NO VILAREJO DE CAMPOS SERENOS, ONDE AS CASAS TINHAM TELHADOS VERMELHOS E OS CAMPOS ERAM COBERTOS POR FLORES COLORIDAS, MORAVA UMA MENINA CHAMADA MARINA. ELA TINHA DEZ ANOS, CABELOS CASTANHOS E CACHEADOS, OLHOS BRILHANTES DE CURIOSIDADE E UMA PAIXÃO IMENSA POR EXPLORAR O MUNDO AO SEU REDOR.

MARINA NÃO ERA UMA MENINA COMUM. ENQUANTO OUTRAS CRIANÇAS GOSTAVAM DE BRINCAR DE PIQUE-ESCONDE OU SOLTAR PIPAS, ELA ADORAVA CAMINHAR PELAS TRILHAS DO BOSQUE, CONVERSAR COM OS ANIMAIS E IMAGINAR HISTÓRIAS SOBRE CADA ÁRVORE E CADA PEDRA QUE ENCONTRAVA.

MAS HAVIA ALGO QUE FAZIA MARINA SE DESTACAR AINDA MAIS: SUAS BOTAS VIOLETA. ELAS ERAM UM PRESENTE DE SUA AVÓ, DONA CELESTE, QUE SEMPRE DIZIA:

— ESSAS BOTAS TÊM UM TOQUE ESPECIAL. COM ELAS, VOCÊ SEMPRE ENCONTRARÁ O SEU CAMINHO!

A MENINA NÃO SABIA BEM O QUE AQUILO SIGNIFICAVA, MAS AMAVA SUAS BOTAS. TODO DIA, VESTIA SUA CALÇA JEANS SURRADA E SUAS BOTAS VIOLETA ANTES DE SAIR EM UMA NOVA AVENTURA.

CERTO DIA, ENQUANTO CAMINHAVA PELO BOSQUE, MARINA ENCONTROU UM COELHINHO DE PELO ACINZENTADO QUE PARECIA MUITO ASSUSTADO.

— O QUE HOUVE, AMIGUINHO? — PERGUNTOU, AGACHANDO-SE PARA ACARICIÁ-LO.

O COELHINHO DEU ALGUNS PULINHOS E SEGUIU EM DIREÇÃO A UM CAMINHO ESTREITO, COMO SE QUISESSE QUE MARINA O SEGUISSE. CURIOSA, A MENINA NÃO HESITOU E ACOMPANHOU O PEQUENO ANIMAL. DEPOIS DE ALGUNS MINUTOS DE CAMINHADA, CHEGOU A UMA CLAREIRA ONDE HAVIA UM CÍRCULO DE VIOLETAS BRILHANTES, MAIS BONITAS DO QUE QUALQUER FLOR QUE JÁ TINHA VISTO.

NO MEIO DO CÍRCULO, UMA PEQUENA RAPOSA DE PELO DOURADO ESTAVA PRESA EM UMA ARMADILHA DE CIPÓS.

— POBRE RAPOSINHA! EU VOU TE AJUDAR! — DISSE MARINA.

ELA SE APROXIMOU DEVAGAR E COMEÇOU A SOLTAR OS CIPÓS COM CUIDADO PARA NÃO MACHUCAR O ANIMAL. MAS, ASSIM QUE TOCOU NAS PLANTAS, ELAS SE APERTARAM MAIS. MARINA PENSOU POR UM MOMENTO E OLHOU PARA SUAS BOTAS VIOLETA. SE SUA AVÓ DIZIA QUE ELAS AJUDAVAM A ENCONTRAR O CAMINHO, TALVEZ TAMBÉM PUDESSEM AJUDÁ-LA AGORA.

— POR FAVOR, ME AJUDEM! — SUSSURROU PARA AS BOTAS.

DE REPENTE, AS VIOLETAS AO REDOR COMEÇARAM A BRILHAR AINDA MAIS, E OS CIPÓS SE SOLTARAM SOZINHOS, LIBERTANDO A RAPOSA, QUE OLHOU PARA MARINA COM GRATIDÃO.

A RAPOSA, PARA SURPRESA DA MENINA, FALOU:

— OBRIGADA, MARINA. VOCÊ É BONDOSA E CORAJOSA. MEU NOME É LIORA, E EU SOU A GUARDIÃ DESTE BOSQUE. COMO FORMA DE GRATIDÃO, VOU LHE DAR UM PRESENTE ESPECIAL.

LIORA FECHOU OS OLHOS E, QUANDO OS ABRIU NOVAMENTE, UM PEQUENO BRILHO DOURADO VOOU ATÉ AS BOTAS DE MARINA. AGORA, ELAS ESTAVAM AINDA MAIS BONITAS, COM PEQUENOS DESENHOS DE VIOLETAS BORDADOS NA LATERAL.

— AGORA, SUAS BOTAS PODERÃO GUIÁ-LA NÃO APENAS PARA ONDE PRECISA IR, MAS TAMBÉM PARA ONDE SEU CORAÇÃO DESEJAR! — EXPLICOU A RAPOSA.

MARINA SORRIU, SENTINDO UM CALOR ACONCHEGANTE NO PEITO. ELA TINHA ENCONTRADO UM VERDADEIRO TESOURO: A MAGIA DA AMIZADE E DA BONDADE.

E, A PARTIR DAQUELE DIA, SEMPRE QUE CALÇAVA SUAS BOTAS VIOLETA, SABIA QUE ESTAVA PRONTA PARA QUALQUER AVENTURA, POIS SEU CORAÇÃO E SEU CAMINHO ESTARIAM SEMPRE LIGADOS.