As moças do parque

Inventam muitas histórias engraçadas neste mundo.

Talvez algumas sejam verdadeiras, talvez não, nunca se sabe onde mora a verdade, aquela que todos procuram e poucos encontram.

O fato é que numa cidade grande, e aqui não se diz qual, havia um parque de árvores frondosas, brisa fresca, lago e um pequeno bosque.

As mães levavam a criançada para brincar e tomar Sol. Casais de namorados sentavam-se nos bancos e trocavam confidências e carinhos. Mas o bosque não era muito freqüentado. Estava quase sempre deserto.

Segundo dizem, uma bela moça abriu um romance, sentada num banco perto do bosque e ficou absorta na leitura agradável.

Um rapaz de excelente aparência, muito bonito mesmo, sentou-se num banco próximo e ficou olhando. A moça percebeu de imediato, e reparou na beleza do espectador desconhecido. Este, calmamente, fez um gesto e se encaminhou até a leitora.

Sendo moça de cidade grande, naturalmente que permitiu que o jovem sentasse ao seu lado, e logo estavam conversando. O livro foi para dentro da bolsa grande.

Não se sabe o que falaram antes. Sabe-se que a moça estava encantada com o seu admirador.

- Vamos dar um passeio neste bosque, Regina?

- Prefiro ficar aqui.

- Conhece o bosque?

- Já fui uma vez. Tem árvores muito altas, é um lugar bonito.

- Ora, eu não conheço. Você poderia guiar um pequeno passeio.

- Não, Sérgio. Afinal eu não o conheço direito. Vamos ficar aqui.

Sentiu seu braço ser agarrado com força. Tentou resistir mas viu que era impossível, e o rapaz mostrou algo que estava debaixo da sua camisa. Parecia uma arma.

- Vamos, ou pode acontecer coisa grave.

Não tendo alternativa, pois não queria levar um tiro e ao invés de morrer ficar tetraplégica como uma conhecida, obedeceu. Qualquer que passasse diria que eram namorados.

Já bastante próximo do centro do bosque, o rapaz jogou-a por terra e ali mesmo consumou o ato que pretendia. Por incrível que possa parecer, não machucou Regina, que só não atingiu o prazer pelo susto e pelo medo. Sofrera uma violência, mas não foi machucada, nem agredida.

Sérgio, se é que era este mesmo o nome dele, desapareceu.

A jovem Regina recompôs suas vestes. Chegando em casa, contou o fato só para a mãe, que achou melhor não colocar polícia no meio. A filha iria sofrer as conseqüências.

Regina contou o ocorrido a Telma e Cristina, suas amigas de longos anos.

- Era mesmo bonito, Regina? – indagava Telma, a mais atirada.

- Era lindo! Cheiroso e gentil. Pediu desculpas, antes de ir embora.

- E não machucou você?

- Não fez nada mais do que queria fazer. Parecia um príncipe encantado.

O diálogo continuou por muito tempo. Mas aconteceu um fato estranho no parque.

Sempre tem uma moça sentada no lugar onde Regina estava. E como ela, lendo um livro...