ódio aumentou por não conseguir acertá-lo. Minhas espadadas cortavam o vento, mas o seu corpo continuava intacto. "Nossa!", pensei. "Nunca vi um ser tão rápido." Apesar do seu tamanho, sua velocidade era incrível. Ele parecia brincar comigo. Eu tenho certeza de que ele me achava muito lento. Eu não conseguia sequer chegar perto de seu corpo. E ele sorria, sorria, como se quisesse me humilhar. Mas eu sei que não era isso o que ele sentia. Acho que ele sentia pena de mim, pois percebeu que sou muito insistente e corajoso, tenho honra em lutar, mas não era tudo o que eu parecia ser. Ele era mesmo impossível de ser vencido. Não havia um modo de eu me sentir potente para acertá-lo. Depois de um tempo me cansei. Ele então, disse.

"O que você procura aqui, não tem o menor valor para nós. Leve consigo, mas não ouse me enfrentar novamente. Pois não serei piedoso."

O corpo do meu pai surgiu no chão e o mago Dunnar Gan-Zan-henn, então, disse:

"Leve-o, e não voltem mais, a não ser que estejam preparados para morrer."

Depois disso, não senti mais nada, apaguei. E, quando acordei, estava do lado de fora da masmorra. O corpo do meu pai, ao lado. Mas Dior, Dior...

Continua...