ERA UMA VEZ, NO CORAÇÃO DA EXUBERANTE FLORESTA AMAZÔNICA, UM LUGAR MÁGICO ONDE OS DEFENSORES DA SELVA BRASILIRA VIVIAM EM HARMONIA COM A NATUREZA. A SELVA ERA SEU LAR, SEU SUSTENTO, E SUA MAIOR INSPIRAÇÃO. MAS ALGO ESTAVA MUDANDO. O SOM DAS ÁRVORES SENDO DERRUBADAS E A FUMAÇA CINZENTA NO HORIZONTE AMEAÇAVAM SUA PAZ. ELES SABIAM QUE PRECISAVAM SE UNIR PARA PROTEGER SUA CASA.
CERTA MANHÃ, CURUPIRA, O GUARDIÃO DAS FLORESTAS COM OS PÉS VIRADOS PARA TRÁS, SENTIU O CHÃO VIBRAR DE FORMA ESTRANHA. ELE CORREU ATÉ O RIO, ONDE ENCONTROU A SEREIA IARA, QUE TINHA OS CABELOS LONGOS COMO UM RIO DOURADO AO PÔR DO SOL.
— CURUPIRA, OUVI GRITOS DE MACACOS E O BATER DE ASAS APRESSADO DAS ARARAS. O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — PERGUNTOU IARA, PREOCUPADA.
— ESTÃO CORTANDO AS ÁRVORES! — RESPONDEU CURUPIRA, FRANZINDO A TESTA. — PRECISAMOS DE AJUDA!
ELES DECIDIRAM CONVOCAR OS AMIGOS PARA UMA REUNIÃO URGENTE. CHAMARAM SACI-PERERÊ, QUE VEIO SALTITANDO EM SEU REDEMOINHO, SEGURANDO SEU INSEPARÁVEL CACHIMBO. BOITATÁ, A COBRA DE FOGO, DESLIZOU PARA FORA DE SUA CAVERNA, ILUMINANDO O CAMINHO COM SUA LUZ ARDENTE. CAIPORA, MONTADA EM UM PORCO-DO-MATO, CHEGOU BUFANDO, PRONTA PARA A LUTA. ATÉ O GIGANTE MAPINGUARI, COM SEU ÚNICO OLHO BRILHANTE E CHEIRO PECULIAR, APARECEU, RUGINDO ALTO PARA MOSTRAR SUA FORÇA.
DURANTE A REUNIÃO, DECIDIRAM QUE PRECISAVAM DE UM PLANO.
— EU POSSO CONFUNDIR OS LENHADORES COM MINHAS PEGADAS! — DISSE CURUPIRA, COM UM SORRISO MAROTO.
— E EU VOU CANTAR PARA ENCANTÁ-LOS E FAZÊ-LOS ESQUECER PORQUE ESTÃO AQUI! — SUGERIU IARA, GIRANDO SEUS CABELOS BRILHANTES.
— MINHA FUMAÇA E REDEMOINHOS VÃO ASSUSTAR QUALQUER UM! — PROMETEU SACI, SOLTANDO UMA GARGALHADA.
BOITATÁ DECIDIU PATRULHAR À NOITE, USANDO SUA LUZ PARA PROTEGER OS ANIMAIS, ENQUANTO MAPINGUARI VIGIARIA AS ÁREAS MAIS AMEAÇADAS, CONTANDO COM SUA FORÇA E TAMANHO PARA INTIMIDAR OS INVASORES.
A GRANDE AVENTURA
NAQUELA NOITE, O PLANO COMEÇOU. CURUPIRA CORREU PELA MATA, DEIXANDO PEGADAS FALSAS PARA DESPISTAR OS LENHADORES. ELES SE PERDIAM, ANDANDO EM CÍRCULOS SEM ENTENDER O QUE ESTAVA ACONTECENDO. ENQUANTO ISSO, SACI FAZIA REDEMOINHOS QUE APAGAVAM SUAS FOGUEIRAS, DEIXANDO-OS NO ESCURO.
QUANDO UM GRUPO TENTOU SE APROXIMAR DO RIO, FOI RECEBIDO PELO CANTO HIPNÓTICO DE IARA. ELES PARARAM, COMO QUE ENFEITIÇADOS, E LOGO DESISTIRAM DE CONTINUAR. BOITATÁ, COM SUA LUZ FLAMEJANTE, ILUMINOU OS CAMINHOS, GUIANDO ANIMAIS ASSUSTADOS PARA LOCAIS SEGUROS.
MAS O MAIOR DESAFIO VEIO COM A CHEGADA DE MÁQUINAS ENORMES. MAPINGUARI, COM SUA FORÇA DESCOMUNAL, DERRUBOU TRONCOS E CRIOU UMA BARREIRA NATURAL PARA IMPEDIR O AVANÇO. OS LENHADORES, ASSUSTADOS COM OS RUGIDOS ECOANDO PELA FLORESTA, FUGIRAM APAVORADOS.
A VITÓRIA DA SELVA
QUANDO O SOL NASCEU, A FLORESTA ESTAVA EM SILÊNCIO NOVAMENTE. O PERIGO HAVIA PASSADO, PELO MENOS POR ENQUANTO. OS AMIGOS SE REUNIRAM NO CENTRO DA FLORESTA, COMEMORANDO SUA VITÓRIA.
— CONSEGUIMOS! — GRITOU CAIPORA, ENQUANTO ACARICIAVA SEU PORCO-DO-MATO.
— MAS A LUTA NÃO ACABOU — DISSE CURUPIRA. — PRECISAMOS PROTEGER A FLORESTA TODOS OS DIAS, COMO SEMPRE FIZEMOS.
OS AMIGOS CONCORDARAM. ELES SABIAM QUE, UNIDOS, PODERIAM ENFRENTAR QUALQUER DESAFIO. A SELVA ERA MAIS DO QUE UM LUGAR; ERA SUA VIDA, E ELES ESTAVAM DISPOSTOS A FAZER DE TUDO PARA PRESERVÁ-LA.
E ASSIM, OS GUARDIÕES DA FLORESTA CONTINUARAM SUA MISSÃO, MOSTRANDO QUE A UNIÃO E O AMOR PELA NATUREZA SÃO AS MAIORES FORÇAS QUE EXISTEM.