Geb - Capítulo VII
SENTIMENTOS
As águas cristalinas batiam no pés de Dara e ela sorria com entusiasmo. Seus olhos observavam os reflexos turvos que se formavam no riacho e suas mãos balançavam no ar e na água. Ao seu lado, o jovem se sentava com calma e a observava com atenção.
Via aquela pele e sentia um desejo imenso de tocá-la. Dentro de si, havia um sentimento quase explodindo e as palavras de amor vinham até a garganta e eram engolidas com o pouco de realidade que lhe restava. Dara não o encarava, sabia que ele estava a lhe olhar e sentia seu coração disparado. Evitava olhá-lo nos olhos, pois em si também havia os frutos de um sentimento intenso.
- O que quer fazer hoje? – questionou o jovem à Dara.
Dara sorriu vergonhosamente e abaixou a cabeça.
- Quero ficar aqui com você!
O sol caminhava lentamente pela imensidão azul e as sombras mudavam de lugar. Na face de Dara reluzia o brilho dos raios e seus olhos se fechavam como proteção. O jovem observava e sentia em si a necessidade de sentir o perfume daquela pele, aproximar sua face na dela e provar o sabor daquele sentimento profundo segundo a segundo.
Dara se levanta rapidamente e caminha dentro do riacho. Sua roupas leves, molhadas até a altura dos joelhos nadavam dentro das águas.
- O que você está fazendo Dara? Sua avó vai brigar com você!
- Até a hora de voltar já secou.
Dara jogava água no rapaz sentando as margens do riacho e ele se protegia com os braços, mas sorria como uma criança feliz e sentia-se intensamente sintonizado com aquela menina, era como se a conhecesse bem mais do que pudesse imaginar ou explicar.
- Venha!!! Vamos brincar aqui na água!
Ele apenas observava cada movimento da garota. O contorno do seu corpo, as mãos delicadas que voavam pelos ares jogando a água. O sorriso sincero que estampado na sua face chamava-lhe a atenção. Olhos brilhantes e felizes.
O jovem se levanta e caminha até onde ela estava e sorrindo segura as mãos da bela jovem.
- Que foi? – Dara pergunta com um sorriso intrigado.
O jovem então reanima-se e percebe a sua realidade. Soltando as mãos da bela jovem, fecha o sorriso que havia estampado em seus lábios e solta as mãos de Dara.
- Nada, não é nada!
Ela permanece ereta, com os braços ao longo do corpo olhando o jovem caminhar de volta as margens do riacho.
- Volta aqui! Vamos brincar!
- Estou cansado meu anjo! Brinque você!
Dara então caminha na direção dele e senta-se ao lado, flexiona as pernas e observa os peixes que pulavam próximo aos seus pés. Não houve nenhuma palavra, não houve nenhum movimento. Estavam naquele instante Dara e o jovem lado a lado, mas distantes em pensamento. Ele olhava o céu e voava alto no que meditava e Dara observava as águas.
O sol se escondeu em uma nuvem e no mesmo instante o ambiente escureceu com rapidez. Dara levantou a cabeça e olhou reto.
- Eu...
Ele a olha com atenção.
- Humm... – Dara volta a abaixar a cabeça.
Ele ainda a encara e sente um medo correr junto com o sangue em suas veias. No seu coração pulsava um receio de se envolver, pois tinha motivos suficientes para isso. Seu medo foi crescendo juntamente com aquele nobre sentimento que nascia por Dara e foi impossível conter a lágrima que rolava em sua face.
Não havia uma palavra sequer que ele pudesse dizer naquele momento, pois naquele instante circulava o ambiente uma sensação de distância e duvida.
Dara olhava o reflexo dele nas águas e questionava algo a si mesma.
Elevou a cabeça mais uma vez e olhou em linha reta novamente.
- Eu... Não sei nada sobre você! Eu sempre acreditei que era somente eu e vovó neste lugar, e de repente você apareceu.
Dara olha firmemente para ele, que já havia enxugado a lágrima.
- Quem é você? O que faz aqui?
Ele sentiu a garganta seca. As mãos soavam e seus olhos pulsavam ao olhar o radiante olhar de Dara. Levantou-se rapidamente e saiu por entre as folhagens deixando para trás um sentimento bonito mesclado a dor de algo que não poderia explicar.
- Tenho que ir...
Dara acompanhou com os olhos e não pode fazer nada. Apenas sentiu em si uma explosão e em seus olhos perdidos nascerem algumas lágrimas que rolaram pela face, fazendo a curva e o contorno de seus lábios que agora não mais sorriam.
Continua...