NA PEQUENA CIDADE DE VILA DAS NUVENS, ONDE AS RUAS ERAM DE PEDRAS REDONDAS E AS CASAS TINHAM JANELAS COLORIDAS, HAVIA UMA LOJINHA CURIOSA. ELA FICAVA NO FIM DA RUA DAS ESTRELAS E SE CHAMAVA "MISTÉRIOS & ENCANTOS". QUEM PASSAVA POR LÁ VIA UMA VITRINE REPLETA DE OBJETOS MÁGICOS: RELÓGIOS QUE ANDAVAM PARA TRÁS, LIVROS QUE SUSSURRAVAM HISTÓRIAS E POTES DE TINTA QUE MUDAVAM DE COR CONFORME O HUMOR DO ESCRITOR.

A DONA DA LOJA ERA DONA ZAFIRA, UMA SENHORA DE CABELOS GRISALHOS PRESOS EM UM COQUE E OLHOS BRILHANTES COMO A LUA. DIZIAM QUE ELA SABIA DE TODOS OS SEGREDOS DA CIDADE. NO ENTANTO, NINGUÉM SABIA EXATAMENTE O QUE HAVIA NO ANDAR DE CIMA DA LOJA. O QUE TODOS SABIAM ERA QUE, TODA NOITE, QUANDO AS LUZES SE APAGAVAM, UMA CORUJA SOBREVOAVA A LOJINHA E POUSAVA NA SACADA DO SEGUNDO ANDAR.

LUNA, UMA MENINA CURIOSA DE DOZE ANOS, SEMPRE PASSAVA PELA LOJA DEPOIS DA ESCOLA. ELA ADORAVA ESPIAR OS OBJETOS MÁGICOS, MAS O QUE MAIS A INTRIGAVA ERA A CORUJA. "SERÁ QUE ELA PERTENCE À DONA ZAFIRA?", PERGUNTAVA-SE. CERTO DIA, DECIDIU QUE DESCOBRIRIA O MISTÉRIO.

NO FINAL DA TARDE, QUANDO O CÉU SE TINGIA DE LARANJA E DOURADO, LUNA ENTROU NA LOJA E ENCONTROU DONA ZAFIRA ORGANIZANDO ALGUMAS CAIXAS.

— BOA TARDE, MINHA QUERIDA! COMO POSSO AJUDAR? — PERGUNTOU A SENHORA COM UM SORRISO GENTIL.

— DONA ZAFIRA, EU QUERIA SABER SOBRE A CORUJA QUE POUSA AQUI TODA NOITE. ELA É SUA? — LUNA PERGUNTOU, TENTANDO PARECER CASUAL.

A SENHORA SOLTOU UMA RISADA BAIXINHA E OLHOU PARA A MENINA COM UM BRILHO ENIGMÁTICO NOS OLHOS.

— ESSA CORUJA SE CHAMA AURORA. MAS ELA NÃO É EXATAMENTE "MINHA". DIGAMOS QUE ELA CUIDA DA LOJA TANTO QUANTO EU.

LUNA FRANZIU A TESTA. COMO UMA CORUJA PODERIA CUIDAR DE UMA LOJA?

— VOCÊ QUER CONHECÊ-LA? — PERGUNTOU DONA ZAFIRA.

OS OLHOS DE LUNA BRILHARAM. ELA ASSENTIU RAPIDAMENTE, E A SENHORA A LEVOU ATÉ UMA ESCADA QUE LEVAVA AO ANDAR SUPERIOR. A CADA DEGRAU QUE SUBIAM, LUNA SENTIA UM FRIOZINHO NA BARRIGA. O QUE ENCONTRARIA LÁ EM CIMA?

QUANDO CHEGARAM AO TOPO, DONA ZAFIRA ABRIU UMA PORTA DE MADEIRA E REVELOU UM QUARTO ILUMINADO POR PEQUENAS LANTERNAS FLUTUANTES. HAVIA ESTANTES CHEIAS DE LIVROS ANTIGOS, VIDROS COM PÓS COLORIDOS E, NO CENTRO, UM GRANDE POLEIRO ONDE AURORA DESCANSAVA. A CORUJA ERA LINDA, DE PENAS BRANCAS COM DETALHES DOURADOS E OLHOS GRANDES E INTELIGENTES.

— QUE LINDA! — LUNA SUSSURROU, ENCANTADA.

— AURORA É MAIS DO QUE UMA SIMPLES CORUJA. ELA É UMA GUARDIÃ DA LOJA. ELA PROTEGE OS OBJETOS ENCANTADOS E GARANTE QUE APENAS AQUELES COM BOAS INTENÇÕES POSSAM USÁ-LOS — EXPLICOU DONA ZAFIRA.

LUNA SE APROXIMOU DEVAGAR, E AURORA INCLINOU A CABEÇA, OBSERVANDO-A COM CURIOSIDADE.

— QUER TENTAR ALGO MÁGICO? — PERGUNTOU DONA ZAFIRA, PEGANDO UM PEQUENO LIVRO DE CAPA AZUL BRILHANTE.

LUNA ASSENTIU, E A SENHORA LHE ENTREGOU O LIVRO. ASSIM QUE LUNA O ABRIU, AS PÁGINAS COMEÇARAM A BRILHAR E, DE REPENTE, PALAVRAS COMEÇARAM A SE FORMAR NO AR. "BEM-VINDA, LUNA. ESCOLHA UM DESEJO SINCERO."

A MENINA FICOU SEM PALAVRAS. ELA PODIA PEDIR QUALQUER COISA? PENSOU EM VÁRIOS DESEJOS, MAS, NO FUNDO, O QUE MAIS QUERIA ERA VIVER UMA AVENTURA VERDADEIRA.

— EU DESEJO UMA AVENTURA MÁGICA! — DISSE COM DETERMINAÇÃO.

AURORA BATEU AS ASAS, E UMA LEVE BRISA ENCHEU O QUARTO. O LIVRO BRILHOU INTENSAMENTE E, DE REPENTE, LUNA SENTIU COMO SE ESTIVESSE FLUTUANDO. QUANDO ABRIU OS OLHOS, NÃO ESTAVA MAIS NA LOJA.

ELA SE ENCONTRAVA EM UMA FLORESTA ILUMINADA POR COGUMELOS BRILHANTES E ÁRVORES DOURADAS. O VENTO SUSSURRAVA MELODIAS SUAVES, E, AO LONGE, UMA TRILHA SINUOSA A CONVIDAVA A EXPLORAR. COM O CORAÇÃO ACELERADO, LUNA PERCEBEU QUE ESTAVA DENTRO DA MAIOR AVENTURA DE SUA VIDA.

E TUDO COMEÇARA NA LOJA MISTERIOSA DA CORUJA AURORA.