ERA VÉSPERA DE NATAL NA PEQUENA CIDADE DE VALE ENCANTADO. AS RUAS, NORMALMENTE CALMAS, ESTAVAM ENFEITADAS COM LUZES CINTILANTES, GUIRLANDAS COLORIDAS E LAÇOS VERMELHOS. MAS O CORAÇÃO DA CIDADE PULSAVA MESMO ERA NA PRAÇA CENTRAL, ONDE SE ERGUIA UMA ANTIGA E CHARMOSA IGREJA DE PEDRA. NO ALTO DE SUA TORRE, OS SINOS DE NATAL AGUARDAVAM O MOMENTO ESPECIAL PARA ANUNCIAR A CHEGADA DO SALVADOR.

TRÊS MENINOS, AMIGOS INSEPARÁVEIS, CAMINHAVAM PELA PRAÇA ILUMINADA. JOÃO, PEDRO E LUCAS TINHAM DEZ ANOS E, EMBORA FOSSEM DIFERENTES ENTRE SI, COMPARTILHAVAM ALGO EM COMUM: O AMOR PELO NATAL E PELA MAGIA QUE A DATA TRAZIA. DESDE PEQUENOS, ELES OUVIAM SUAS FAMÍLIAS CONTAR A LENDA DOS SINOS DA IGREJA.

"QUANDO OS SINOS TOCAM À MEIA-NOITE, O MUNDO SE ENCHE DE PAZ, E O ESPÍRITO DO NATAL RENASCE EM CADA CORAÇÃO," DIZIA O AVÔ DE JOÃO, COM OLHOS BRILHANTES.

MAS HAVIA ALGO ESPECIAL NAQUELA LENDA QUE POUCOS SABIAM: SEGUNDO OS ANTIGOS, SÓ CRIANÇAS COM CORAÇÕES PUROS PODIAM TOCAR OS SINOS E DESPERTAR SUA MAGIA VERDADEIRA.

A NOITE DE NATAL

NAQUELA VÉSPERA, A NEVE CAÍA SUAVE, COBRINDO O VALE COM UM MANTO BRANCO. JOÃO, PEDRO E LUCAS ESTAVAM REUNIDOS NA CASA DE JOÃO, AQUECIDOS PELO FOGO DA LAREIRA. LÁ FORA, A CIDADE SE PREPARAVA PARA A MISSA DO GALO. AS FAMÍLIAS CAMINHAVAM PARA A IGREJA, CARREGANDO VELAS E CANTANDO MÚSICAS NATALINAS.

— VAMOS ATÉ A IGREJA ESTA NOITE? — SUGERIU LUCAS, COM UM BRILHO NO OLHAR. — E SE NÓS TOCARMOS OS SINOS?

PEDRO ARREGALOU OS OLHOS.
— VOCÊ ACHA QUE PODEMOS? OS SINOS NUNCA FORAM TOCADOS POR CRIANÇAS!

JOÃO SORRIU CONFIANTE.
— VAMOS TENTAR! É NATAL! QUEM SABE A MAGIA DOS SINOS ESTEJA ESPERANDO POR NÓS?

E ASSIM, OS TRÊS AMIGOS SAÍRAM CORRENDO, DEIXANDO PEGADAS NA NEVE FRESCA.

A TORRE DOS SINOS

AO CHEGAREM À IGREJA, A PRAÇA ESTAVA CHEIA DE ALEGRIA. O CORAL CANTAVA, E AS VELAS ILUMINAVAM O PRESÉPIO NA ENTRADA. OS MENINOS ENTRARAM PELA PORTA LATERAL E SUBIRAM SILENCIOSAMENTE A ESCADA EM ESPIRAL QUE LEVAVA À TORRE DOS SINOS.

QUANDO CHEGARAM AO TOPO, FICARAM MARAVILHADOS. OS GRANDES SINOS, FEITOS DE BRONZE, BRILHAVAM SOB A LUZ DA LUA QUE ENTRAVA PELA JANELA DA TORRE.

— É AGORA! — DISSE JOÃO, SEGURANDO A CORDA DE UM DOS SINOS. — PRECISAMOS TOCAR TODOS AO MESMO TEMPO.

CADA UM DELES SEGUROU UMA CORDA. SEUS CORAÇÕES BATIAM RÁPIDO, CHEIOS DE EXPECTATIVA E ESPERANÇA.

— NO TRÊS! — DISSE PEDRO. — UM... DOIS... TRÊS!

O MILAGRE

OS SINOS COMEÇARAM A SOAR. PRIMEIRO, UM SOM SUAVE, DEPOIS UMA MELODIA CLARA E VIBRANTE QUE ECOOU POR TODA A CIDADE. AS PESSOAS NA PRAÇA PARARAM PARA OUVIR. ERA COMO SE CADA NOTA CARREGASSE UMA MENSAGEM DE AMOR, ESPERANÇA E PAZ.

DE REPENTE, ALGO MÁGICO ACONTECEU. A LUZ DAS ESTRELAS PARECEU FICAR MAIS FORTE, ILUMINANDO O CÉU. UM VENTO SUAVE SOPROU PELA CIDADE, ENCHENDO OS CORAÇÕES DE TODOS COM UMA ALEGRIA INEXPLICÁVEL.

DENTRO DA IGREJA, AS PESSOAS SENTIRAM UMA PAZ TÃO PROFUNDA QUE MUITOS ACREDITARAM TER TESTEMUNHADO UM MILAGRE.

LÁ DO ALTO DA TORRE, OS MENINOS SORRIRAM, MARAVILHADOS COM A BELEZA DO SOM. NÃO ERA APENAS O SOM DOS SINOS — ERA COMO SE O PRÓPRIO ESPÍRITO DO NATAL ESTIVESSE ALI, COM ELES.

— CONSEGUIMOS! — EXCLAMOU LUCAS. — A MAGIA DOS SINOS É REAL!

JOÃO OLHOU PARA OS AMIGOS COM GRATIDÃO.
— E TUDO ISSO ACONTECEU PORQUE ACREDITAMOS. PORQUE O NATAL É ISSO: ACREDITAR NA MAGIA DO AMOR, DA AMIZADE E DA ESPERANÇA.

O NATAL DE VALE ENCANTADO

NAQUELA NOITE, OS SINOS CONTINUARAM A SOAR ATÉ QUE O RELÓGIO MARCOU MEIA-NOITE. E, NAQUELE EXATO INSTANTE, O CÉU SE ENCHEU DE ESTRELAS CADENTES, COMO UM PRESENTE ESPECIAL PARA VALE ENCANTADO.

OS TRÊS MENINOS DESCERAM DA TORRE E VOLTARAM PARA A PRAÇA, ONDE FORAM RECEBIDOS COM ABRAÇOS E SORRISOS. NINGUÉM SABIA COMO OS SINOS HAVIAM SIDO TOCADOS, MAS TODOS SENTIRAM QUE AQUELE NATAL SERIA INESQUECÍVEL.

E FOI MESMO. PORQUE, DESDE ENTÃO, EM TODAS AS VÉSPERAS DE NATAL, OS SINOS DA IGREJA DE VALE ENCANTADO TOCAM À MEIA-NOITE, ESPALHANDO A MESMA MAGIA, LEMBRANDO A TODOS QUE O VERDADEIRO ESPÍRITO DO NATAL VIVE NO CORAÇÃO DE QUEM ACREDITA.