CENAS DE AMOR QUE ENCENAS E ME ENSINAS

CENAS DE AMOR QUE ENCENAS E ME ENSINAS

Não te quero santa e nem pura;

Mas nunca insegura se deves me ter;

No mundo das nossas mentes a nossa cura;

E toda a vontade que se quisera ser.

Como se houvesse uma força que nos atrai um para o outro, como loucos;

Os nossos sentidos se excedem pouco a pouco.

Me excito quando converso contigo;

E não hesito em chamar-te aos meus sonhos

para ter comigo...

Beijo tua boca, meus cabelos afagas;

Mordo os teus lábios, enquanto acaricias minhas costas largas.

Te desnudo sem pressa;

Desmancho com os dentes o teu vestido;

Beijo teu pescoço sem mesmo que peças;

Falo coisas chulas ao teu ouvido.

Mordo ainda o teu ombro;

Sem ter o cuidado se deixei marca alguma;

E sem assombros;

Teus seios intumescidos, carne trêmula pedem minha boca com decência nenhuma.

E fico por ali, como se fosse um menino diante de sua matrona;

Recebendo o carinho das suas mãos nos meus cabelos;

Sem respiração, precisas vir à tona;

Quando provas do meu sexo, embaraçando-se nos meus pelos.

Num misto da tua pele com o meu suor;

Tua epiderme nesse instante brilha sedenta;

Teu movimento é suplicante e eu me sinto bem maior;

Toda a minha virilidade te atenta.

Dizes-me implorando: estou pronta, molhada para ti somente;

Porém ainda quero provar do teu mel;

Expeles um néctar salobro, ah que belo ingrediente...

Que me enfeitiça e me atiça ao teu céu.

Meus dedos te tocam, quando pedes para que eu em ti me remeta;

Mas ainda tenho toda uma extensão geográfica do teu corpo para explorar;

Suas curvas, suas ondas, sua silhueta;

Meu cateto em ângulo obtuso à tua hipotenusa não quer esperar.

Todavia, como toda via expressa;

Teu corpo é uma estrada sinuosa que o forasteiro prudente e atento precisa explorar cada canto;

E diante de tanta beleza, novamente não quero ter pressa;

Degustando-te, mapeio tuas zonas de encantos.

Agora percebo teus pés;

E ali me delicio em mordê-los como pontos de doim;

Sentes cócegas quando engulo os teus dedos, um a um, todos os dez;

Torturando-te ainda mais se me pedes para nisso dar um fim.

Sedenta, como um desesperado no deserto que há muito busca saciar sua sede;

Cravas tuas unhas em minhas costas, puxando-me pra dentro de ti;

Embalo-me num intenso movimento, no balanço forte, constante e sincronizado da tua rede;

E sentes minha pujança, somos um só corpo, juntos em si.

Nesse instante, a chuva cai lá fora;

Toca no chão e os pingos no telhado não permitem que outros ouçam os teus gritos e gemidos de prazer;

Palavras obscenas... Encenas cenas de amor que me ensinas, e tudo isso não me apavora;

Injúrias são ditas e juras de tanto se querer;

Quase que simbióticos ligados sem como se desfazer.

Chega a vontade de explorar outros lados desse território;

E uma linda paisagem me é exposta como se eu visse dunas;

Farto banquete em um belo refeitório;

Cangote, vértebras, côccix, desbravo cada centímetro da tua coluna.

Estreitos trechos percorro do que me ofereces e eu almejo;

Carícias, arrepios, porque já imaginas o que eu busco;

Guiado pelo instinto, minha saliva denuncia o teu desejo;

Encontro um terreno igualmente encharcado, suavemente ofusco.

Estaciono levemente e com cuidado;

Como quem não se vê no direito, pois sou um invasor;

Rompo tuas paredes, rumo adentro, como e provo desse pecado;

E cavalgo intempestivo como um paladino conquistador.

Monto agarrado aos teus cabelos quais rédeas;

Galopo, galopo, galopo e galopo;

Chicoteio tuas ancas com minhas mãos e me delicio sem fazer média;

Qual uma égua és domada pelo, por ora, teu dono e que a minha marca eu coloco.

E assim, depois de todo esse desbravamento apaixonante;

Ficamos leves, soltos e rindo a toa;

Numa viagem extremamente deliciante;

Em pensamentos, somos qual um pássaro livre que voa, voa, voa e voa...

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

21/01/08 – Da série Sinais de fogo