PRESENTE DE NATAL

Era início de dezembro, muitas casas da cidade já estavam adornadas com suas decorações de Natal, lembrando que a época mais linda do ano já estava presente entre nós.

Vitória, uma meiga garotinha de 9 anos, já estava preparada para sair caminhar com seu avô, em busca de um charmoso pinheirinho, que iriam encontrar pelas ruas do bairro e decorá-lo lindamente para o Natal.

Desciam as ruas empolgados, olhando por todos lados, já imaginando como seria montada a árvore de natal. Até que finalmente encontraram o pinheirinho perfeito, não muito grande, também não muito pequeno. Então, o avô cortou habilmente o galho do pinheiro com seu serrote, levando-o apoiado em seus ombros.

Ainda no caminho para a casa, eles pegaram um pouco de terra, já que depois colocariam dentro de uma lata que seguraria o pinheiro em pé. Essa lata era de tinta, porém foi toda encapada com papel de presente para receber o pinheirinho.

Tudo pronto! O pinheiro estava lindo e apoiado na lata. Agora avô e a neta começariam a decorar a árvore, com bolas de vidro coloridas, cartões de Natal, “neve” feita de algodão, presentinhos feitos com caixas de remédios, encapados com papel de presente e, por fim, colocariam o pisca pisca.

Era tudo muito simples, artesal, sem luxo algum, porém a magia estava justamente no simples, em pensar juntos como decorar, qual enfeite colocar, qual lugar acomodar a árvore de Natal e depois de tudo feito, aguardar a chegada do Papai Noel.

Vitória teve uma infância muito feliz, muito lúdica, na companhia de seu avós, especialmente seu avô, que brincava com ela, incentivando-a a usar a imaginação e participando de tudo, pois também tinha um espírito de criança, por isso se conectavam tão bem, eram os melhores amigos um do outro.

E foram muitos e muitos Natais felizes e mágicos.

Vitória cresceu e descobriu, porque sua prima lhe contou, que o Papai Noel não existia e mais, ele era seu avô! Mas ela não quis acreditar, em seu coração o Papai Noel sempre existiria, mesmo quando já fosse uma adulta e, no dia de Natal desse mesmo ano, prometeu que nunca deixaria o Natal morrer!

O tempo passou e, em outro mês de dezembro, Vitória já mais velha, teve um lindo sonho, que encontrava com um cachorro branquinho, de pequeno porte, muito animado e carinhoso, que pulava em seu colo e lhe dava “lambeijos”.

Um sonho tão lindo como esse, ela precisava compartilhar com seu avô e melhor amigo, foi o que fez. Seu avô ficou tão feliz e disse para ela pedir para o Papai Noel um amigo canino. Ela realmente pediu, mas acreditando ser apenas uma brincadeira entre eles.

Nessa altura da vida, seu amado avô já estava bem velhinho e sabia que a hora de sua partida se aproximava, sua maior preocupação era como sua neta Vitória ficaria, pois ele sabia com todo seu coração que ela o amava e seria um baque muito grande. Mas, entendia também, que seu tempo estava chegando, havia tido uma vida longa e boa, com família, amigos, animais de estimação e principalmente, tinha sua melhor amiga, sua neta Vitória.

Foi muito difícil para os dois a despedida... O avô, para tentar amenizar a dor da neta, pediu que lhe dessem um cachorrinho após seu falecimento e uma carta com muito amor, pedindo para que ela tivesse uma vida maravilhosa, cheia de amor e felicidades.

Vitória passou pelo luto, mas não sozinha, pois o cachorrinho que seu avô tinha deixado de presente lhe fez companhia. Ela o chamou de Niquinho.

Os Natais que vieram foram muito difíceis nos primeiros anos, pois a saudade apertava demais, mas a lembrança dos momentos felizes que viveram juntos, por tantos e tantos anos, não deveria ser motivo de tristeza e sim de alegria e celebração!

E foi assim que Vitória começou a dar novo significado ao Natal, sabia que dezembro era uma época de alegria, recordação, felicidade, amizade, fraternidade, generosidade. Sabia que de certa forma seu avô estava presente. Sabia intuitivamente que ele estava ali, na sua casa, no seu coração, na sua vida, sempre torcendo e olhando por ela! Afinal de contas, os verdadeiros laços de amor não se apagam nem com o tempo, nem com a morte. Assim, em todos os Natais que seguiram até o fim da vida terrena de Vitória, o avô teria a permissão para visitá-la, em sonhos, e esse era, sem dúvida, o melhor presente de Natal que se poderia imaginar!

Feliz Natal!