Tamanta, a fada travessa*
Tamanta era um fadinha travessa. Sempre estava envolvida em peripécias e se deliciava em ver as outras crianças atrapalhadas com as suas armações.
Sua mãe, fada Carícia, estava sempre chamando-lhe a atenção dizendo-lhe que um dia suas estrepolias poderiam ir longe demais. Disse-lhe que deveria usar seus poderes não para o mal, e sim para o bem das pessoas.
Tamanta parecia não ligar para os conselhos da mãe. Todas as manhãs lá ia ela, toda faceira no seu vestidinho de rendas brincar com as outras crianças da aldeia.
Certa vez estavam brincando de esconde-esconde. Tamanta teve uma idéia: - Quando todos estiverem escondidos atrás das árvores, me transformo num animalzinho feroz e assusto a todos. Assim fez.
Transformou-se primeiro em urso e começou a urrar. A criançada, quando viu o animal, disparou cada uma para a sua casa.
Tamanta gostou tanto da brincadeira que resolveu repeti-la outras vezes.
Em uma dessa vezes, uma das crianças ficou tão apavorada que se embrenhou na floresta. Correu tanto que não conseguiu encontrar o lugar de volta.
Passaram-se as horas e começou, então, a anoitecer. Quando os pais do menino perceberam a falta dele, ficaram apavorados e correram às casas dos vizinhos perguntando por ele.
Em poucos minutos toda a aldeia sabia do desaparecimento de Julinho. Todos prontificaram-se a procurá-lo. Como não era noite de lua cheia, ficou difícil encontrá-lo. Somente ao amanhecer acharam Julinho, que ardia em febre por ter ficado tanto tempo exposto ao sereno.
Foi levado para o hospital em estado grave.
Tamanta só ficou sabendo do acontecido quando veio, no horário de sempre, brincar com as crianças.
Imediatamente foi visitar Julinho. Quando viu o estado em que se encontrava, arrependeu-se de sua travessura e usou sua varinha mágica para restabelecer o garoto, o que aconteceu prontamente.
Tamanta, a partir daquele dia, se tornou a mais comportada das fadinhas.
*Publicado no livro INSANIDADES, Belém: L & A Editora, 2002.