O meu destino...
“O meu destino é a morte.”
A chuva caía de forma melancólica contra o vidro rachado da loja. Devagar, ela abriu os olhos. O líquido azul e brilhante que escorria de seu braço pingava sobre o corpo do pequeno garoto, fechando o corte feito pela lâmina ao seu lado. Ela estava de pé, mesmo que antes estivesse inerte. Ao seu redor, destruição e sangue; com exceção daquela criança, que aos poucos respirava de forma estável. Em contrapartida, sentia-se cada vez mais fraca. A cada vez que entregava parte de sua essência para curar os caídos, sentia que estava mais próxima de se tornar o que nasceu para ser.
“O meu destino é a morte.”
Não entendia o motivo do ataque, mas sabia que a viam como uma aberração. Quando o som do seu braço sendo articulado novamente cortou o gotejar de sua cura, ela se retirou. Para aqueles que a conheceram ali, agora seria apenas uma saudosa lembrança. Para ela, no entanto, aos poucos suas memórias seriam perdidas. Quanto mais se entregava, menos para si mesma sobrava.
“O meu destino é a morte.”
Andou por terras e mares na esperança de, ao menos uma vez antes de finalmente se quebrar por inteira, encontrar o que era “casa”. Ouviu a definição por várias bocas diferentes; algumas delas até mesmo falavam que isso podia ser o coração das pessoas amadas, mas ela ainda segue descobrindo o mundo que em breve deixará.
“O meu destino é a morte, pois a benção que recebi da vida, desejei distribuir para os corações desamparados que pulsam neste mundo.”