O cachorro-menino
Era uma vez um cachorro muito danado, que também era um menino levado. Havia algo de extraordinário em Choco, algo que ninguém podia explicar. Quando era cachorro, brincava até cansar; os outros cachorros o mordiam irritados de tantas brincadeiras, que para o Choco, o cachorro-menino, nunca tinham fim!
Veio a este mundo para brincar, correr, pular e morder todos os brinquedos, mas, havia sobre ele um doloroso segredo que ninguém conhecia.
Quando era menino, corria desajeitado com os ossos das costas bem acentuados, como se carregasse o peso de um mistério ancestral. Em noites de ventos alísios, Choco desaparecia, e no lugar dele, surgia um menino, com um olhar que refletia uma tristeza profunda e incompreensível.
Ele sempre era morto e depois renascia, ora menino, ora cachorro, passando de um mundo à outro, como se estivesse preso em um eterno ciclo de vida e morte. Ninguém sabia quando voltaria ou em qual forma viria a ser visto novamente, mas sua presença era sempre sentida, um eco de um passado distante e enigmático.