UMA ESTÓRIA DE... "PRINCESA" !
UMA ESTÓRIA DE... "PRINCESA" !
Era a "fofoca" do momento... a Capital Federal, o Rio de samba, FLA x FLU e Carnaval não falava de outra coisa: "saíra na coluna do Ibrahim Suado que ele viajara" ! Sim, ELE viajara ! Era difícil de acreditar, mas "deu na coluna do Ibrahim"... então, era verdade ! O playboy mais irresponsável da capital da República tivera a coragem de abandonar a virginal figura, a bela mais desejada, admirada e imitada do Leste inteiro, filha, neta e bisneta de nobres, um anjo caído do céu em noite estrelada.
E o casamento seria no sábado de Carnaval, data inédita no calendário do Society carioca. O "play", "l'enfant terrible", rebelde sem causa, o membro mais viril (epa!) da chamada "juventude transviada" saíra "com mala e cuia" para algum lugar recôndito. Foram ao porteiro do prédio onde morava, a Família real inteira, pai, mãe, filha e avô... o bisavô se fez "presente", figura etérea que ninguém via, ectoplasma sideral. O servente confirmou: ele mesmo levara a mala até o "carro de praça", hoje táxi, UBER. O "chauffeur" (hoje "motóra") era o "Amigo da Onça", figura mais do que conhecida, bem parecida com o pilantra das charges nas revistas Manchete e Fatos & Fotos, de autoria de PÉRICLES.
Saíram à procura do Cadillac vermelho, táxi de luxo, único no Rio inteiro, na Zona Sul pelo menos. O "bigodinho" na cara de fuinha tremeu com a pergunta sem rodeios do nobre enfurecido: "onde o levou" ?!
-- "Pra Estação de Mauá, ele foi pro subúrbio" !
Os nobres não imaginavam onde ficava Mauá e sequer o que seria o tal "subúrbio". Decidiram questionar o jornalista das fofocas. Assim que sumiram, o taxista afrouxou a gravatinha borboleta, suspirando:
-- "Essa foi por pouco... se eu disser onde está o malandro, sou um homem morto"!, apalpando o bolso lotado de cruzeiros, grana para 6 meses sem trabalhar. Conduzira o "garotão" para a mansão da Madame "Vivi", a famosa "Viúva Alegre", no final do Leblon, lugar discreto e sem testemunhas. Rolava lá, a portas fechadas, a bacanal mais sórdida, sob o inocente título de "despedida de solteiro", a madame sorrindo feliz, ganhara uma "grana federal" para montar a esbórnia e providenciar as "coelhinhas", as "certinhas do Lalau". (Caro leitor, distinta leitora, "LALAU" era o jornalista "Stanislaw Ponte Preta", que dispensa apresentações !)
No prédio do Ibrahim adentra a "entourage" real, para questionar a nota anterior, num grande Jornal carioca... o encontram na máquina de datilografia Remington Royal, preparando novo "plot", "potin" em bom Francês, "BOMBA" no linguajar do povo:
"Pelo visto ele NÃO VIAJOU...", iniciava assim novo parágrafo ! A família imperial o questionou, irritada:
-- "Como assim... NÃO VIAJOU ?! Diga logo o que sabe" ?!
-- "Eu ia terminar a frase, senhores ! Soube de fonte segura que ele V-O-O-U para São Paulo num "teco-teco", tem uma avó lá muito doente" !
-- "Pois que MORRA, apodreça... gastei uma fortuna para reservar a Igreja da Candelária, outra para ornamentá-la. Dê-me o endereço, vou pra lá matar aquele canalha" !
A filha irrompeu num choro convulso, pelo visto perderia o amor de sua jovem vida, e logo o primeiro, o mais marcante. Pior, seria ela a chacota do "Grand Monde" local:
-- "Era tão sem graça que nem o "mulherengo" a quiz" !
Não, não teve casamento... a coluna não perdeu seu prestígio, crédito, Ibrahim manteve sua informante em segredo, o "Don Juan" malandro não morreu e os Príncipes mandaram a filha "desonrada" para a Europa, para "arrumar marido" por lá.
"NATO" AZEVEDO (em 24/fev. de 2025, 5hs)