ERA UMA VEZ, NA PACATA VILA DO PINHÃO DOURADO, UM LUGAR CONHECIDO PELO ENCANTO DO NATAL. AS CASAS ERAM ADORNADAS COM LUZES CINTILANTES, AS CRIANÇAS CANTAVAM MÚSICAS NATALINAS PELAS RUAS, E O AROMA DE BISCOITOS DE GENGIBRE PAIRAVA NO AR. NO CORAÇÃO DA VILA, HAVIA UMA TORRE DO RELÓGIO QUE, POR GERAÇÕES, MARCAVA O TEMPO COM PRECISÃO.
A VILA INTEIRA DEPENDIA DO VELHO RELÓGIO PARA ORGANIZAR SEUS DIAS, MAS ELE TINHA UMA MAGIA ESPECIAL: À MEIA-NOITE DO NATAL, SUAS BADALADAS ENCHIAM OS CÉUS DE ESTRELAS BRILHANTES, QUE CAÍAM SUAVEMENTE, ILUMINANDO TODA A VILA COMO PEQUENOS PEDAÇOS DE LUZ. TODOS ANSIAVAM POR ESSE MOMENTO MÁGICO.
A NOITE INCOMUM
NA VÉSPERA DE NATAL, ENQUANTO AS FAMÍLIAS PREPARAVAM CEIAS E TROCAVAM ABRAÇOS, ALGO INESPERADO ACONTECEU. ÀS 22H10, O GRANDE RELÓGIO PAROU. SEM AVISO, O PONTEIRO DOS SEGUNDOS CONGELOU, OS SINOS SILENCIARAM, E O CORAÇÃO DA VILA PARECIA TER PARADO JUNTO COM ELE.
“NÃO PODE SER!”, EXCLAMOU DONA AMÉLIA, A PADEIRA DA VILA, AO OLHAR PARA O MOSTRADOR IMÓVEL. “COMO VAMOS SABER A HORA DA MEIA-NOITE AGORA?”
TODOS SE REUNIRAM NA PRAÇA, PREOCUPADOS. ERA TRADIÇÃO QUE, ASSIM QUE O RELÓGIO BADALASSE À MEIA-NOITE, O PAPAI NOEL APARECESSE COM SEU TRENÓ PARA TRAZER ALEGRIA E PRESENTES ÀS CRIANÇAS. MAS, COM O RELÓGIO PARADO, O PAPAI NOEL TALVEZ NEM SOUBESSE QUANDO CHEGAR!
UMA VISITA INESPERADA
ENQUANTO OS ADULTOS DISCUTIAM O QUE FAZER, UMA MENINA CHAMADA CLARA, DE CABELOS CACHEADOS E OLHOS CURIOSOS, DECIDIU INVESTIGAR POR CONTA PRÓPRIA. CLARA TINHA UM ESPÍRITO AVENTUREIRO E ADORAVA CONSERTAR COISAS, MESMO QUE FOSSEM BRINQUEDOS QUEBRADOS.
ELA SUBIU OS DEGRAUS DA TORRE DO RELÓGIO, SEGURANDO UMA LANTERNA. LÁ EM CIMA, ENCONTROU UM SENHOR MUITO IDOSO COM UM AVENTAL COBERTO DE POEIRA DOURADA. ELE ERA O GUARDIÃO DO RELÓGIO, UMA FIGURA QUASE ESQUECIDA, MAS ESSENCIAL PARA O FUNCIONAMENTO DAQUELA MAGIA.
“O QUE ACONTECEU COM O RELÓGIO, SENHOR?” PERGUNTOU CLARA, DETERMINADA.
O VELHO SUSPIROU PROFUNDAMENTE. “AH, MINHA QUERIDA, O RELÓGIO PAROU PORQUE PERDEU A ENERGIA MÁGICA. TODO ANO, ELE PRECISA DE UM PEQUENO ATO DE BONDADE PARA FUNCIONAR. ESTE ANO, NINGUÉM SE LEMBROU DISSO, E AGORA ESTAMOS SEM TEMPO... LITERALMENTE.”
CLARA FRANZIU A TESTA, PENSANDO. “UM ATO DE BONDADE? ISSO É FÁCIL! EU POSSO AJUDAR!”
O GUARDIÃO SORRIU. “NÃO BASTA UM GESTO SIMPLES, MINHA MENINA. PRECISA SER ALGO ESPECIAL, VINDO DO CORAÇÃO, QUE FAÇA OS OUTROS SENTIREM A MAGIA DO NATAL.”
UM PLANO BRILHANTE
CLARA DESCEU APRESSADA DA TORRE. SABIA EXATAMENTE O QUE FAZER. ELA REUNIU AS CRIANÇAS DA VILA E CONTOU O QUE HAVIA DESCOBERTO. JUNTAS, DECIDIRAM ESPALHAR A BONDADE PELA CIDADE NAQUELA NOITE.
AS CRIANÇAS AJUDARAM OS MAIS VELHOS A DECORAR AS CASAS, DIVIDIRAM BISCOITOS E CHOCOLATE QUENTE COM QUEM NÃO TINHA, E CANTARAM MÚSICAS PARA OS QUE ESTAVAM SOZINHOS. CLARA, EM PARTICULAR, ENCONTROU UM MENINO CHAMADO MIGUEL, QUE SEMPRE FICAVA ISOLADO. ELA O CONVIDOU PARA CANTAR COM ELES, E PELA PRIMEIRA VEZ, MIGUEL SORRIU E SENTIU-SE ACOLHIDO.
QUANDO O ÚLTIMO SINO DA IGREJA TOCOU, ALGO MÁGICO ACONTECEU: UMA LUZ DOURADA COMEÇOU A EMANAR DA TORRE DO RELÓGIO. CLARA CORREU PARA LÁ E VIU QUE OS PONTEIROS ESTAVAM SE MOVENDO NOVAMENTE. À MEIA-NOITE EM PONTO, O RELÓGIO BADALOU DOZE VEZES, ENCHENDO O CÉU DE ESTRELAS BRILHANTES.
O MILAGRE DO NATAL
O PAPAI NOEL CHEGOU PONTUALMENTE, DISTRIBUINDO PRESENTES E ESPALHANDO ALEGRIA. ELE FEZ QUESTÃO DE ABRAÇAR CLARA E DIZER: “VOCÊ SALVOU O NATAL, PEQUENA! OBRIGADO POR NOS LEMBRAR DO VERDADEIRO ESPÍRITO DESTA NOITE.”
A PARTIR DAQUELE DIA, A VILA CRIOU UMA TRADIÇÃO: TODOS OS ANOS, NA VÉSPERA DE NATAL, TODOS PRATICAVAM PEQUENOS ATOS DE BONDADE PARA RECARREGAR A MAGIA DO RELÓGIO. E CLARA? BEM, ELA SE TORNOU A GUARDIÃ DA BONDADE, SEMPRE LEMBRANDO A TODOS QUE O TEMPO SÓ FUNCIONA QUANDO O CORAÇÃO ESTÁ CHEIO DE AMOR.
E ASSIM, O RELÓGIO NUNCA MAIS PAROU.