A Lenda Dos Guerreiros Malditos - Parte I

(Gilbert M.)

"Impossivel atravessar esse portão. Estamos sendo observados passo a passo, qualquer movimento é captado," disse Dior, o feiticeiro.

"Não quero ter que voltar depois de tudo que passamos. Meu objetivo é vencer todos os meus desafios e este é um deles, portanto, não vou me embora enquanto não estiver certo de minha vitória;" revoltei com Dior.

"Admiro sua bravura Thanos, mas este desafio não é assim tão facil de vencer."

"Desafios fáceis, para mim não são desafios. Prefiro chamar de desculpa para não querer mostrar o defeito de nunca conseguir vencer um oponente forte. Só nunca pensei estar entre guerreiros que na verdade não são guerreiros, pois um guerreiro nunca desiste de seu objetivo, seja qual e como for ele."

O feiticeiro sentiu fundo minhas palavras e consentiu tudo o que eu havia dito. Olhou para meus olhos demonstrando sede de batalha como a que eu carregava comigo desde o início. Com seu fugaz gesto pude compreender que eu estava errado quando o referi como não sendo um fiel guerreiro.

Bateu, então, seu cajado em terra seca, levantou o braço e olhando para longe paralizou-se por um breve momento. Neste pequeno tempo, pude perceber que seus olhos brilharam rubro para onde minha visão não conseguia alcançar. Apesar de pouco tempo ter gastado, muita força fora usada. Dior caiu para frente, fraco e cansado. Sua pequena porcentagem de força que ainda tinha fora usada para levantar a cabeça, olhar em meus olhos e dizer:

"Derrote-o. Minha parte eu fiz. Todos aqueles olhos não servem para nada agora. Mas todo o tempo é pouco, e eu sei que você sabe usá-lo corretamente, do jeito que um paladino sabe usar sua força. Não perca nosso tesouro mais precioso, o tempo."

"O que você fez? Você sabe que nem mesmo um ladrão escapa de sua aguçada e precisa visão."

"Sim, sei. Mas um Observador cego não tem a menor utilidade, não tem a menor força e agilidade; e seus olhos, agora, não têm a menor precisão."

"Mas um paladino solitário sempre cai nas garras do destino traiçoeiro, mesmo que tenha aprendido a vencer os mais terríveis monstros e os mais perigosos desafios, pois de nada vale a força se esta não tem uma parceria forte com a intelectualidade."

"Ainda não morri, estou apenas fraco e cansado, preciso me recuperar e isto leva um tempo. Gastei muita força com o feitiço, e um feiticeiro que não pode fazer feitiços é como um Observador cego. Um feiticeiro que há muito tempo vive possui muito conhecimento. Posso entrar lá sozinho, pois conheço todo o tipo de lugar. Posso sair de lá sozinho, pois sou um feiticeiro e para um feiticeiro existem muitas formas de sair, a não ser pela entrada ou por um fenda qualquer. Corra que o tempo é esmagador, este sim é nosso maior inimigo, se conserguirmos vencê-lo, poderemos vencer qualquer outro. Vá, e não olhe para trás, te encontrarei lá dentro."

"Tudo bem, Dior. Nos encontraremos no interior da masmorra, seja como for que você entrar lá." Confiei nele todo o meu destino.

Andei um pouco e me lembrei do que eu havia esquecido de perguntá-lo: qual foi a magia utilizada, pois fiquei muito curioso. Mas como qualquer outro feiticeiro faria, ao virar, tudo que vi foi um ambiente vazio e triste, o mesmo que vimos ao chegar até ali. Ele tinha força de sobra, apesar do que havia feito. Mas a questão não era essa, mas sim, entrar na masmorra e cumprir um grande objetivo na vida de um paladino, vencer um desafio.

Corri, e aquele pequeno pontinho que eu via há alguns metros atrás já estava bem maior, e crescendo cada vez mais, na medida que eu fosse me aproximando dele. "Um Observador cego não tem a menor utilidade, não tem a menor força e agilidade; e seus olhos, agora, não têm a menor precisão.", lembrei das palavras do meu amigo feiticeiro. Aquele monstro carrasco agora havia se tornado um fraco inimigo, como qualquer goblin que eu poderia encontrar na floresta. Passei perante seus olhos, mas ele, paralizado, não fez o menor movimento. Sorri comigo mesmo e parei em frente o "Grande Portão".

Estava fechado, mas não deveria. "Não há como derrubar um portão como esse. Não tenho a força de um dragão e não sou nenhum feiticeiro para atravessá-lo sem ao menos tocá-lo", pensei.

Não tenho a inteligencia de um mago, mas o pouco que tenho não é inútil, pois um paladino pensa com sua força e sua luta. E o que eu tinha ali era um monstro, mesmo que agora fraco, mas um monstro que em estado normal poderia deixar qualquer guerreiro fúnebre. E o que um monstro como aquele fazia ali? Simples, era o guardião do "Grande Portão". O que eu tinha que fazer era o óbvio. Pensar como um paladino, pois sou um paladino.

Virei para trás, sorri ironicamente, pois me considero forte e aquele grande e preciso monstro agora não passava de um ser inútil e fraco. Não precisei de muito tempo para desferir um brusco e mortífero golpe, o qual batizei de "exterminação observada", haha.

"Estava certo o paladino", pensei sorrindo. Este mundo é cheio de detalhes e não posso deixar que nenhum deles escape, pois qualquer falha pode me levar à queda permanente. O "Grande Portão" se abriu e estava eu, ali, pronto para entrar e completar minha missão.

Eu estava ainda entrando na masmorra, não sabia o que estava a me esperar. Os mais terríveis monstros habitam lugares como este, longe dos humanos e dos elfos. Às vezes, quando tentam fazer algo que não podem, como nos derrotar, eles se dão muito mal, haha.

A mente de um paladino gira ao contrário. Ele quer desafios e desafios, e quer vencer todos eles. Quer estar no topo, onde está a força. Somos fortes e queremos provar isto para quem duvidar de nossa palavra. Nossa honra vale muito mais que a vida de um monstro. Não poupamos vidas de quem não merece viver.

Os dragões são os mais duros seres, mas não os tememos, pois queremos ser mais fortes que eles também. Portanto, se cruzar meu caminho, duvidando de minha palavra ou minha força, não terá o menor o valor para mim, pois posso provar que sou o mais forte dos guerreiros. Sou um paladino. Não há dragão que não possa ser vencido.

Atravessei o "Grande Portão" e logo ele se fechou. Pensei comigo mesmo: "Há um grande desafio a ser vencido aqui. Há uma grande batalha a me esperar. Tudo aqui está vivo e tudo aqui é perigoso. Não poderei sair sem levar comigo a vitória e sem ter em meu sangue o prazer da conquista, a conquista de um novo objetivo alcançado, um novo desafio concluído."

Olhei para todos os lados daquele escuro ambiente, só treva e nada mais. Não pude olhar onde estava pisando e nem para onde estava indo, somente andava e andava, guiado pelo meu tenebroso destino. Somente a minha sede de batalha e vitória me manipulavam para todos os lados, mesmo sem saber aonde iria chegar e nem como iria chegar, ou mesmo se iria chegar a algum lugar.

Senti o chão tremer como se algo muito pesado estivesse caminhando sobre ele. Estava atento a tudo que ocorresse, mesmo que nada estivesse enxergando. A cada segundo, mais forte o chão tremia e o som começava a se manifestar cada vez mais alto.

Nada me fazia tremer como aquele chão, eu não estava com medo, esse sentimento não fazia parte de mim. Mas eu teria que tomar uma atitude, pois naquele ambiente eu me sentia cego como o Observador que eu havia derrotado e, perante o fato, tudo poderia se inverter. Eu ali, cego, e o suposto monstro, me derrotaria facilmente.

Procurei por uma parede ao inverso de onde vinha o som e, enfim, encontrei. Decúbito fiquei ali, próximo a ela. Sofria com o estremecer do piso, mas pude suportar até que o som tornasse mais baixo e o piso mais calmo.

Teria que continuar andando, agora eu procurava uma luz. Andando cautelosamente, senti que meus passos se tornavam cada vez mais difíceis de realizar. Abaixei e toquei o chão, um tanto estranho. "Lama", pensei comigo. continuei a andar, ainda cautelosamente. foi quando ouvi uma voz:

"Pare onde está! É muito perigoso andar por esses lados! Você não deveria estar aqui. Só vem até este lado quem quer morrer ou desconhece esta masmorra."

Parei e respondi: "Por um lado você acertou, por outro você errou. Certamente não conheço o local onde piso e por onde ando, mas estou aqui para vencer um desafio que me foi lançado. E não sairei daqui enquanto não estiver certo de que terei vencido."

"Sim, eu sei muito bem como você é. Oras, você é meu amigo, não se esqueceu disso não é Thanos?"

"Como disse um amigo, um Observador cego é inútil, digo que um paladino cego também não tem tanta utilidade."

"É, me lembro muito bem de ter dito isso."

Logo se acendeu uma chama do local de onde vinha a voz e pude ver o rosto do Dior. Sua chama o contornava sem o queimar e ele se aproximava de mim parecendo muito um ser elemental de fogo.

"Dior, como me localizou aqui?" Perguntei.

"Pela sua aura", disse ele. "Neste pântano dorme um monstro chamado Lakróks. Tome cuidado com ele, pois é muito perigoso. É uma espécie de dragão raro que só pode ser encontrado em dois lugares por essa região, e aqui é um desses lugares."

"A vida de um paladido é repleta de perigos, temos que superar todos eles e vencê-los sempre com a honra de poder enfrentá-los sem medo. O medo é o inimigo do paladino. Um paladino medroso não pode ser considerado um. A força destrói o medo, e somos fortes. Seremos fortes até o fim."

"Entendo o que quer dizer. Isso pode ser comparado a um feiticeiro que não possui inteligência, força de vontade e determinação para acumular conhecimentos e tornar seu espírito cada vez mais forte".

Continuei a andar pelo pântano e novamente Dior me chamou a atenção:

"Seu objetivo não é morrer nas garras do Lakróks. Se você perder essa batalha, nunca poderá vencer o desafio que lhe foi posto. Essa batalha não está no seu itinerário.

"Não tenho medo. Um paladino tem a honra de poder vencer o medo dos outros e ser considerado por eles o mais forte. Se eu parar aqui, serei derrotado pelo seu medo. Não vou desistir, pois meu destino não está traçado em um itinerário único. Tudo pode se mover a qualquer momento, nada está certo. A única certeza que tenho é que lutarei até o fim para demonstrar minha força àqueles que dela duvidam. Me parece que você está entre os que duvidam. nunca imaginei que você pudesse me imaginar um fraco. Sou forte e o demonstrarei agora o que estou dizendo. Mas depois que eu sair dessa, vou demonstrá-lo novamente sempre que você estiver comigo. Pois nunca perderei uma batalha, se isto for uma dúvida. Se um dia eu vir a morrer em uma luta, morrerei com honra. Os que honram a sua vida, honram também a sua morte. Serei lembrado para sempre, pois um bom guerreiro nunca deve ser esquecido."

O feiticeiro nada disse, somente me olhou como quem confia na força do próximo e me deixou ser manipulado pela minha força e coragem, que atravessava as estimativas formadas em sua dúvida.

"se você quiser me ajudar, eu só lhe peço o que não posso de forma alguma fazer. A luz não vem da força, mas do espírito. Por favor, acenda este lugar como o sol acende o ambiente ao surgir do horizonte".

"Nunca negarei ajuda a um paladino determinado à vitória, pois sua vitória faz parte da minha história também".

O feiticeiro levou sua mão até a cintura do lado de dentro do seu manto e puxou o seu sagrado grimório. Levantou seu cajado até esticar todo o braço e com a outra mão segurava o velho livro. Murmurou frases as quais não tenho nenhum conhecimento e como dele antes surgiu o fogo, agora surgiu uma forte luz que não consegui olhar por muito tempo. depois de alguns minutos, abri os olhos e o olhei. Ele estava ainda com o braço levantado e parecia estar paralizado. Logo me explicou:

"Não posso me mexer, isso fará com que quebre o feitiço. Estarei aqui, paralizado, usando toda a energia que puder para ajudá-lo. Tenho bastante força, mas meu espírito não aguentará por mais de uma hora, pois essa magia é muito intensiva e exige muito do mago que a faz. Se você falhar, morrerei também, pois não me restarão forças para fugir daqui e nem para enfrentá-lo. Assim, ele acabará comigo em poucos segundos. Confio em você, derrote-o. Acabe com o Lakróks. Prove o que você sempre diz, prove a sua honra".

Fiz um sinal positivo com a cabeça, mas não disse nada. Andei até o pântano e com minha espada cortei as folhas que estavam sobre a água. Parei ali, olhei e pensei: "Ele está aqui em algum lugar". Bati com a espada na superfície da água, mas ele não apareceu. Tomei então uma atitude diferente, porém não menos agressiva. Usei a palavra para ferí-lo e deu certo.

"Lakróks! Criatura bizarra das profundezas do pântano! Sua treva não corromperá o meu caminho. Preciso me tornar forte e já me sinto bem mais forte que você. Eis que surgiu um paladino com sede de vitória e em seus olhos espelham seu sangue derramado. Sua ira será apenas um mito perante a minha existência. Você será apenas mais um monstro que caiu na lâmina de 'Thanos, o Paladino' e não conseguiu vencê-lo. Apareça, ou terei que viajar nas sombras para buscar o seu corpo morto e trazê-lo como troféu para os discípulos da luta."

Logo surgiu do fundo do pântano, o Lakróks! Jamais tinha visto uma criatura tão assustadora. Mas não foi o bastante para me amedrontar e me render sob sua vitória. Lakróks era um dragão de couro marrom e escamas esverdeadas; não se distinguia tanto do pântano, sua morada.

Minha agilidade superava em muito o Lakróks. Ele era muito lento, seus movimentos eram bem faceis de esquivar e eu usei esse seu ponto fraco para derrotá-lo. Ele me atacava com suas garras e eu me esquivava, sobrando assim, tempo para eu desferí-lo golpes e mais golpes com a espada e enfraquê-lo até ele se render perante minhas habilidades. Gastei pouco menos de uma hora para cansá-lo e ele percebeu que eu era superior na batalha. Com um grito ensurdecedor, ele olhou para o alto, olhou para mim, gritou novamente e surmiu entre os galhos e a água fundida em seu sangue no pântano.

Olhei para Dior e ele estava abaixado, mas ainda com o braço levantado até o limite de suas forças. Me aproximei dele e eu mesmo abaixei seu braço. Com esse movimento, a treva voltou a reinar e o deitei no chão para descançar, pois ele também acabara de derrotar o montro Lakróks.

Não dormi, mas esperei até o dia seguinte, até Dior estar inteiro para continuarmos em busca da vitória. Passaram-se mais ou menos seis horas e Dior se levantou. Invertemos a situação e foi minha vez de descançar.

Algumas horas depois me acordei, com a força que eu precisava para continuar.

"Vamos atravessar o pântano", disse a ele. "Lakróks não tentará nos impedir. Nunca mais."

"Você provou o que você sempre diz. Você é um forte guerreiro, talvez o mais forte que eu já conheci. Acredito que você completará sua missão e conseguirá chegar até o fim."

"Agradeço. Seus cumprimentos são um incentivo a mais, e eu preciso disso. Afinal, um guerreiro forte nunca desiste. E se há alguém para incentivar e dar força, o torna muito mais forte."

Atravessamos o pântano sem ter que lutar novamente para isso. Um dragão derrotado não volta, a não ser que seja muito ignorante à força de quem o derrotou.

Logo à frente um beco sem saída.

"Não há saída aqui, vamos voltar. Devem ter muitas passagens por aí, escolhemos um mal lugar para procurar", eu disse.

"Não! Iremos passar por aqui", respondeu Dior.

"Mas não há saída. O que vai fazer? Derrubar essa parede para atravessarmos? Eu não tenho tanta força."

"Não precisa de força alguma, basta caminhar em direção a ela e quando você menos esperar, já estará do outro lado", disse Dior calmamente.

"O que quer dizer?"

"Esta parede é falsa. Isto não é necessariamente uma parede, é uma ilusão. Sou imune a magias de ilusionismo. Meus espírito é mais poderoso que meus olhos."

"Tudo bem, confio em você", eu disse. "Mas o que há do outro lado?"

"O caminho em que estamos percorrendo. Fora isso, vamos descobrir. Não vejo nenhum mostro por perto e nem consigo sentir a aura de nenhum deles."

Atravesssamos então a parede como ele havia falado, era mesmo uma ilusão. Mas, alguém havia colocado aquela parede ali, e não tive tanta curiosidade de perguntar ao feiticeiro quem poderia estar por trás disso. Apenas continuamos nosso trajeto, eu estava com sede de batalha, afim de encontrar mais algum mostro fétido e transformá-lo em matéria e morta e putrefata.

Caminhamos um bocado e, enfim, encontramos o que eu tanto procurava. Um ser estranho, abusado e determinado a acabar com a minha raça, talvez por instinto, talvez não.

"Espere, ele quer acabar conosco, transformar-nos em merda, vamos inverter esse quadro, vamos acabar com ele", disse o feiticeiro.

"Tudo bem, mas se não for pedir muito, gostaria de realizar essa tarefa, sozinho." pedi com o sangue quente a desintegrar o monstro.

"Sim, mas tome cuidado, sua matéria é muito forte. Este golem é petificado. Use sua agilidade, sua força não terá tanto efeito. Não o deixe o pegar, poderá ser fatal para você."

"Adoro golens. Estes seres mágicos me divertem como goblins o divertem."

"Compreendo", resentiu.

O Golem era mais forte do que eu esperava, com certeza. Sua agilidade não era tão alta quanto a minha, mas chegava bem perto. Ele só pensava em uma coisa, ou melhor só queria uma coisa, me destruir. Golens não pensam, nisso eu tive vantagem, e foi desta vantagem que utilizei para acabar com ele.

O mago Dior desapareceu e ficou invisível até o término da luta, mas estava ali, vendo tudo acontecer e contemplando o meu talento.

Várias espadadas não fizeram muito impacto em seu corpo, ele só queria me ter em mãos, estava destinado me demontrar que sou um fraco perdedor. Mas não conseguiu, porque como o mago disse, minha agilidade fez muito mais efeito do que minha força. Olhei para trás, escuridão total, logo o mago me deu uma mãozinha e pude enxergar algo na distãncia de um metro e meio. Mas eu sabia que não tão longe havia uma parede que na verdade não era uma parede. Corri até ela e esperei o montro. Quando chegou bem próximo de mim me afastei para trás e sumi da visão dele. Sorri, pois o que eu havia programado era que um ser irracional voltaria para trás quando vesse uma parede, uma vez que não saberia se ela é falsa ou não. Mas me dei mal, pois ele a atravessou e nisto, me surpreendeu com um golpe certeiro no braço direito.

A dor foi imensamente forte, e minha ira acabara de ser acendida pelo insignificante monstro de pedra. Dei um grito de raiva e dor ao mesmo tempo e o desferir rapidamente golpes e mais golpes de espada, mesmo sem conseguir mexer meu braço que estava machucado. Sou ambidestro, por sorte. Apesar de minha intensa força e minha grande agilidade e destreza, isso não foi o bastante, pois um montro de pedra não sente dor e nem sofre tanto impacto assim.

Tentei pensar em um modo de me livrar dessa agonia; dor, raiva e tempo gasto com um ser tão desprezível e insignificante para um forte paladino. Mas a força de nada valia, somente o fazia perder velocidade e um pouco de sua agilidade no instante de cada golpe.

Me veio à cabeça a possível derrota, mas me lembrei que já derrotei montros muito mais poderosos, como Dragões e Árpias. Dragões, esta era a palavra chave que faltava em minha mente. Acabara de derrotar a pouco tempo um dragão e não estava tão distante do local: um pântano.

Corri então como eu pude e cheguei até o local. Me bastava atravessar novamente o pântano e chegar do outro lado, onde já estive uma vez. Esperei e o golem apareceu no foco de minha visão. Ele se aproximava de mim, tentava atravessar o pântano para me pegar. Mas aí está a sua falha, golens de pedra se afundam em pântanos aquáticos.

Um paladino inteligente, vale mais que um golem burro. Esta foi minha conclusão. Não adianta ser tão forte, se sua inteligência inexiste. Um paladino forte é aquele que funde força, agilidade, destreza e inteligência, e derrota seus inimigos, seja quais forem eles.

Eu havia perdido bastante sangue com o ferimento do braço e então me sentei um pouco para descansar e fazer com que o sangue corresse mais livremente pelo meu corpo. Logo Dior apareceu:

"Vamos, o tempo é precioso", disse ele se aproximando de mim.

Dior segurou meu braço, e o que antes era um braço ferido, agora era um braço forte e curado.

"Posso curar ferimentos rasos e profundos também, e tenho força de sobra para isso. Agora vamos, vamos cehgar ao fim. Você é forte e agil. Sou inteligente e meu espírito é muito poderoso. Uma parceria como essa não aceita derrotas. Além disso, temos acima de tudo a honra e a determinação de verdadeiros guerreiros de batalha." Disse ele.

"Sim, concordo com tudo o que disse. Vamos em frente. Vamos vencer nossos desafios e comprovar tudo o que foi dito.", respondi. "Mas há algo que não entendi. Um golem nunca saberia que aquela parede na verdade é falsa."

"Sim, nunca saberia. Por isso vou lhe dizer. Há alguém muito poderoso aqui. Ele construiu seu golem depois a imagem da parede. Seu golem sabia que aquela parede era falsa. Há alguém tentando acabar conosco. Temos que descobrir quem é e impedí-lo. Mas para impedí-lo teremos que derrotá-lo, o que não será nada fácil." Disse Dior com tom de preocupação.

Fizemos um sinal positivo com a cabeça e continuamos a jornada.

Andamos um pouco, logo à frente vimos uma parede e dos dois lados dois caminhos distintos.

"Para onde iremos?" Perguntei.

"Qualquer lugar. Ou entao nos dividiremos." Disse o mago.

"Tudo bem, eu vou pela direita e você vai pela esquerda." Sugeri.

"Tranquilo; de qualquer forma, nos veremos outra vez, certo?"

"Pode ter certeza disso, amigo."

Continua...